Ernesto Cherquis Bialo fala de Maradona, Di Stéfano e Pelé

PRAVDA: Quando deu início seu roteiro como jornalista esportivo?

CHERQUIS: Como jornalista amador foi de 1961 até 1962. Lembro ter acompanhado a campanha do clube Lanús. Logo comecei andar acima dos trilhos do profissionalismo conseguindo uma vaga no Jornal Clarín (www.clarin.com) em 1962. Sendo aluno da Escola do Círculo de Jornalistas Esportivos naquela primeira turma que houve. Pediram os CV dos alunos que eram projetos de jornalistas, e trabalhei no Jornal Clarín um ano, logo do Clarín fui para «Notícias Gráficas» que foi um tablóide com tiragem de 400 mil exemplares, concorrente do Jornal La Razón (A Ração) com 650 mil exemplares e Crónica que estava querendo entrar no mercado com 420 mil exemplares, ou seja, os jornais da tarde na cidade de Buenos Aires distribuíam acima de um 1.400.000 exemplares, mostrando que uma grande porção dos leitores matavam sua sede de informação á tarde, sendo que o turno da manhã não atingia nem sequer a metade.

Bem mais para frente, deixei «Notícias Gráficas» pelo «Clarín» (veja o que foi, é e vai continuar sendo Clarín) pois neste jornal eu montei matérias nem só de futebol, senão do segmento esportivo em geral. Em Notícias Gráficas, Mauro Galli – Chefe de Esportes me confirmou que ia fazer futebol mas logo comecei com moto-náutica, pólo, ciclismo, equitação. Premutei «Clarín» por «Notícias Gráficas» até que o Mauro aposentou e continuei mexendo com Esportes em geral. Mas saiba que os meus esportes preferidos são futebol e boxe e nessa época houve uma revista «Mundo Esportivo» que «morreu» cedinho e em março de 1963, o Gráfico tomou avaliação a uma turma de jornalistas de Círculos de Jornalistas Esportivos da segunda geração e ficamos o Héctor Vega Onesime e eu, continuando logo no decorrer de três decênios. No meu caso entrei como colunista, redator, pro-secretário, secretário, redator chefe, chefe de redação, sub-diretor, diretor, diretor editorial, gerente de Telefe que era a mesma empresa. Acho que foi uma carreira maravilhosa,

Minha carreira foi bem mais importante que tudo quanto a gente sabia deste negócio.

Superior aos meus conhecimentos, cultura...e como filho de imigrantes fico feliz pela carreira. Meu pai foi boxeador, porém desde criança o pai me levava sempre aos ringues de boxe Para progredir no Gráfico, no segmento Futebol precisava-se de um decênio. Tinha como referências jornalistas extremamente conhecidos como o Ardizone, Juvenal, Héctor Vega Onesime, José Maria Otero, e para fim de março de 1963, ocorreram os Jogos Panamericanos de São Paulo - Brasil, e o jornalista que seguia de lado o boxe, o Piriz García foi o correspondente e ficou uma vaga para jornalista no Luna Park aos sábados...apenas com um mês no Gráfico, me ofereceram os comentários de boxe e a partir dessa data continuei até o dia da minha saída desse meio.

P: Falando deste esporte que apaixona o Cherquis? Os ídolos?

CH: Quanto a ídolos, Nicolino Locce, sem dúvida....o melhor Campeão do Mundo argentino foi Carlos Monzón pois mais um que poderia ter concorrido com ele, Pascual Pérez, o físico dele tinha 49 kg e não dava para colocá-lo no pódio dos heróis do boxe argentino.

Quanto ao «Ringo» Bonavena, um cara estranho, que exprimia admiração, um paradigma da nova cultura que nasceu desde Buenos Aires para a Argentina toda. Ele copiou alguns jeitos de agir dos gringos que foi conhecendo lá e os fez estourar nos meios de um jeito ímpar nesse ambiente do decênio de 1960, com apenas três redes de tevê (sem cabo), e com grande força das rádioemissoras e jornais...hoje o Ringo seria um destaque incrível...alcançando alvos que não tivesse imaginado, ele poderia ter atingido.

Ele manobrava seu próprio MKT. Ele «inventou» a luta com Cassius Clay, com o Goyo Peralta em Buenos Aires que lotou o Luna Park...chutando cobras e lagartos dos rivais que fez com que esse tal MKT fosse perfeito...Foi ele que começou «ameaçar» os colegas tendo como plataforma a imprensa que refletia tudo quanto ele diz. Nessa época era incrível ouvir esses comentários...aqueles que não acreditavam nisso e o resto que admiraram-no...mas os «membros» das duas escolhas, pagavam o ingresso e lotavam o palco no qual ia se apresentar o Ringo.

«Ringo» quer dizer...o início da Revista Gente, tudo quanto é banal, uma classe de «requintado falso» que moravam dentro de uma gaiola até esse instante. Logo esses caras pela gestão do «Ringo» começaram misturar-se com o «jet set» da Argentina pois temos que levar em consideração que ele foi um produto da classe média argentina.

Logo foi a hora daquela lenda do boxe argentino...o José María Gatica. Ele carimbou frases celebérrimas como ter cumprimentado o Gl. Juan Domingo Perón, apertando a mão dele e falando assim: Seu Perón, bonitão quanto você é e com minha grana...puxa de time que montaríamos, não é?

P: Diego é Deus para os argentinos, não é? Foi essa a razão pela qual foi convocado pela Igreja da AFA?

CH: Juro que não sei a razão pela qual o Diego foi escolhido como treinador argentino mas percebia-se...ia acontecer. A renúncia do Alfio Basile precipitou o planejamento que a AFA quase com certeza ia dar início em 2010. Nos Jogos Olímpicos Beijing 2008, nos bate-papos do Grondona com o Diego, acho que o Presidente terá dito que no futuro ele ia ser o treinador da seleção.Fica claro que levando em consideração que isso ia acontecer na hora que o processo do treinador que estivesse trabalhando acabasse com o encerramento de uma Taça do Mundo. Tudo aconteceu antes daquilo que tinha sido planejado e não houve fazer mudanças a fazer senão ocupar o cargo que o Basile deixou e o Diego postulou-se sempre, tendo um «approach» importante como parte da diretoria da AFA. Então em Beijing 2008, conversas fiadas lá assistindo aos jogos do lado do Grondona, nem sei, estava faltando o quê? Nada...no mínimo muito pouco para que o Diego chegasse vestir a camisa de treinador.

Tínhamos um assunto a resolver agora...falta de experiência...o que a AFA faz então...colocou o Carlos Salvador Bilardo do lado do Diego. Bilardo é padrinho de uma filha de um filho de Grondona, esse relacionamento nunca ficou quebrado e agora temos tudo. Trazemos o Bilardo. Bilardo o esqueleto de Maradona, mistura enxuta. Quanto á imprensa, Diego resolveu sempre esses assuntos pois ele bancou da Espanha, de Barcelona, da Itália, no Norte jogando no Sul, argentina e do mundo inteiro jogando na Inglaterra. Para Maradona ficar na linha de batalha perante á imprensa é assunto resolvido.

P: Maradona foi o número UM dos jogadores de futebol da história?

CH: O número um como jogador, Maradona, fora de qualquer comentário.. Logo o Alfredo Di Stéfano, sempre falando em argentinos. Jogando fora do assunto o Maradona, Pelé, sem dúvidas e não concordo com o Diego que o melhor foi o Roberto Rivelino...comentários maradonianos...ele sabe porque fala desse jeito assim.

Não sei de futebol quanto o Maradona...a minha visão sem dúvida é diferente a do Diego, Bianchi, Basile, Ferguson, eles percebem uma coisa diferente que nós não percebemos pois sabem mesmo deste negócio chamado futebol. A opinião deles tem sempre bem mais valia que a nossa. Mas como amante de futebol, jornalista, Maradona, Di Stéfano e Pelé logo.

P: É simples na Argentina sendo jornalista confirmar que é torcedor do time «X»? O Cherquis torce pelo...?

CH: San Lorenzo (o CASLA – Club Atlético San Lorenzo de Almagro). Participei das comemorações do primeiro século de vida dos «Santos». Na Argentina moramos brigando com o resto, se por acaso for torcedor de um outro time, diferente ao meu, nasce essa coisa fascista, e nem sequer vamos brigar, vamos tentar matar o cara que fica na outra beira. Aí dão início às músicas famosas adaptadas pelas «arquibancadas» sempre desafiantes. Nós vamos você matar, vamos você matar....Você não existe, urubu (apelido dos torcedores do CASLA) você não existe...Negócios da ditadura que ficaram envolvidas com a cultura futebolística. O assunto é assim e temos que aceitá-lo deste jeito.

P: É urubu de Almagro, não é?

CH: Sou sim, desde o berço...(o Cherquis começa cantar como se estiver na arquibancada mas com jeito sossegado mais uma vez)...o San Lorenzo a cada dia eu amo mais...desde o antigo estádio com arquibancadas de madeira, o melhor estádio de Buenos Aires.

P: Como torcedor do CASLA...o que é o famoso da tevê argentina dos últimos dois decênios Marcelo Tinelli para este progredir constante do clube...ele fala que não tem nada a ver com o clube mas está sempre de perto. Mais ainda, o que poderia fazer Tinelli com o CASLA no futuro pois tem muito para lhe oferecer.

CH: Tinelli é a pessoa que foi de meu lado para Telefe (www.telefe.com) sendo eu Gerente de Esportes, ele trabalhava como jornalista esportivo na Rádio Rivadavia, com uma pequena agência montada, estivemos na China em 1988 numa Taça do Mundo Juvenil (nada tinha a ver com a China atual desta Beijing 2008)...estavamos numa cidade chamada Teijing, 240 km de Beijing e a noite com Marcelo foram diferentes, sempre dando risadas, o poder de comunicação incrível que só ele tinha e na hora que compramos o canal Telefe, eu acabei com cargo de Gerente Esportivo e levei ele comigo e «tivemos a sorte» que aquele que tinha sido escolhido Gustavo Lutteran, desistiu 48 horas antes e levamos o Marcelo. Tinelli. Tudo quanto você percebe e assim!! Ele pode atingir quanto alvo consiga imaginar.

P: Ia concretizar uma gestão melhor dessa que concretizou o Mauricio Macri com o Boca Juniors?

CH: Quanto às gestões, acredito que poderia ser bem melhor dessa que fez o Macri pois ele conhece o pessoal humilde, a torcida, ele é torcedor da arquibancada humilde e nasceu num bairro conhecido como Bolívar que o ajuda constantemente. Se da bem com esse pessoal, as quadras, as gritarias. Macri tem um «catálogo» para funcionar, encontrou o Bianchi que resolveu alguns assuntos e Macri começou funcionar de jeito ótimo com o Bilardo.

P: Quanto as Classificatórias sul-americanas rumo a África do Sul 2010, alguém garantiu a vaga?

CH: Acho que o Paraguai está classificado, carimbado!!! Temos que imaginar «duas tabelas», com faixas mais próximas...os primeiros três, e um outro de olho na quarta vaga e quem perde fica na repescagem. Os pontos ganhos pelo Chile, são pontos que antes não ficavam no bolso deles e os pontos ganhos pelo Paraguai são bem mais do que aqueles que eles conseguiam mesmo alcançando o objetivo da classificação. Na pior hipótese, com 26 pontos as seleções teriam que garantir sua vaga por isso todos tem que conquistar os pontos jogados em casa. Paraguai foi o único que «padronizou» essa tese mas não é o caso da Argentina e o Brasil. Argentina conquistou até agora 16 pontos e tem que conquistar 12 pontos em casa perante Peru, Venezuela, Colômbia e Brasil. Deixando fora da conversa o Brasil é provável que Argentina consiga no mínimo 9 pontos. Mais aqueles 16 da poupança poderíamos dizer que Argentina também garantiu sua vaga. O Presidente da AFA confirmou que o Basile tinha ido embora mas deixando a seleção na África do Sul 2010.

Quanto ao Uruguai, no meu ver está bem melhor posicionado que nas outras classificatórias além da dificuldade dos jogos que vai jogar em casa perante os grandalhões do continente. Poderia perder sua vaga pelos pontos já perdidos perante os rivais «mais simples».

P: Não teríamos que fazer mudanças no sistema classificatório? Paraguai poderia classificar daqui a dois jogos...

CH: Tudo bem, mas não é normal que uma seleç1bo esteja classificada tendo andado apenas 11 dos 18 jogos. Temos quatro vagas e média e se por acaso os dois primeiros desta tabela fugem do alcance do resto, melhor ainda....o pontos a serem distribuídos são menos. A lógica é que Argentina e Brasil fiquem classificados, hoje temos que torcer para que o Paraguai continue ganhando pontos. Isto não é Amterdã, nem Colombes, temos que classificar e acabou....não concorremos pelo caneco.

Temos que fazer mudanças mas quem sabe como...Argentina vai jogar o 28 de Março em Buenos Aires perante a «vinho-tinto» e o 29 de março decola rumo a La Paz na Bolívia (3600 metros)...difícil, né? Mas está difícil encontrar a solução, os jogadores não conseguem viajar com muita antecedência. Temos que classificar fazendo uma boa escolha dos jogadores pois infelizmente o treinador não vai tê-los para trabalhar. Fazendo uma escolha correta dos jogadores, a seleção acaba garantindo essa vaga que tanto anseia.

No único instante que as seleções poderiam trabalhar de um jeito «sério» e nessa faixa de tempo que vá desde o dia que garantiram suas vagas até o início da Taça do Mundo...vai ser a única chance.

P: A quinta vaga é mais simples de conquistar perante as seleções da CONCACAF que Oceania?

CH: Sem dúvida, é bem mais simples....nem só pelo rival senão pela distância a viajar. Tenho certeza que América do Sul tem ganho com esta mudança, sem avaliar o tamanho do rival, pois a viagem leva menos horas e ganha-se um dia de descanso...e mesmo jogando em palcos mais difíceis que na Austrália, para os centro-americanos também vai ser bem mais difícil resistir a paixão da torcida sul-americana. Para os australianos receber um insulto, tanto faz...eles não tem esse convívio incrível que os sul-americanos temos. Eles não montam uma novela dramática deste negócio do futebol. Austrália admite a derrota no primeiro mundo do futebol...para nós é uma vergonha não participar de uma Taça do Mundo. Perder com o Brasil é possível mas com a Venezuela...

P: Regredindo mais uma vez para o passado distante...você assistiu tudo...

CH: Assisti aos jogos do Alfredo Di Stéfano, com o uruguaio, José Emilio Santamaría e o «Pepe» Schiaffino. Quanto ao «Pepe», jogador inteligente, fino, incrível, leitura do jogo, das situações e percebo várias semelhanças com o Enzo Francescoli. Ele não reclamava nunca, agüentava tudo, recebia os travas dos rivais e nunca acabou pedindo um cartão vermelho para o rival. Nunca jogou uma lágrima no gramado. Continuamos? Das primeiras Taças Libertadores, houve grandes times, grandes confrontos, Nacional de Montevidéu e Racing da AFA, grande times surgiram das grandes batalhas, Peñarol e Boca, Nacional e Estudiantes da Plata. Foram guerras mesmo...o negócio era até «a morte». Mas houve grandes jogadores que da para se lembrar. No Argentinos Juniors 1985, River Plate 1986, com Claudio Paul Cannigia na reserva, jogava o Antonio Alzamendi, o «Tano» Gutiérrez, Beto Alonso, um grande time...o Independiente 1984, Claudio Marangoni, Ricardo Bochini, Carlos Mario Goyen como guardião, O Estudiantes da Prata, o «legítimo», aquele do pai do Sebastián Verón, nesse time jogava o «Bocha» Flores, Bilardo, Madero, Aguirre Suarez e jogava muito bem....

Na Final Intercontinental no Estádio Chamartín , eu estava lá assistindo no Palco da Imprensa ao jogo Peñarol 2 x Real Madrid 0 em outubro de 1966 e consigo me lembrar agora uma frase do Nestor «Tito» Gonçalves (camisa 5 do Peñarol de 1957 até 1970), que acho intitulei uma matéria na Revista esportiva «O Gráfico». «Foi tão simples que não consegui ficar eufórico». Dos uruguaios famosos naquela data, o narrador Heber Pinto, um correspondente Marcelino Pérez o comentarista Jorgito Da Silveira. Fuimos juntos com eles até o vestiários.

P: Sendo moleque ainda, fiquei com pena que o Diego com 17 anos tivesse ficado fora daquela turma da Argentina Campeã 1978, acha que ele vai deixar fora desta seleção um craque novinho quanto foi ele faz 30 anos?

CH. Acho que o Maradona, vai colocar em campo aquilo que ele experimentou e com certeza que se houvesse um cara de 17 vai ter mais chance que um outro com maior experiência tentando que não aconteça aquilo que ele sofreu.

P: O Juan Ramón Carrasco na fase de jogador ficava com a bola do lado da chuteira os 90 minutos e agora como treinador pede para os seus jogadores «compartilhar» a bola...será que o Diego também muda de cabeça?

Ainda não sabemos pois quase não deu início o processo Maradona...o desenho no campo ainda não se conhece. Acho que ele está mais perto de montar um esquema arriscado que sem riscos. Ele teve extrema liberdade com a camisa dez e o resto não....porém alguém vai ter que ter aquela liberdade que ele tinha antes, o Messi, talvez, o resto não....mas quem sabe como ele monta o plano. Qual vai ser a influência tática do Bilardo...

P: O Sergio «Kun» Agüero vai ter mais pressão por ser o genro do Diego?

CH: Não imagino Diego substituindo o «Kun»...ele tem um histórico familiar incrível...fala o dia todo das filhas, da ex mulher, da mulher que agora compartilha o dia-a-dia, da mãe, do pai, dos irmãos...acho que poderia ser o único caso que o Diego poderia perder a linha de equilibro, (é bom lembrar que Agüero é um grande jogador), imagino ele fazendo uma mudança num instante do jogo e enviando-o para o vestiário. Tomara que nunca jogue o Kun fora do time inicial...Não imagino o Maradona jogando fora o Messi mas imagino o Diego jogando fora o Agüero...não imagino o Maradona deixando fora o Agüero no apito inicial do árbitro mas é o meu ver...

P: Que vai ficar do lado do Diego treinador, o time técnico. Ruggeri faz parte?

CH: Trata-se de um assunto sem histórico. É quase padrão contratar um treinador com muita experiência e sem experimentar os colegas que ficam do lado do chefão pois já são parte desse «time». O contrato assinado agora só o Diego e Bilardo...mas Diego vem como candidato pelo pedido da torcida e decisão da AFA. Não vem de uma outra parte treinando com seus colegas que poderiam aterrizar com ele.

Temos que trabalhar com calma, preparar um coquetel que misture o possível e aquilo não possível...precisa-se muito sigilo...o Diego é o destaque e o secretário técnico Bilardo, todo «aumenta» de tamanho pois trata-se do Maradona, pois caso contrário ninguém perguntaria. Se fossemos nós dois os treinadores ninguém perguntaria, a também ia acontecer com o Bielsa, Basile, Pekerman. Estes treinadores tem seu corpo técnico, e tudo mundo sabe que o Bielsa trabalha com tal e qual, o Basile, com fulano mas ficando Maradona na conversa, inicia-se um debate nacional jogando opiniões até pela escolha do massagista. Da para entender?

Só Maradona gera esse sentimento.

P: Quais seleções vão classificar na Classificatória sul-americana?

CH: Adoraria que as seleções que garantam sua vaga na África do Sul 2010 «sejam parte» dessa Taça e não classifiquem querendo deixar os nomes marcados nos grupos do início voltando cedinho para casa. Procurando esticar o jogo até os pênaltis e que só o azar resolva tudo.

Uma Taça do Mundo sem Brasil é impossível de imaginar...um teatro sem vedete. No cartaz dessa obra um cantor incrível, uma outra cantora ímpar, um equilibrista maravilhoso, aquele mágico mas onde ficaram as «gatas»??? Aqueles mulherões cativantes? Logo vamos tentar descobrir o que vamos fazer com as gatas mas só depois vamos ver...a vedete é Brasil e precisa participar.

Mundial sem Argentina...seria imaginar o cardiologista argentino Favaloro na sala de operações, a gaiola torácica aberta e uma cirurgia rápida para tentar salvar o coração...

Adoraria que o Uruguai participasse, Uruguai caso classificar «joga» a partida....

Poderia perder de 6 x 1 perante a Dinamarca no México 1986 e brigar até o final perante Argentina, logo Campeã perdendo de 1 x 0 com gol de rebote.

Mas vai fazer suar o rival.

Outras seleções, quem sabe....caso Chile classificar com Bielsa treinador vai «jogar» na África do Sul, se tivesse que voltar jogando futebol, vai voltar mas vai tentar fazer o melhor.

P: Quanto ao Ronaldinho gaúcho, está faltando o carimbo de grande jogador num Mundial?

CH: A este Ronaldinho e cada um dos Ronaldinhos do futebol do mundo está faltando que os gerentes dos bancos nos quais têm as contas correntes liguem para eles avisando-lhes que essas contas correntes ficaram em «vermelho». Alguém deveria falar para eles o que a glória é.. ou algum filósofo explicasse o que quer dizer vestir a camisa da seleção, jogar numa Taça do Mundo e inscrever o nome na história. Aos Ronaldinhos do mundo inteiro, que temos pra caramba....uma frase: «Na hora que os filhos dos teus filhos e o filhos, dos filhos dos teus filhos, tendo completado 25 anos, fiquem ao resguardo de tudo, o discursos da luta fica minimizado». Esses caras ganham muita grana e o MKT empresarial é maravilhoso!!!

P: Argentina 1978 ou 1986? Poderiam ser as duas? Os destaques?

CH: O grande destaque da seleção argentina 1978 foi o cordobês Mario Alberto Kempes, aliás, da seleção argentina 1986 foi Maradona, a diferença entre o Kempes e Maradona, descobre a minha resposta. Dois grandes campeões, grandíssimos com estilo de jogo diferente. Mesmo assim Argentina 1978 foi o último local que teve o negócio bem difícil, jogou perante a França, Hungria, Itália, teve que deixar a sede de Buenos Aires viajando para Rosario , passando pelo gol-average...ninguém deu nada de presente para essa seleção...além disso foram grandes jogadores. Passarela o único bi-campeão do mundo...

Já em 1986, tinha o Maradona e mais uma turma de grandes jogadores...Maradona mágico mas tendo o Jorge Valdano no gramado ficando no aguardo daquele passe e os ingleses não sabendo quem vão marcar....e um contra-ataque a bola vai rumo ao Jorge Burruchaga, ele não foi fraco, não perante os alemães. Alemanha tinha empatado o jogo 2 x 2, o «Burru» recebeu, galgou 30 metros rumo a rede do Schumascher e acabou conquistando o gol, se lembra, não é?

Essa bola, não foi um chute fora, nem houve um cobrança em favor da Argentina pois um alemão machucou ele, ou não conseguiu ziguezaguear o guardião, pifou, nem sei...ninguém falou que tinha sido uma pena pois a bola tinha saído apenas cinco centímetros por cima do travessão. Foi bola dentro da cidadela...Burruchaga, Valdano, o «Negro» Enrique único, o «Vasco» Olarticoechea, Nery Pumpido como goleiro que foi mágico, da puta que o...e alguns que felizmente mostraram ter classe pois as vezes há craques nos jogos de confraternização e nos jogos difíceis somem. Caso o «Tata» José Luis Brown, Cucciufo, Oscar Ruggeri. Do time que iniciou o processo Bilardo até o da final, houve umas cinco ou seis alterações. O Passarela acabou se machucando e Bilardo chamou o Brown como zagueiro que não tinha time para jogar, pois era jogador sem contrato. Ele acabou dando uma cabeçada enxuta e conquistando um dos gols argentinos na final no Estádio Azteca perante Alemanha.

P: Brasil 1970?

CH: Nossa senhora...que timaço...um futebol diferente com mais espaços no gramado.

Lá cima, o Jairzino, Rivelino, Pelé, Tostão...

P: Brasil 1982? Acharam que iam arvorar o caneco antes de entrar no relvado?

CH: Acho que subestimaram os rivais. Eles acreditaram que o título ia ser deles e que só os argentinos poderiam incomodá-los...esse jogo acabou sendo uma guerra. Se lembra do Maradona expulso? Nem sei, Itália acabou entrando como «convidado» tendo perdido o jogo da estréia e os cabeçalhos dos jornais na Itália intitulando assim: «Vergonha do futebol italiano, melhor voltar para casa», e logo começaram aparecer aqueles jogadores como o Paolo Rossi, Bettega, Antognoni...por amor de Deus...

Eles foram aumentando a qualidade de jogo....negócio que é propriedade dos Campeões do Mundo que começam com jogo «fraco» e acabam no topo. Na hora que você confira num jornal refletindo que a Dinamarca venceu o Uruguai de 6 x 1, verifique se for na classificatória, nas quartas ou na final.

Oitavas, né? Você poderia chutar que esses caras têm carimbo de Campeão e acaba não acontecendo nada. Nos primeiros jogos de uma Taça do Mundo prefiro classificar para a próxima fase. As seleções que começam no topo acabam ganhando uma vaga para o avião com viagem de retorno carimbado para a casa deles.

P: Se lembra daquele grito de gol do Antognoni vestindo a camisa 14 «azurra» na Espanha 1982? Como poderia considerar «aquele» grito de gol? Não acha que à medida que ele ia comemorando, ia caindo a ficha que estava carimbando a conquista do título?

CH: Respeito e tanto para a seleção italiana...tem que matá-la na hora que começa engatinhar no torneio, logo torna-se muito difícil. Logo é ela a que vai te matar...olha só do jeito que classificaram contra a Austrália na Alemanha 2006, foi uma vergonha mesmo...mas tudo bem....eles tem sempre um centro-avante como Luca Toni, ou aparece um Gattuso da vida que fica respirando nas costas do rival.

P: Obrigado Cherquis.

CH: Obrigado você Gustavo, o PRAVDA e fico ao dispor de vocês assim que precisar.

Correspondente PRAVDA.ru

Gustavo Espiñeira

Montevidéu – Uruguai

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Author`s name Timothy Bancroft-Hinchey