Pelo fim do futebol olímpico

Enquanto todo mundo pede a cabeça de Dunga, eu preferia a cabeça do futebol olímpico. Não pela vexatória derrota para a Argentina em Pequim, mas porque a modalidade deixou de fazer qualquer sentido desde que a Copa do Mundo começou e depois ganhou a magnitude de segunda maior competição esportiva do planeta.


Para o futebol, a grande competição é a Copa do Mundo. Os demais esportes também possuem seus mundiais, mas para qualquer atleta a grande glória é uma medalha de ouro olímpica. No futebol é o contrário. Um país pode vencer várias Olimpíadas que nunca será nada se não conquistar uma Copa do Mundo.


Ao longo da história, o Comitê Olímpico Internacional incluiu e excluiu dos Jogos várias modalidades. Parece chegada a hora de se livrar do futebol, que não dá às Olimpíadas o mesmo valor que os demais esportes. As condições para formação das equipes vivem mudando, as seleções que vão aos Jogos Olímpicos não são as principais e passaram a ser uma miscelânea desde que foi autorizada a inclusão de três jogadores com mais de 23 anos, a partir de 1996. Aliás, mesmo que todas as seleções levassem jogadores com menos de 23 anos, a competição não teria graça, já que a Fifa realiza hoje vários mundiais sub alguma coisa, reunindo atletas de diferentes faixas etárias.


Um autêntico torcedor de futebol sabe de cor todos os campeões da Copa do Mundo, desde a primeira edição, mas seria incapaz de lembrar os dois últimos campeões olímpicos. As conquistas também não têm grande significado esportivo, pois se assim fosse o futebol africano já teria vencido uma Copa do Mundo ou ao menos alcançado uma final depois dos títulos olímpicos da Nigéria, em Atlanta-1996, e de Camarões, em Sidney-2000 (recorri ao Google para encontrar as informações corretas). Por outro lado, o Brasil, pentacampeão do mundo, jamais venceu uma Olimpíada.


O último verdadeiro campeão olímpico, aliás bicampeão, foi o Uruguai, em Paris-1924 e Amsterdã-1928, de onde saiu a base para a conquista da primeira Copa do Mundo, em 1930. Até hoje a seleção uruguaia ostenta o merecido apelido de celeste olímpica, que deve permanecer com ela, como exclusividade.


O futebol não precisa das Olimpíadas nem as Olimpíadas precisam do futebol. Estava na hora de uma separação amistosa para encerrar uma farsa que não se justifica mais.

Mair Pena Neto

http://www.guiasaojose.com.br/novo/coluna/index_novo.asp?id=1476

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