A comunicação como exemplo

A comunicação como exemplo

Adilson Roberto Gonçalves

 

            A clareza da informação deveria fazer parte do jornalismo, especialmente em relação aos títulos das reportagens e artigos, primeiro contato do leitor com a publicação. No entanto, há inúmeros casos de títulos que não correspondem ao conteúdo ou, com a justificativa de precisar caber em pequeno espaço, omissões e dubiedades passam a ser comuns. Formatos e arranjos são escolhidos que vão além de interesses nem sempre explícitos, interesses que comandam as escolhas de títulos e conteúdos.

            Nesse sentido, chamaram a atenção quatro manchetes que figuraram ao mesmo tempo na página do UOL no dia 17 de março último, por volta das 19 h, numeradas e detalhadas a seguir. Os títulos são aqui tomados como exemplos, dada sua simultaneidade e por conterem questões inusitadas, não exaurindo a reflexão proposta.

 

1. “Motorista perde o controle, bate em viatura e mata PM atropelada no Rio de Janeiro”

A policial militar havia sido atropelada e, além disso, o motorista a matou. É isso? Se não foi, por que não escrever “.. bate em viatura, atropela e mata PM …”?

 

2. “Trem que liga SP ao aeroporto de Guarulhos sairá da estação Luz até 1o de abril”

A data da publicação é 17 de março e quem está na estação da Luz (omitiram a preposição no nome), supostamente dentro do trem, terá de esperar duas semanas para a partida? Além de usar SP como abreviação da cidade e não do estado, como seria o correto, a comunicação clara deveria usar “começará a sair” em vez de “sairá”. Mas quem se importa com a desinformação?

 

3. “Starbucks deve pagar US$ 50 mi após homem queimar partes íntimas com chá nos EUA”

Raro, mas acontece: o UOL mostrar valores em dólares e não converter em reais. Fica como registro positivo a ser seguido.

 

4. “Esqueleto misterioso de criança com 29 mil anos é encontrado na Tailândia”

Parece aquelas manchetes do History Channel, alardeando que houve uma criança com 29 mil anos! Se fosse: “Com 29 mil anos, esqueleto misterioso de criança…” mas não se usam mais as necessárias vírgulas em títulos.

 

Adilson Roberto Gonçalves, pesquisador da Unesp – Rio Claro-SP

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