Cota de ficção jornalística

Faço uma análise de ficções jornalísticas em alguns atos. Todos exemplos e situações são tirados do jornalão Folha de S. Paulo. Sim, os comentários foram para lá enviados, não aceitos para publicação, muito menos respondidos.

Por Adilson Roberto Gonçalves

De imediato, a análise esportiva é apresentada quase sempre de forma absoluta, sem considerar o contexto social e político em que se insere. O governo de extrema direita jogou tudo e todos que tenham alguma decência para a esquerda. Até o futebol foi politizado e o desgoverno federal é tão catastrófico que nos fez torcer para a Argentina na Copa América. O quanto isso impacta nossa auto-estima? Não avaliado. Apenas Juca Kfouri faz um espetacular texto de boas relembranças quando resgata esportes além do futebol como o artigo “Olimpílulas voleibolísticas históricas”, em que comparou o desempenho das seleções masculina e feminina ao longo das últimas olimpíadas. O vôlei é o esporte coletivo que vale a pena assistir, com emoção do começo ao fim.

Publicar o contraditório

O jornal inaugurou uma seção de interação com o leitor, mas também são poucas as chances de publicar o contraditório. Ainda em relação à olimpíada na pandemia, podemos argumentar que o evento de 1920 durante a pandemia de gripe espanhola não foi adiado e foi tido como o mais triste da história, mesmo porque foi logo após o término da primeira guerra mundial. Talvez repitamos a história, senão como farsa, como tragédia ignorante, uma vez que sabemos os riscos que atletas, delegações e público correm. Os interesses econômicos falaram mais alto e pode ser que tenhamos a variante ouro da covid pós-olimpíada.

Voltando aos jornalistas do jornal, somente a cota de ex-bolsonaristas neo-arrependidos justifica a presença de Catarina Rochamonte como colunista da Folha de S. Paulo. Ela não consegue dizer um ai sem criticar Lula e o PT. E, o pior, trouxe falsamente um rompimento de Saramago à baila, uma vez que o escritor português reviu sua posição e disse que não havia rompido com Cuba, mas que se reservava o direito de expressar suas opiniões. A articulista precisa consultar mais os arquivos da própria Folha em que trabalha antes de publicar bobagens.

Ombudsman

Por fim, no que pese a Folha de S. Paulo possuir um ombudsman, pouca análise é feita quanto à qualidade desse profissional e dos articulistas do jornal. O espaço do ombudsman foi de incompleto a ruim com a substituição de Flavia Lima por José Henrique Mariante. As colunas estão insossas desde o primeiro momento, restrita a lista de prós e contras do jornal ao longo da semana. Falta abordagem crítica, sobram desculpas, desde o início em junho, por “estar do outro lado”. Não é por ser engenheiro que seu papel tenha de ser matemático. Sei que é muito, mas desejo que ouça os leitores e aprimore sua abordagem e linguagem.

Adilson Roberto Gonçalves, pesquisador na Unesp, membro do Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Campinas, membro da Academia de Letras de Lorena e da Academia Campineira de Letras e Artes

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