Bolsonaro tem adotado uma postura contra a reforma da previdência
Iraci del Nero da Costa *
O presidente da República Jair Bolsonaro vê-se vitimado por ser ególatra. Tal desvio psicológico o impede de ouvir auxiliares; assim, seus eventuais assessores são incapazes de orientá-lo, pois, como sabido, trata-se de um político inexperiente.
Destarte, em muitas circunstâncias já vimos o atual presidente da República mudar de opinião e assumir atitudes novas quando defrontado com impasses irrecorríveis.
Tal situação tem atuado de sorte a gerar largos e contínuos constrangimentos políticos ao presidente e, muito provavelmente, contribuído para seu desgaste perante a opinião pública.
Ao fazermos estas considerações não nos escapam os inúmeros e recorrentes atos descabidos implementados pelo presidente Bolsonaro e por diversos integrantes ou simpatizantes do seu governo: dos ministros aos elementos de menor porte entre os quais, na condição de meros apoiadores, comparecem os próprios filhos do presidente e um aloprado guru.
Posto isso, é necessário reconhecer que Jair Bolsonaro, na sua tentativa de negar a assim chamada "velha política" a qual consiste em fazer concessões aos interesses particulares dos membros do Congresso, tem adotado uma postura de afastar-se dos políticos que integram o Congresso e afirmado que a responsabilidade pela aprovação da reforma Previdenciária cabe, sobretudo, a Rodrigo Maia, o presidente da Câmara Federal. Esta forma de agir do presidente Bolsonaro revela-se absolutamente ineficaz e grosseira podendo mesmo atuar contra a tão necessária e almejada reforma.
Como verificado, muitos políticos, inclusive do próprio PSL (Partido Social Liberal, ao qual está filiado Bolsonaro) e vários outros apoiadores da reforma, tanto políticos como empresários e demais investidores, têm denunciado a forma de agir do presidente criticando seu afastamento da luta pela aprovação da reforma e considerado que, para Bolsonaro, ela tornou-se inteiramente indiferente para o governo. O mais importante índice do mercado acionário brasileiro da bolsa de valores (Ibovespa) já se viu atingido, pois em apenas três dias defrontou-se com uma queda de sete mil pontos.
Em face disso o presidente Bolsonaro vai receber na manhã de segunda feira (25 de março) os membros do assim chamado "seu alto comando". Esperemos que tal encontro demova-o de sua atitude provocativa afastando-o de uma maneira de agir que o coloca, em última instância, contra a própria aprovação da reforma da Previdência. Esperemos, ademais, que a atual situação gerada pelo presidente o leve, como anotado acima, a assumir uma postura nova diante do que denominamos, contundentemente, ser um impasse irrecorrível.
* Professor Universitário aposentado.
Foto: https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Presidente_Bolsonaro.png
Subscrever Pravda Telegram channel, Facebook, Twitter