Diplomatas e especialistas discutem papel do BRICS no cenário internacional

"Junto com a Rússia, o Brasil desempenhou um papel chave na transformação do BRICS", afirmou especialista durante o encontro

Eduardo Vasco, Pravda.Ru

Foi realizado nesta terça-feira (16) um evento em Brasília que reuniu especialistas brasileiros e estrangeiros que debateram o papel do BRICS - agrupamento formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul - no cenário internacional dos últimos anos.

Segundo um dos participantes dos debates, o Embaixador Sérgio Florêncio, diretor do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), o BRICS nasceu com uma concepção de mercado mas logo ganhou uma identidade política e contribuiu para a projeção da política externa brasileira.

Para ele, os países do BRICS convergem em sua "visão de mudanças e desejo de serem protagonistas nessa mudança da ordem mundial" que ocorre nas últimas décadas, com a decadência dos EUA como superpotência hegemônica e a ascensão de novos atores internacionais.

"O BRICS tem sido um grande sucesso em várias dimensões", analisou o professor de Relações Internacionais da Fundação Getúlio Vargas (FGV/SP), Oliver Stuenkel. Ele citou como exemplo o nível de discussão no Brasil sobre a China, que era muito baixo antes da criação do BRICS e que hoje é muito mais alto. Ele também afirmou que "junto com a Rússia, o Brasil desempenhou um papel chave na transformação do BRICS, de uma categoria de investimento para um grupo político que é hoje".

Por sua vez, o Embaixador Sérgio Moreira Lima, presidente da Fundação Alexandre de Gusmão (FUNAG), opinou que a defesa de "uma ordem internacional mais justa" deve continuar sendo o foco do Brasil e dos demais membros do BRICS.

Críticas

Os participantes do evento, buscando aprimorar os trabalhos do BRICS nas diversas esferas, também expressaram o desejo de reparar alguns erros como a burocratização de certos serviços dentro do grupo e a falta de intercâmbio entre os países.

Em mensagem gravada desde Pequim, o Embaixador brasileiro na China, Marcos Caramuru, disse que é preciso identificar sobretudo quais as metas e áreas com objetivos de curto prazo. Mas afirmou que "existe um potencial de crescimento do grupo como um todo".

Stuenkel concordou com o Embaixador sobre o potencial do BRICS mas lamentou a escassez de especialistas brasileiros que estudam os países parceiros do Brasil na entidade. Ele criticou a cobertura da imprensa brasileira sobre a última cúpula do BRICS, em Goa (Índia), em 2016, e afirmou que na próxima cúpula, que ocorrerá em setembro na cidade de Xiamen (China), a imprensa deveria dar um destaque maior ao evento.

"A discussão pública no Brasil sobre o BRICS é a menor entre esses países e o número de jornalistas de veículos de comunicação brasileiros nesses países é muito baixo", afirmou também.

Além disso, o acadêmico ressaltou a importância das conversas entre os países membros para que as divergências de interesses não atrapalhem o desenvolvimento do grupo. "Manter e fortalecer o grupo é fundamental", explicou.

O evento, a IV mesa-redonda "O Brasil, o BRICS e a Agenda Internacional", foi organizado pelo Ministério das Relações Exteriores do Brasil no Palácio Itamaraty e contou com painéis de debates com diplomatas brasileiros e dos outros países do BRICS, assim como especialistas na área.

 

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Author`s name Timothy Bancroft-Hinchey
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