MTST ocupa terreno particular em Santo André
Na madrugada de ontem integrantes do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) ocuparam pacificamente terreno particular na Rua Adriático, no Jardim do Estádio, em Santo André. Por enquanto, pelo menos 150 famílias instalaram-se no local. "A previsão é de que mais 300 juntem-se a nós até segunda-feira", calcula Zezito Alves, 39 anos, um dos líderes da ocupação.
A área pertence a um homem chamado Luis Pereira que, segundo Alves, foi avisado a respeito. "Parece que ele está interessado em vender o terreno e nós só demos um empurrãozinho. Já começamos a negociar." O espaço está classificado como Zeis (Zonas Especiais de Interesse Social). Há 14 anos no MTST, Alves acredita em ocupação de longo prazo. "Estamos preparados para resistir por tempo indeterminado."
A maioria das famílias é formada por ex-participantes de acampamento na Cidade São Jorge, desativado em 2010, e de moradores do Jardim Santa Cristina, ambos em Santo André. Maria Aparecida dos Santos, 46 anos, estava na invasão na época. "Desde então, moro em casa emprestada e nunca ganhei bolsa-aluguel", disse.
A ocupação também é a última saída para Gisleine Rodrigues, 25. "Não dá para pagar aluguel. Estou confiante que vai dar certo." Elen Ladelha, 30, veio de Santo Amaro para lutar pela casa própria em Santo André. "Espero que a decisão saia rápido". Rosa Nascimento, 55, assume que tem medo de reação violenta por parte da polícia. "Até então foi tudo na paz. Espero que só aja diálogo."
Ainda na noite de ontem, três viaturas da Polícia Militar estiveram no local e voltaram na manhã de hoje junto com a Defesa Civil, que vistoriou o terreno. De acordo com a Polícia Militar, viatura deve fazer ronda na região.
NOVO PINHEIRINHO
A ação aconteceu simultaneamente com ocupação de terreno público em Embu das Artes. O movimento foi chamado de Novo Pinheirinho, em referência à comunidade de Pinheirinho, em São José dos Campos, que teve reintegração judicial cumprida em janeiro.
"Lá era organizado e o movimento estava consolidado há muitos anos. O que fizeram foi ilegal. Mas isso nos deu mais força, não vamos desistir", afirmou Maria das Dores, 41, uma das coordenadoras do movimento. "A ação foi turbulenta e pegou as famílias totalmente desprevenidas. Queremos respeitar a ordem judicial, mas temos direitos", acrescentou Zezito.
Vizinhança
O terreno invadido fica ao lado dos 16 prédios do Condomínio Adriático, que ainda enfrenta problemas com alváras por conta de cooperativa responsável por gerenciar as vendas. A ocupação pelo MTST causa preocupação em alguns moradores, que alegam falta de segurança e possível desvalorização do imóvel. "A invasão não é da nossa conta, mas acaba interferindo, sim. Já bastam os nossos problemas", disse um morador, que não quis se identificar.
O comerciante Edvaldo Almeride, 50, dono de estabelecimento alimentício próximo ao local da ocupação, tem outra opinião. "Moro aqui há 20 anos e esse terreno esteve sempre vazio, por isso, apoio o movimento. Todos têm direito a moradia." Segundo Zezito, a vizinhança não precisa se preocupar. "Não estamos aqui para criar favela. Só queremos construir moradia digna que um pai de família possa pagar."
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