Jorge Amado Neto: "Chega de amadorismo na política"

Por Angela Natsumi

Jorge Amado Neto: Ainda um jovem desconhecido, Jorge Amado Neto aos 28 anos decide iniciar sua vida política. Recém-filiado ao PP, o advogado, professor, especialista em Direito Público e mestrando em Políticas Sociais aposta na renovação e na formação técnica para as eleições de 2012, quando sairá candidato a vereador. O neto do mais ilustre escritor da Bahia afirma que o povo clama por mudanças, pelo fim da corrupção e do amadorismo e diz que é necessário se livrar dos políticos contaminados.

Teia de Notícias: Você é uma pessoa que não é conhecida ainda politicamente e vai fazer a sua campanha baseada no nome de Jorge Amado. Você acha que Jorge Amado dá voto?

Jorge Amado Neto: Eu acho que Jorge Amado dá voto. Mas o que eu acho mais interessante é que as pessoas vejam que elas devem votar em mim não pelo fato de eu ser Jorge Amado Neto, mas pelo fato de eu ter conhecimento, preparo e compromisso social. O fato de ser neto de Jorge Amado é uma coisa que pode encher os olhos, que pode ser num primeiro momento algo relevante, mesmo porque o nome de Jorge Amado é o meu. Eu não teria nem como me apresentar de outra forma. 

Teia: Você já circulava pelos meios políticos?

JAN: Na verdade eu sempre me interessei por política, mas sempre acompanhei mais como observador. Eu não tinha envolvimento político em nenhum segmento específico. Nunca fui filiado a partido, nunca fui assessor, nem nunca acompanhei nem estive ligado a nenhum político especificamente. Eu acompanhava como crítico e como eleitor, simplesmente. Não tinha nenhum contato próximo com nenhum político. Aliás, o último político que a gente teve de fato na família foi meu avô Jorge. A gente começou a ter um pouco mais de contato agora, por conta das questões relativas ao centenário de Jorge Amado, mas não por questões políticas, em nível de se participar do processo, mas em nível de procurar meios de fomentar e auxiliar nesse projeto nosso, em transformar a casa do Rio Vermelho em museu. 

Teia: Então, agora você sentiu vontade e resolveu participar?

JAN: A vontade de participar já vem de um certo tempo, desde quando entrei na faculdade de Direito. No semestre passado trabalhei na Fabac em Lauro de Freitas e tive contato com Alan Bahia, um aluno meu, assessor de um vereador atualmente em Lauro de Freitas que vai ser candidato a prefeito lá, que é o doutor Márcio Paiva. Ele começou a falar comigo: "por que você não vai lá bater um papo com doutor Márcio?" e eu comecei a amadurecer essa ideia. Fui lá, conversei com ele, achei que eram interessantes as propostas, achei que havia um casamento entre aquilo que eu pretendia e aquilo que o partido me propunha. É um partido que tem passado por uma grande renovação. É um partido que tem, em minha opinião, uma boa inserção nos vários outros partidos, não é um partido isolado, nem da extrema direita nem da extrema esquerda, ou seja, tem diálogo. E eu achei que era uma proposta que mais combinava com o que eu penso, com o que eu acho que é correto.

 

Teia: Seu avô tinha uma ligação muito forte com ACM...

JAN: Pois é. Meu avô teve, durante o começo da vida política dele muita afinidade com o segmento comunista. E devido a situações específicas, à crise do comunismo na União Soviética, vieram à tona as informações de que o regime comunista lá não era exatamente aquilo que ele pensava, então ele saiu do partido, muito embora tenha continuado até o final da vida um social-democrata. Ele tinha um ideário socialista, que ele levou até o final da vida, o que não o impediu de ter boas amizades e bons relacionamentos com pessoas de outros partidos e de outros segmentos ideológicos, o que eu acho que é um avanço e acho que é um exemplo a ser seguido nas mais diversas questões. 

Teia: Então a relação dele com ACM não era política?

JAN: Não. Era uma relação de amizade e eu entendo assim, que as pessoas têm que incorporar em suas mentes que a ideologia política e o partido não têm nada a ver com as relações de afeto, de amizade, de cordialidade. Eu acho que, principalmente na sociedade tão miscigenada politicamente que nós temos hoje, não tem mais espaço para isso de "eu sou comunista", "sou neoliberal". Mesmo porque você não vai conseguir nunca desempenhar suas funções como parlamentar ou como membro do executivo, prefeito ou governador, sem traçar alianças. E essas alianças são sempre positivas se tiverem um mesmo objetivo, não importando a ideologia, mas se chegar ao bem comum que é a melhoria da qualidade de vida das pessoas.

Teia: Você chegou a conversar com outros partidos?

JAN: Eu já tava com um grau de envolvimento com as pessoas do partido de maneira tal que eu não achei que era necessário. Eu não senti vontade de procurar outro lugar. Eu me senti bem e eu não queria transformar a minha ideia de participar do processo em um hipotético jogo. Isso não me agrada, ver onde é que vão me oferecer melhores condições. Eu gostei e fiquei. Não sou afeto a lhe dizer uma coisa e fazer outra. Isso nunca. É exatamente isso que eu acho que tem que ser extirpado da política. Se tem que fazer política hoje com responsabilidade social e com ética.

 

Teia: A expectativa de João Leão é de que você chegue aos 50 mil votos...

JAN: É o que ele acredita. Eu não tenho ideia da quantidade de votos que eu vou ter. Eu sei que tenho uma boa inserção em alguns segmentos, mas como o processo está bem embrionário eu não tenho nem condição de lhe dizer qual é o feed back que eu tenho das pessoas. É minha pretensão sair candidato de fato. Agora, eu não sei o que as pessoas pensam. Não sei se as pessoas acham que é ótimo, que é um absurdo, que é possível, eu não sei, não sei. Eu tenho conhecimento prático em minha área e procuro também o conhecimento teórico para fazer uma coisa amarrada, sem dar espaço para amadorismo. Eu acho que a população está desgastada de amadorismo, de aventuras políticas.

Teia: Como você acha que vai fazer a diferença no meio de uma campanha?

JAN: Eu acho que a população anseia por uma renovação política. A política hoje é carente de pessoas sérias, de pessoas com compromisso. Demonstrar para as pessoas o compromisso social, demonstrar para as pessoas que essa renovação ética ela já iniciou e ela precisa ter uma continuidade. É necessário que se livre daqueles políticos que já não têm mais o mesmo compromisso porque acham que já estão com suas cadeiras cativas, porque sempre são reeleitos, reeleitos e reeleitos, pessoas que já não têm mais motivação para trabalhar, que já foram contaminadas ao longo desses anos e que já não têm mais as mesmas expectativas, o mesmo afã, o mesmo gás pra trabalhar, pra fazer algo que realmente faça a diferença. 

Teia: Você vai falar para um segmento específico?

JAN: Na verdade, meu discurso é um discurso generalista, eu tenho alguns grupos que eu tenho maior proximidade por conta das minhas atividades. Os profissionais liberais, principalmente os advogados, o segmento universitário, dentre professores e alunos, eu tenho outro segmento importante que é o segmento evangélico. Eu sou evangélico e na verdade o fato de eu ser evangélico está muito atrelada ao meu compromisso com a ética, em fazer algo diferente. Basicamente esses são os grupos que eu tenho uma maior intimidade. 

Teia: Quais as bandeiras que você vai defender?

JAN: Eu tenho três grandes bandeiras. Acesso à educação, acesso à cultura e acesso à justiça, até por conta da minha formação profissional. Sou professor de Direito e sou advogado. Como professor, tive a oportunidade de levar meus alunos para fazer atendimento judiciário em bairros carentes em dias de ação social, em locais onde eles podiam colocar em prática aquilo que tinham aprendido em sala de aula e cumprir a função social do profissional de Direito. Quando você tem contato com essas pessoas, você vê na verdade o quanto elas são carentes. O pouco auxílio que você dá já é uma coisa enorme, porque eles não têm acesso a praticamente nada.

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Author`s name Timothy Bancroft-Hinchey
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