Por ANTONIO CARLOS LACERDA
WASHINGTON/ESTADOS UNIDOS - Em um evento promovido pela Microsolf, em Washington, nos Estados Unidos - país que mais está se esforçando para derrubar o governo líbio -, o ex-presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, surpreendeu grande parte da opinião pública brasileira ao se declarar ideológica e politicamente contra o coronel Maummar Gaddafi e se oferecer para ser o mediador do conflito armado que está destruindo a Líbia.
Em dezembro de 2003 - quando iniciou seu mandato de alianças e amizades incondicionais com governantes inimigos dos Estados Unidos, como o cubano Fidel Castro, o venezuelano Hugo Chaves, o chinês Hu Jintao, o iraniano Mahmoud Ahmadinejad, entre outros - o então iniciante presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, em visita oficial à Líbia, abraçado ao coronel Muammar Kaddafi o apresentou ao mundo como seu "companheiro e amigo".
Agora, nos domínios da Microsolf, em Washington, nos Estados Unidos, Lula mudou de opinião e disse que tem "discordância política e ideológica" em relação ao seu "companheiro e amigo" Maummar Kaddafi, que está sob fogo cruzados de rebeldes líbios e dos aliados dos Estados Unidos.
Enquanto muitos se dizem surpresos e não entender o gesto de Lula, observadores e analistas de política internacional dizem que a declaração do ex-presidente brasileiro é mais um passo do arranjo político entre a Casa Branca e o Palácio do Planalto para dar continuidade ao processo de reaproximação entre o Brasil e os Estados, iniciados pela presidente Dilma Rousseff, logo que assumiu a Presidência da República.
Se realmente essa declaração de Lula for parte do arranjo, ele estará apenas cumprindo o papel que lhe foi delegado tendo, por conta dessa missão, de romper com seus aliados de oito anos como presidente do Brasil.
Quanto a ser mediador do conflito interno na Líbia, o fato de Lula se apresentar para desempenhar essa missão não se pode esperar nenhum resultado positivo devido ao despreparo diplomático que ele tem para lidar com conflitos entre países.
A prova disso foi dada na própria declaração de Lula que, ao se apresentar para ser o mediador do conflito bélico na Líbia, já se declarou contra uma das partes, no caso o coronel Maummar Gaddafi, fato que já o torna, antecipadamente, suspeito para desempenhar a pretendida missão.
A diplomacia é um ramo da atividade humana que exige, para os que nela querem alcançar a vitória, a mansidão de uma pomba aliada à prudência de uma serpente, ingredientes que o ex-presidente Lula com certeza não os possui.
Aliás, Lula já demonstrou despreparo político e diplomático quando tentou intermediar a crise entre o Irã e as potências mundiais sobre a produção de armas nucleares pelo governo de Teerã. Naquele episódio, Lula só fez dar show para a imprensa mundial, sem nada conseguir de concreto.
Quanto ao ocorrido no evento da Microsolf, em Washington, onde há informações de que Lula teria sido muito bem remunerado, o ex-presidente brasileiro disse: "É muito difícil eu falar, porque ninguém me chamou. Não sei se ninguém quer. Se alguém, a minha presidente ou alguém, achasse necessário, e falasse: 'Bom, o Lula pode contribuir', eu contribuiria tranquilamente".
Lula lembrou que, quando esteve em Doha, no Catar, para discutir a transição democrática no Oriente Médio, pôde se encontrar com jovens de vários países da região, aos quais disse: "Me encontrei com jovens da Tunísia, da Líbia, do Egito, do Bahrein, e fizemos um debate sobre democracia. Eu dizia para eles que toda vez que você tem um dirigente que começa a achar que é insubstituível, que é imprescindível, você está começando a ter o surgimento de uma pessoa pouco democrática, ou, eu diria até, de um pequeno ditador".
ANTONIO CARLOS LACERDA é Correspondente Internacional do PRAVDA.RU. E-mail:- [email protected]
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