Política do Governo de Sócrates chumbada pela maior manifestação de sempre dos professores em Portugal. A grande maioria dos professores (100.000) marcaram presença em Lisboa no dia 8 de Março para protestar contra as novas políticas de avaliação e de gestão das escolas públicas.
Começou a comunicação social a noticiar que eram esperados uns 40.000 professores em Lisboa depois na véspera, 60.000 e de manhã, 70.000. Finalmente vieram mais que 100.000. Começaram a desfilar pela Avenida da Liberdade às 14.00 e às 18.30 ainda estava uma fila enorme para entrar na Praça do Comércio. Pelo longo caminho, os slogans iluminaram as suas reivindicações:
Está na hora da Ministra ir embora
Avaliação sim, farsa não
Mais de 1000 dias a atacar a escola pública
Assim não se pode ser professor
Uma das organizações organizadoras desta Marcha de Indignação, o Movimento Escola Pública, reclama que nenhum outro governo foi tão longe na amputação de direitos aos professores e na degradação das suas condições de trabalho.
Na base desta enorme manifestação de hoje estão as políticas do governo socialista (deveras, só em nome) de José Sócrates em geral e em especial, da sua Ministra de Educação, Maria de Lourdes Rodrigues, implementadas de forma prepotente e arrogante, sem tomar em conta os conselhos do corpo docente, sem dar ouvidos aos profissionais do sector.
A gota da água é a questão da avaliação dos professores. Mal explicado desde o início, porque o processo consultativo foi sempre oculto ou pouco transparente, se existiu, o novo sistema contempla os resultados dos alunos na avaliação do professor, contempla a opinião dos próprios alunos e contempla a avaliação de professores por colegas. Se bem que o peso das várias componentes não é igual, todo o processo foi pessimamente gerido, culminando numa exigência pelo Ministério, a meio do segundo período escolar, que as escolas fizessem grelhas de avaliação sem sequer ter regulamentado o conteudo das mesmas.
Além disso, foi alterada o Estatuto da Carreira Docente em Novembro de 2006, criando duas categorias: professores e professores titulares sendo esta última reservada para um terço dos docentes que seriam responsaveis por cargos de gestão, avaliação e coordenação, sem terem sido esclarecidas quaisquer critérios para o efeito.
Finalmente, o novo modelo de gestão para as escolas é mais um belo exemplo do modus operandi anti-democrático deste Governo, que constitui um insulto à palavra Socialista, que levou o partido bem à direita do Partido Social Democrata. No novo modelo, os Conselhos Directivos são substituidos por Directores todo-poderosos, e um Conselho Geral, que contém além de professores e pessoal escolar não-docente, representantes de instituições locais, autarquias e pais e está regulamentado que os professores e pessoal não docente não podem constituir mais que 50% deste organismo.
De acordo com os sindicatos, este modelo é um assalto à gestão escolar democrática e constitui mais um afronto contra a classe dos professores, diminuido a sua voz dentro da escola. O Estatuto da Carreira Docente implementa um sistema onde um professor de matemática vai poder, por exemplo, avaliar um teste de biologia, em que professores que não reunem quaisquer condições irão avaliar colegas que ensinam outras disciplinas. E quantos alunos em qualquer parte do mundo são qualificados para julgarem o trabalho do professor? Aqueles que afirmam que a disciplina preferida são os furos(intervalos)?
Timothy BANCROFT-HINCHEY
PRAVDA.Ru
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