Trocas entre Brasil e Venezuela já ultrapassam US$ 4 bilhões

O comércio entre o Brasil e a Venezuela vem batendo recordes sucessivos nos últimos anos. Entre 2003 e o ano passado, as vendas brasileiras para o país vizinho cresceram 486%, saltando de US$ 608 milhões para US$ 3,565 bilhões, conforme dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. No período, Brasil contabilizou superávit de quase US$ 3 bilhões.

De acordo com o presidente da Câmara Venezuelana-Brasilleira de Comércio e Indústria, José Francisco Marcondes, a Venezuela em 2003 era o 26º destino das exportações brasileiras, atingindo atualmente a 6º colocação, ficando atrás dos EUA, Argentina, China, Holanda e Alemanha. Somente em outubro passado as exportações chegaram a US$ 550 milhões, pouco abaixo de todas as vendas registradas em 2003. Como destacou Marcondes, de 1999 a 2002 o crescimento tinha sido de apenas de 48%, passando de US$ 536,7 milhões para US$ 798,9 milhões.

O crescente comércio entre os dois países - de janeiro a outubro deste ano as trocas comerciais já somaram US$ 4,1 bilhões, 18,3% a mais sobre o mesmo período de 2006, e superávit de US$ 3,524 bilhões - vem sendo impulsionado pelas políticas de integração do continente e pelo desempenho da economia venezuelana no período. Desde 2003, a Venezuela vem apresentando um dos maiores índices de crescimento econômico do continente (9,3% em 2005 e 8,2% no segundo trimestre de 2006), com ampliação do mercado consumidor interno.

“O momento é de crescer e seguir construindo a integração”, afirmou o presidente da entidade empresarial ao defender a adesão da Venezuela ao Mercosul. Na semana passada, o ingresso da Venezuela ao bloco foi aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos deputados.

Os principais produtos que o Brasil exporta atualmente para a Venezuela são automóveis de passageiros, autopeças, tratores, carne de frango, produtos laminados planos de ferro ou aço, veículos de carga, álcool etílico, pneus, açúcares, medicamentos, ônibus e aparelhos de telefonia celular.

“A Venezuela compra basicamente produtos manufaturados do Brasil. O que é bastante salutar do ponto de vista de utilização de mão-de-obra e tecnologia, já que o país é grande exportador de commodities”, disse o vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro. O professor Ricardo Carneiro, do Instituto de Economia da Unicamp, destaca que a exportação de manufaturados do Brasil para vizinhos latino-americanos é beneficiada pelo crescimento das economias da região.

As vendas venezuelanas para o Brasil também vêm aumentando. De janeiro a outubro deste ano, as importações somaram US$ 529 milhões, um crescimento de 131% em comparação com o mesmo período de 2006, quando as compras brasileiras representaram US$ 296 milhões. Os produtos que lideram as importações são o querosene de aviação, naftas, óleos combustíveis, hulhas, uréia, enxofre, álcoois acíclicos, vidro flotado, chumbo em formas brutas, óleos lubrificantes, polímeros de plástico e coque de petróleo.

MERCOSUL

Pesquisa realizada pela Câmara de Comércio Brasil-Venezuela, entre 13 de julho a 13 de setembro, mostrou que 75,68% das 655 empresas brasileiras que realizaram comércio com a Venezuela no ano passado vêem como positivo o ingresso da Venezuela no Mercosul. Além disso, 55,74% das empresas exportadoras esperam aumento de suas vendas para a Venezuela neste ano, e 45,95% das importadoras afirmaram que vão expandir suas compras do país vizinho.

Entre os dias 11 e 13 de dezembro, uma missão empresarial visitará a Venezuela, durante a ida do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao país. O evento está sendo organizado pelo Ministério do Desenvolvimento em parceria com o Ministério das Relações Exteriores e com a Agência de Promoção de Exportações e Investimentos (APEX-Brasil). O objetivo será a ampliação do fluxo de comércio bilateral e o desenvolvimento de novas oportunidades de investimentos entre empresas dos dois países.

A comitiva será composta por empresários de diversos setores, entre eles os de alimentos e bebidas; têxteis e confecções; calçados; máquinas e equipamentos; atacadistas e varejistas do setor alimentício; cosméticos; fármacos; equipamentos médicos, hospitalares e odontológicos e software.

Além do intercâmbio entre empresas dos dois países, os governos dos presidentes Lula e Hugo Chávez têm firmado importantes convênios, sobretudo entre estatais. Uma das principais parcerias diz respeito às estatais Petrobrás e PDVSA, que desenvolvem projetos conjuntos para a construção de uma refinaria em Pernambuco e a exploração conjunta do Campo Carabobo 1, na Venezuela, com produção estimada em 150 mil barris diários de petróleo pesado. Além disso, a PDVSA encomendou a construção de embarcações de grande porte ao Brasil, contribuindo para a reativação da indústria naval nacional.

LUIZ ROCHA

www.horadopovo.com.br

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Author`s name Timothy Bancroft-Hinchey
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