No Pontal de Paranapanema, jagunços agridem crianças, mulheres e idosos
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) realizou nesta segunda-feira (13/11) ações em três estados para cobrar do governo agilidade no processo de reforma agrária e revisão dos indíces de produtividade de terras, que datam de 1975.
Por Bruno Zornitta - Jornalistas Populares (www.renajorp.net) e Fazendomedia.com
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) realizou nesta segunda-feira (13/11) ações em três estados para cobrar do governo agilidade no processo de reforma agrária e revisão dos indíces de produtividade de terras, que datam de 1975.
O movimento exige também mudanças na atual política econômica, por entendê-la como principal impedimento à realização da reforma agrária e à distribuição de renda no país.
No Paraná, cerca de 600 trabalhadores de diversos acampamentos montaram barracas em frente à superintendência regional do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), em Curitiba, e prometem permanecer até que as reivindicações do movimento sejam atendidas. Os sem-terra pedem ainda que o governo daquele estado abra negociação para ampliação das Escolas Itinerantes nos acampamentos do MST.
Existem atualmente oito mil famílias acampadas no Paraná, em beiras de estradas e latifúndios improdutivos, lutando pelo assentamento e pela reforma agrária. A meta do governo Lula, na gestão anterior, era assentar nove mil famílias no estado, mas foram assentadas apenas três mil.
Já no Rio Grande do Sul, aproximadamente 100 integrantes do movimento ocuparam na madrugada desta segunda-feira a Fazenda Palermo, em São Borja. A área, de 1,2 mil hectares, teve o decreto de desapropriação assinado em 2001. Em 2005, o governo estadual recebeu R$ 2,4 milhões para a compra da área, por meio de convênio com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), mas até hoje não fez o depósito judicial. É a terceira vez que o MST ocupa a área em 2006 para pressionar pela liberação do recurso e assentamento de 60 famílias no local.
Na região de Andradina, noroeste de São Paulo, 800 sem-terra marcharam 7 km, até o centro da cidade de Castilho, onde no domingo (12/11) foi ocupada a Fazenda Cafeeira. O processo de desapropriação da área foi iniciado em 2001 e, quatro anos depois, o antigo proprietário foi indenizado. A imissão de posse, no entanto, até hoje não foi assinada, embora a Lei do Rito Sumário estabeleça prazo máximo de 48 horas depois da compra para a assinatura. A marcha seguiu da fazenda até a Câmara Municipal de Castilho, onde foi recebida pelos vereadores, que se comprometeram a ajudar o movimento. De lá, a marcha partiu para a prefeitura e foi recebida pelo prefeito Joni Jarcos Buzachero (PSDB), que declarou não poder atender às reivindicações das famílias.
Violência no Pontal
Na tarde deste domingo, cerca de 100 famílias acampadas desde quinta-feira na fazenda Porto Maria, no município de Rosana, região do Pontal do Paranapanema, extremo-oeste de São Paulo, foram atacadas por 20 jagunços a mando do grileiro Miro Conti. Os jagunços estavam armados e agrediram crianças, mulheres e idosos, segundo o movimento. Os agressores chegaram a ser presos, mas foram soltos logo em seguida sob alegação d que não cometeram crime grave.
A fazenda Porto Maria possui área de 1700 hectares e foi classificada como devoluta pelo Itesp (Instituto de Terras de São Paulo). Arrecadada há dois anos pelo estado de São Paulo para fins de reforma agrária, a fazenda teve 500 hectares repassados ao fazendeiro Miro Conti ilegalmente. O MST reivindica a retomada dos 500 hectares - a melhor parte da fazenda - e o assentamento imediato das 175 famílias que estão nos outros 1200 hectares.
Mídia "imparcial"
A Agência Estado noticiou as ações, omitindo, no entanto, as informações que as legitimam e criminalizando o movimento, como de costume. As ocupações foram tratadas por "invasões", o que dificulta para o leitor o entendimento de que se trata de ações políticas com caráter de denúncia. As informações sobre a situação da Fazenda Porto Maria, no Pontal do Paranapanema, por exemplo, foram omitidas. No lugar delas, foi reproduzida a versão do fazendeiro, que afirma que os sem-terra "invadiram a casa-sede, ameaçaram funcionários e mataram bezerros".
Com informações do MST (www.mst.org.br)
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