Fuga de major Alfredo Reinado com mais de 50 reclusos duma cadeia de Timor-Leste está a ser investigada. Este militar tornou-se notado, durante a recente crise no território, ao abandonar a cadeia de comando com um destacamento dos seus homens e ao afirmar não reconhecer a autoridade do comandante das forças armadas, Taur Matan Ruak, nem do então primeiro-ministro Mari Alkatiri.
A sua actuação ao longo da crise será sempre crítica face ao Governo, declarando-se leal apenas a Xanana Gusmão. Foi preso após serem encontradas armas numa das casas que ocupava em Díli, já depois de findo o prazo para a sua entrega.
Segundo o seu advogado, major temia pela sua vida.
"Não temos pormenores [sobre a fuga], nem hora nem o tipo de situação. Estive com ele ontem [terça-feira] e ele voltou a manifestar a preocupação das últimas semanas no capítulo da segurança", disse o advogado.
De acordo com Lusa , os 57 fugitivos, que representavam 28,5 por cento dos 200 detidos em Becora, saíram pela porta principal do estabelecimento cerca das 15:00 locais (07: 00 em Lisboa), sem, aparentemente, qualquer oposição por parte dos membros da segurança.
A segurança na cadeia de Becora e imediações era da responsabilidade do contingente neozelandês, que ontem iniciou a retirada de Díli, e de guardas prisionais timorenses, que actuam desarmados .
Segundo o director nacional das prisões, Manuel Exposto, em declarações à Lusa, os neozelandeses tinham cessado funções "há uma semana". Assim, foi possível aos presos deixarem Becora , nada podendo fazer os "cinco guardas que estavam à porta da cadeia", sem armas e sem rádios, referiu Exposto.
O director da prisão, Carlos Sarmento, explicou às agências que Reinado e os outros presos destruíram várias paredes da ala leste da prisão, onde estariam confinados, antes de saírem do perímetro. Segundo fontes timorenses, nenhum dos fugitivos está armado; entre estes estão elementos ligados a Reinado, presos de delito comum e condenados por envolvimento na violência pró-indonésia de 1999.
O gabinete do primeiro-ministro timorense, José Ramos-Horta, escusou-se a comentar a fuga, remetendo qualquer esclarecimento para as forças da ONU.
O causídico referiu que já tinha pedido o reforço do dispositivo policial no perímetro da prisão porque no processo do Reinado é referida a possibilidade de um ataque à cadeia para retirar reclusos do estabelecimento.
Os elementos da força internacional e da missão da ONU em Timor-Leste reforçaram ontem as medidas de segurança em Díli e seus arredores para localizar e deter o major Alfredo Reinado.
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