Após cerca de dez dias sem rei nem roque, é instituída uma equipa de (des)governação na ilha do Príncipe. Desde a primeira hora discordei do modelo encontrado para disfarçar a incapacidade dos candidatos em se organizarem a tempo e de forma responsável.
Não se procurou encontrar responsabilidades ao que aconteceu no Príncipe. Simplesmente, face a uma decisão legítima do tribunal, o poder decidiu aliar-se às atitudes irresponsáveis em primeira instância dos candidatos e dos partidos que os suportam legitimando a destituição do governo regional, com mais ou menos legitimidade, pouco ou nada vinha fazendo. Uma vez mais a (responsabilidade) morre solteira.
Ninguém ouviu partido algum com ou sem assento parlamentar, excepto o MLSTP por razões óbvias a se manifestarem preocupantes. Será de tão pouco interesse para a soberania santomense o que aconteceu no Príncipe?
Não há corrente nenhuma a defender a independência do Príncipe como alguns profetas da desgraça tentam passar, num claro serviço aos seus patronos em exercício directo ou indirecto no poder. Porém há quem não se interesse pela sobrevivência de S.Tomé e Príncipe enquanto nação com história. Os santomenses tornaram-se gananciosos sem escrúpulos disponíveis a tudo.
O vazio é sempre ocupado. Os erros por mais infantis que sejam podem determinar a não sobrevivência. Há quem ainda discuta se o país na altura dos descobrimentos (1470-1471) era ou não habitado, convencidos que estão a prestar um bom serviço. Pura ilusão, interessa esta discussão às potências da região. O Príncipe esteve cerca de 10 dias sem rei nem roque, o que poderá no futuro voltar a acontecer, porque compensa!!
Este último parágrafo, era para ajudar a compreender a expressão latina usada no artigo anterior dormientur non sucurrir jus, é uma chamada de atenção para o perigo que nos estamos a expor.
O falso poder hoje instituído no Príncipe, não interessa ao Príncipe, interessa sim ao poder político de S.Tomé e Príncipe em articulação perfeita com alguns naturais do Príncipe que de lá são quando convém ou dá jeito o serem.
A perigosa lógica do dividir para reinar, levou o poder central a constituir um governo de todo a sua medida, para melhor controlar o país, não sob uma visão estratégica de desenvolvimento e sustentabilidade, senão na perspectiva individual de enriquecimento fácil sem olhar a meios.
O que ganharão os príncipes e as princesas do nada como alguém usou chamar, simplesmente NADA.
Danilo Salvaterra
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