O Mercado, ou a "banca"(*), é verdadeira farsa, grande mentira e até traição

O Mercado, ou a "banca"(*), é verdadeira farsa, grande mentira e até traição

por Arialdo Pacello(**)


O Mercado, no conceito de Wall Street, da Escola de Chicago e dos economistas neoliberais brasileiros (como Paulo Guedes, p.ex.) é uma verdadeira farsa, uma grande farsa, um engodo, uma mentira!

 

O Mercado, nesse conceito, não é técnico. Jamais foi técnico. É puramente político, manipulador, tendencioso, especulador, interesseiro, mercenário e apátrida. Só pensa no lucro das elites e das classes dominantes. É a luta dos abutres privatistas para se apropriar das empresas estatais estratégicas.

Tanto em Wall Street como no Brasil, o Mercado é um verdadeiro "cavalo de Troia'', que ilude inocentes, ingênuos e ignorantes. Na verdade, é a bandeira das classes dominantes, em geral, vorazes, gananciosas e insaciáveis. 

 

Wall Street representa o Sistema Financeiro Internacional, a "banca", os monopólios empresariais gigantescos e o Consenso de Washington, que só querem abocanhar o patrimônio público lucrativo. Suas vozes são disseminadas pelos economistas forjados na Escola de Chicago (de Milton Friedman) e pela Escola Austríaca (de Ludwig von Mises e Friedrich Hayek), que propagam a "mão invisível" do clássico precursor Adam Smith, como a "mão" salvadora - na verdade, enganadora e traiçoeira.

No Brasil, o principal representante dessa casta é o banqueiro Paulo Guedes, atual ministro da Economia do descerebrado Jair Bolsonaro. Ele é o intérprete da FEBRABAN, dos banqueiros privados mais criminosos do Planeta; dos sonegadores da FIESP/CNI, de Paulo Skaf; dos latifundiários e grileiros de Ronaldo Caiado e Tereza Cristina, ministra da Agricultura; dos depositantes de paraísos fiscais (só de brasileiros, mais de US$ 1 trilhão em depósitos!).

Ele é enaltecido e apoiado pela grande mídia golpista, serviçal da CIA e do Departamento de Estado americano, atendente (sob pressão) aos interesses dos jornais, revistas, televisões e rádios pertencentes a grupos de mídia empresarial, golpistas e antipatriotas. Todos têm um interesse comum: abocanhar o patrimônio público brasileiro, para aumentar seus lucros sem qualquer limitação e sem qualquer interferência do Estado. Não suportam governos que se preocupam com justiça social e redução das desigualdades.

No Brasil, qualquer ser pensante deveria saber: o Mercado nada mais é do que o pensamento dos especuladores que atuam na Bolsa de Valores de SP.
 
A rigor, a variação do valor dos papéis negociados na Bolsa de Valores de SP deveria refletir a situação econômico-financeira das empresas que têm suas ações ali negociadas. A rigor, a função principal da Bolsa de Valores deveria ser a negociação honesta dos papéis; deveria ser o estímulo à capitalização construtiva e produtiva das empresas, que abrem seu capital. Então, poderíamos concluir que seria um balcão técnico, baseado em documentos contábeis confiáveis, relacionados ao setor empresarial de capital aberto.

Pouco pode fazer a CVM - Comissão de Valores Mobiliários, cuja função é disciplinar e fiscalizar o mercado de valores. A única coisa que conseguiu foi divulgar, graças a uma ação judicial, os salários e rendimentos imorais dos presidentes e diretores dos bancos e das empresas com ações em Bolsa. Mas a mídia esconde essa lista.

Tanto a Bolsa de Valores de SP, como a de Wall Street, se transformaram em agentes políticos manipuladores e difusores dos princípios neoliberais. E contra quaisquer políticas de interesse comunitário e social. O valor dos papéis é totalmente manipulado. Lembrem-se de que nas eleições de 2014, entre Dilma e Aécio Neves, o valor das ações caía brutalmente quando as pesquisas indicavam vitória para Dilma. E subiam quando algum sinal dava possível vitória a Aécio. Ou seja, a oscilação nada tinha a ver com a real situação econômica das empresas, mas apenas com os objetivos políticos dos manipuladores.

Em Wall Street não é diferente

O grande economista norte-americano, Joseph E. Stiglitz, Nobel de Economia 2001, professor da Universidade de Columbia, nos diz em seu magnífico livro O PREÇO DA DESIGUALDADE, pág. 214, da edição de Portugal (que é a que eu tenho):

"Na década de 1990, Luiz Inácio Lula da Silva esteve por duas  vezes à beira de ser eleito presidente do Brasil, e por duas vezes foi contestado por Wall Street, que exerceu o que se pode considerar um veto. Assinalou que, se Lula fosse eleito, tiraria dinheiro do país, as taxas de juro que o Brasil tinha de pagar subiriam imenso, o país seria evitado por investidores, e o seu crescimento entraria em colapso. Na terceira vez, em 2002, os brasileiros disseram, na realidade, que não seriam comandados por financiadores internacionais. E o presidente Lula tornou-se um excelente presidente, preservando a estabilidade econômica, promovendo o crescimento e atacando a enorme desigualdade do seu país. Foi um dos poucos presidentes em todo o mundo que, após oito anos, gozava do apoio popular que tinha no início."


E tudo recomeçou da mesma forma. Vejam o que o "Mercado" está fazendo quando soube que Lula pode voltar em 2022. Quem comanda esse "Mercado" é Wall Street, em conjunto com as elites gananciosas brasileiras!

Mas tanto os especuladores de Wall Street como os abutres privatistas da Bolsa de SP erraram vergonhosamente. Os dois mandatos (oito anos) do governo de Lula, e mesmo os quatro (primeiro mandato) da presidenta Dilma, significaram o melhor ciclo de desenvolvimento econômico do Brasil e o melhor período de justiça social. Fato reconhecido mundialmente pelas mais sérias instituições.

O Brasil começou a ser destruído a partir do momento em que as forças neoliberais, dirigidas pela intelligentsia de Washington, elaboraram o plano para o Golpe. Aliciaram parte do nosso Judiciário (Sérgio Moro, Dallagnol) e a maior parte do nosso Parlamento (corrupto), sempre contando com a conivência da grande mídia; também contaram com o acumpliciamento da FIESP/CNI, dos latifundiários e grileiros. Assim, sabotaram instituições civis, militares e religiosas para depor a presidenta Dilma. E colocaram o ex-presidente Lula na prisão.

Eis aí o resultado das ações (sem trocadilho) do "Mercado": elevado número de desempregados, massacre das pequenas empresas, a miséria e a fome voltando; agora, num mundo pandêmico, bate recordes de morte por covid-19.

O verdadeiro Mercado, regulamentado, é bom, útil e construtivo, desde que suas falhas, seriíssimas, sejam corrigidas pela indispensável ação do Estado. Vejamos o que acontece na China e sigamos o exemplo: abandonando o modelo de mercado que só privilegia a injustiça.


(*) "banca", neologismo aplicado por Pedro Augusto Pinho, bacharel em Direito e Administração, formado em Altos Estudos da Escola Superior de Guerra, instituição da qual se tornou professor, para se referir ao poder das finanças.
(**) Arialdo Pacello, advogado e funcionário aposentado do Banco do Brasil.

 

Foto:  By Thomas J. O'Halloran, photographer - See Commons:Licensing for more information., Public Domain, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=1382866

 

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Author`s name Timothy Bancroft-Hinchey
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