Neste 24 de março, Dia Nacional da Memória pela Verdade e pela Justiça que relembra o golpe militar perpetrado há 41 anos, milhares de argentinos saem às ruas para denunciar também os retrocessos do governo de Mauricio Macri aos direitos humanos e laborais, incluindo memória e justiça em relação às vítimas da ditadura.
Neste mesmo dia, em 1976 a ditadura militar financiada por Washington derrubou a presidente Isablita Perón, colocou no poder o general Rafael Videla instaurando, assim, o regime mais sangrento da história da Argentina que, ao final em 1983, deixou como saldo ao menos 30 mil "desaparecidos".
"É necessário recordar esta data para não se esquecer o que aconteceu, e analisar a administração do governo nacional, o que fazemos todos os anos", afirmou a presidente de Abuelas de Plaza de Mayo, Estela de Carlotto, quem ainda garantiu que neste ano as manifestações serão mais numerosas "porque se reivindica todos os direitos de los trabalhadores do país, que estão sendo vítimas da pobreza e de um Estado ausente".
"Neste 24 de Março, os organismos de direitos humanos levarão à praça [Praça de Maio em frente à presidencial Casa Rosada] um documento que conterá reclamações a nível político, social e econômico", acrescentou Estela de Carlotto.
Enquanto a Argentina tornou-se padrão mundial na garantia dos direitos humanos e na punição dos ex-ditadores, desde que Macri assumiu o poder em novembro de 2015 o país sul-americano tem retrocedido severamente nestes quesitos - nenhuma surpresa dado o histórico e o próprio discurso de Macri durante a campanha eleitoral.
Em diversas entrevistas logo que ascendeu à Casa Rosada, Macri afirmou que não impulsaria os julgamentos contra os repressores porque. segundo ele, isso seria tarefa apenas do Poder Judiciário, e ainda reconheceu que não sabia nem lhe importava o número de desaparecidos durante la ditadura.
Além disso, entre dezembro de 2015 e março de 2016 o Executivo desmantelou a área de direitos humanos do Banco Central encarregada de investigar o sistema financeiro da ditadura.
No que diz respeito à conjuntura econômica e social argentina, nestes 13 meses a sociedade argentina tem experimentado queda vertiginosa em seus índices de desenvolvimento. Macri já gerou milhares de desempregados tanto na esfera pública como na privada, desvalorizou a moeda, retirou direitos laborais, retirou benefícios dos aposentados incluindo seus medicamentos gratuitos, e abafou reivindicações salariais diante de uma inflação que não para de crescer.
A pobreza tem crescido a níveis inéditos em mais de uma década diante de uma profunda queda da atividade econômica, particularmente da indústria: somaram-se na Argentina, nestes 15 meses desde que Macri assumiu a Presidência, um milhão e meio de pobres.
Sobre os ex-ditadores, vale recordar que enquanto os argentinos não saem das ruas desde 1983 por memória, verdade e justiça, muito além deste Dia Nacional da Memória pela Verdade e pela Justiça, Rafael Videla morreu em cela comum em 17 de maio de 2013, condenado perpetuamente, centenas de outros já foram condenados e outros vários estão sob juízo.
Edu Montesanti
Pravda.Ru
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