Inflação, deflação e o Norte do Brasil

Por Carlos Magno (*)

No último dia 11 (terça-feira), o Sr. Ministro da Fazenda, Guido Mantega, noticiou ao público que "o dólar está derretendo no mundo inteiro". O dólar tem sido a moeda universal das trocas e a alteração do seu valor sem dúvida mexe com a distribuição da renda, a produção da riqueza, o emprego, a liquidez e a solvência dos contratos. O valor da moeda se movimenta em dois sentidos: pela inflação ou pela deflação. No caso da moeda universal há que se enquadrar a alteração de valor na linguagem vetorial utilizando-se da dupla marcação de orientação do movimento: origem e do destino, em que a troca envolvendo o dólar ocorreu.

Quanto à sondagem teórica do significado do que é inflação e deflação para a coletividade, este tem sido um tema de domínio público desde o texto produzido em 1923 por Keynes "As conseqüências das alterações no valor da moeda para a sociedade".

"Assim, a inflação é injusta e a deflação, inconveniente. Das duas, talvez a deflação seja a pior, se não considerarmos o caso das hiperinflações, como a da Alemanha. Isto porque, num mundo empobrecido, é pior provocar o desemprego do que decepcionar o rentier. Contudo, não é preciso escolher dos males o menor. É mais fácil concordar que os dois são males a evitar. O capitalismo individualista de nossos dias, precisamente porque confia a poupança ao investidor individual e a produção ao empregador individual, pressupõe um padrão estável de medida, e não pode ser eficiente – talvez nem possa sobreviver- sem ele”. In Keynes, Economia, Tamás Szmrecsanyi e Florestan Fernandes. Ed. Ática.

Em resumo, se a inflação pode aleijar, a deflação pode matar a economia. Esse é um dos beabás para os estudantes de economia, uma pequena pedra, característica essa que não lhe subtrai as dificuldades de entendimento e de exposição, frente a qualquer grande tema da nobre ciência. Qual a melhor causa para se explicar a deflação atual? E pode ocorrer simultaneamente deflação e inflação?

Ontem (dia 11) vi uma reportagem de que uma das três Ferraris produzidas em 1963, estava sendo vendida a preço de banana na Indonésia. O detalhe, é que a Ferrari era uma cópia clandestina. A informalidade deve explicar boa parte do movimento deflacionário atual.

Quanto à segunda indagação, é provável que sim, exatamente pelo fato de que o dólar seja uma moeda que ultrapassa fronteiras e legislações em tempo real. O sindicato dos construtores de São Paulo tem insistido na tecla do tom dominante da musica atual: se a taxa de juros seria suficiente para conter a elevação dos preços das matérias primas do setor. Sim, se não houvesse o dólar competindo com o real e se não houvesse mercado internacional competindo com o mercado interno. Daí se extraiu a proposição por novos engenhos de arranjos de relações econômicas intersetoriais.

Os estudantes de economia do curso de Mestrado e Doutorado têm muito o que descobrir e a revelar sobre o que é inflação e deflação neste inicio de século XXI. Há que se inserir a questão energética, o desemprego e o meio ambiente ao lado da informalidade. E daí se compor o quadro teórico mínimo necessário para se operacionalizar, quem sabe um dia, a Organização Mundial para os Investimentos.

A propósito, os agricultores de Rondônia, e por que não dizer do Norte, estão entre aqueles agentes econômicos que aparentemente estão no centro do vulcão inflação-deflação, cuja saída tudo indica que aponta realmente para o uso intensivo da ciência e da tecnologia. Hoje, têm sofrido muito com o derretimento do dólar e com a marcação cerrada e generalizada da senhora Ministra Marina Silva que tem visto bandidos do meio ambiente por todos os lados, onde deveria ver homens e mulheres do bem trabalhando em prol do progresso e do emprego no Brasil.

Nesta área é preciso se buscar o tempero certo entre a necessidade de preservação da Amazônia e a necessidade de progresso e de emprego para o povo do Norte. Fiz em 2005 (salvo engano) um artigo sobre o deslocamento populacional e demográfico no Brasil e concluí que o governo federal deveria dar prioridade à região norte brasileira e isso implica em investir com responsabilidade em soluções científicas e tecnológicas inovadoras e viáveis e não apenas em demagogia.
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(*) Economista, escritor e colunista do COFECON.

www.cofecon.org.br

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Author`s name Timothy Bancroft-Hinchey