Corrida de touro no Perú: Tradição ou Barbárie?

Corrida de touro no Perú: Tradição ou Barbárie?

As corridas de touro autodenominadas culturais são produtos da mais alta ignorância e constituem uma das maiores crueldades que se pode cometer a um animal.

As corridas de touro autodenominadas culturais são produtos da mais alta ignorância e constituem uma das maiores crueldades que se pode cometer a um animal.

As chamadas festas taurinas, anualmente iniciadas no mês de outubro, são um espetáculo de sangue e fazem com que a cada ano - somente no Peru - morram mais de 20.000 animais. Esse evento público é direcionado ao divertimento de uma minoria que insiste em ver arte onde não há outra coisa que violência e crueldade.

A violência nesse espetáculo é real e dramática. Mais ainda do que a violência praticada contra o ser humano, levando-se em conta que os animais encontram-se completamente indefesos frente à tirania e manipulação obsessiva por parte da insensibilidade e injustiça de toureiros e pessoas que os aplaudem. Do princípio ao fim, a corrida de touros é um espetáculo de torturas.

Antes da corrida o touro deve ser preparado para o encontro com o toureiro. Excita-se o extinto do animal golpeando-o com sacos de areia. É necessário causar-lhe dor antes da saída para a arena. Os procedimentos usados neste chamado "treinamento prévio" consiste, algumas vezes, em por vaselina nos olhos do animal para que prejudique sua visão e outras vezes injetar algodão em suas vias respiratórias ou agulhas em suas genitais.

A raspagem dos chifres é outra operação típica, de modo a desmuni-lo de sua principal defesa. Por ser um local de terminações nervosas e, portanto, sensível, a raspagem é algo intensamente doloroso.

O touro já sai assustado para a corrida e lá percebe as ameaças ao seu redor. Sentindo-se encurralado, sua reação é partir com agressão. Sobre a arena se consumará a tortura que resultará na morte do animal.

Cada bandeirinha cravada no touro lhe produz fortes dores, intensificadas pela forma de gancho que estas possuem nas pontas - estas fazem com que se desgarre a carne e cause hemorragias no animal.

Alguns adeptos às touradas dizem ser esse um espetáculo para provar a bravura do touro, apreciar suas qualidades e defeitos. Quando na verdade o processo tem como principal objetivo quitar a força do animal, através de meios de tortura – como, por exemplo, cortar-lhes os músculos e nervos do pescoço evitando que o touro carneie de baixo para cima. Esses procedimentos antes de matar o animal causam-lhe grandes hemorragias, com cada bandeirinha a mais ajudando a dilatar as feridas.

O touro perde de dois a três litros de sangue e perfurando os pulmões, o sangue inunda as vias respiratórias. Para que o toureiro se atreva a chegar perto de sua vítima; esta tem que ter perdido força, agilidade e sangue. Para só assim finalmente, depois de tantas torturas, acabar de vez com o horror matando o touro.

Não nos esqueçamos do fiel, leal e amigável cavalo ao qual são dadas fortes doses de tranqüilizantes e também sofrem enormes danos nas costelas, intestinos e patas. Os cavalos saem para a corrida com os olhos meio tapados para ignorarem o perigo que correm. Também lhe cortam as cordas vocais para que não relinchem. Corrida após corrida esses cavalos vão morrendo em silêncio e sobre utilizados, pois as feridas são muitas vezes camufladas de modo que rendam mais corridas.

Para que o espetáculo seja mais atrativo é comum transportar touros da Espanha. Para tal, são usados fortes soníferos e os touros são colocados em uma espécie de gavetas com as patas para cima. Muitos morrem no translado.

O sadismo persiste no espetáculo e o espectador parece se converter num míope ou sádico. Porque se divertir contemplando o sofrimento de um ser vivo, para mim, é uma atitude própria de mentes cruéis e sádicas.

É comum os pais levarem seus filhos as corridas de touro cultivando nas crianças a insensibilidade e violência.

Fazem parte dos argumentos das pessoas que defendem a corridas de touro como essa sendo parte de sua cultura e essencial de suas "tradições pátrias". A tradição de um costume - que neste caso é importada dos espanhóis no processo de colonização - nunca pode ser argumento determinante para sua sobrevivência. Foram tradições - em sua época e lugar - a escravidão, os sacrifícios humanos, etc. Como os cristãos que eram colocados juntos aos leões e a luta de gladiadores, a corrida de touro deve extinguir-se para que deixemos de lado longos séculos de atraso cultural e possamos avançar em direção ao progresso cultural, moral e espiritual da humanidade.

Quem dá o direito de decidir pela vida dos demais? E quando esses não podem falar para se defender? Como podemos falar tanto de direitos humanos se sequer podemos entender algo tão simples como o direito a vida?

Rebeka Holanda

BRASIL

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Author`s name Timothy Bancroft-Hinchey
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