Jovem com diabetes pode ter vida sexual normal, basta se cuidar!

Comunidade Diabetes *

O início da vida sexual é uma fase difícil e complexa, exige muita atenção e consciência, mas está se dando cada vez mais cedo, prova disso é o aumento constante do número de grávidas adolescentes. Com isso, nós da Comunidade Diabetes, convidamos a Neuropsicóloga Gislaine Gil, que é pós-graduada pelo HC da Faculdade de Medicina da USP e responsável pelo Programa de Estimulação Cerebral do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, para nos dar algumas dicas e respostas sobre como os jovens devem proceder num momento tão particular e único na vida de qualquer pessoa.

- Como o adolescente com diabetes deve lidar com a iniciação sexual?

- A iniciação sexual de adolescentes, independe de ter ou não diabetes, deve ocorrer através de informações acerca do próprio corpo, do ato sexual e do uso de preservativos para prevenir doenças infectocontagiosas. Porém, para os adolescentes com diabetes informações adicionais devem ser ditas, visto que a descompensação dos níveis de glicose pode acarretar prejuízos na função sexual, conforme mencionaremos adiante, e é importante realizar a higiene corporal de maneira mais rigorosa, visto que quem tem diabetes possui maior propensão a problemas com a pele, como furúnculos e abscessos, logo, maior chance de contrair doenças sexualmente transmissíveis.

- Quais os cuidados extras com a saúde que um jovem com diabetes deve ter?

O diabetes é uma doença crônica caracterizada pelo excesso de glicose no sangue e produção deficiente de insulina pelo pâncreas. Como toda condição crônica exige atenção especial, logo, os adolescentes não fogem à regra no momento de seguirem os seguintes cuidados:

* Exercícios físicos regulares;
* Dieta específica, com o hábito de se alimentar durante o intervalo das refeições para evitar sentir fraqueza e/ou tontura e ingerir líquidos;
Dedicar-se aos cuidados dos pés;
* Realizar os cuidados com a pele devido a possível problema de furúnculos e abscessos;
* Procurar auxílio médico regular a fim de medir a pressão arterial ou fazer eletrocardiograma;
* Verificar problemas bucais, com profissional especializado, como: dentes amolecidos, halitose (mau hálito) e problemas na gengiva;
* Controlar a glicemia constantemente.

- Como não deixar o diabetes atrapalhar a vida pessoal dos adolescentes?

- Adolescentes que apresentam bom entendimento acerca do diabetes e das conseqüências que a falta de cuidados especiais podem desencadear tendem a apresentar um melhor nível de enfrentamento da condição crônica à qual se vêem expostos.


Diante da nova rotina imposta pelo diabetes e da excessiva preocupação dos familiares acerca de possíveis descompensações, alguns adolescentes passam a se afastar do convívio social mais amplo, visto que alguns pais restringem os horários e os locais de passeio. Desta forma, recomenda-se que pais e filhos busquem orientações específicas acerca dos cuidados a serem tomados e que adaptem tais cuidados ao padrão de vida do adolescente.

- As constantes alterações do nível de açúcar interferem na vida sexual?

- Sim. No caso da hiperglicemia prolongada pode promover sensação de cansaço, o que contribui para a diminuição do prazer sexual e interfere nas ereções. Além disso, pode também provocar infecções nas áreas genitais que provocam dor e diminuem o desejo sexual. Já a hipoglicemia pode trazer desconforto e interferir no prazer sexual.


Porém, o fator emocional comumente influencia o prazer sexual destes adolescentes, que muitas vezes relatam temer uma crise de hipoglicemia, sem apresentar qualquer descompensação fisiológica, o que também contribui para diminuir o desejo e o prazer sexual. Isso acontece porque diante da falta de controle sobre a ocorrência de descompensação, o adolescente passa a se comportar de forma hipervigilante em relação às reações corpóreas. Desta forma, recomenda-se a monitorização freqüente a fim de buscar uma comprovação de tal descompensação. E diante da não comprovação, realizar treino de respiração para que se acalme e consiga vivenciar a situação sexual de forma satisfatória.

- A família influencia na forma do jovem encarar o diabetes?

- Os adolescentes com suporte familiar sentem-se mais competentes para lidar com o diabetes, uma vez que eles compartilham o seu dia-a-dia como a alimentação, aplicação de insulina e a monitorização ou seja, apresentam maior auto-estima, se sentem mais competentes no relacionamento interpessoal e consequentemente, aderem mais facilmente ao tratamento. Portanto, os sintomas da doença passam a não ser mais um fator impeditivo ao convívio social.

- Quais as dicas para o adolescente com diabetes ter uma iniciação sexual sem medos?

* Evitar sentir-se diferente ou inferior ao seu parceiro sexual;
*Não tirar proveito da situação de ser diabético, procurando, de alguma maneira, manipular a companheira em determinadas situações a fim de obter mais atenção para si;
* Saber lidar com a sensação de cansaço que contribui para a diminuição do prazer sexual e interfere nas ereções, e
* Ficar atento às infecções nas áreas genitais que provocam dor e diminuem o desejo sexual.


* http://www.comunidadediabetes.com.br

http://www.adital.com.br/site/noticia.asp?lang=PT&cod=35668

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Author`s name Timothy Bancroft-Hinchey
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