Israel ameaça retaliar caso palestinos não desistam da ONU

Uma nova reunião entre diplomatas palestinos e israelenses terminou em impasse na noite deste domingo (6), em Jerusalém, com a presença do enviado estadunidense para as negociações, Martin Indyk. Apesar de manter-se no caminho diplomático, a Autoridade Palestina (AP) decidiu voltar a tomar medidas no âmbito internacional e o governo israelense reagiu com ameaças, enquanto continua expandindo a ocupação sobre os territórios palestinos e acusando a AP de frustrar as negociações.

Na sexta-feira (4), o secretário de Estado dos EUA John Kerry havia dito que o governo estadunidense, que se apresenta como mediador nas negociações - embora demonstrem a aliança inabalável a Israel e ao governo colonialista do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu - estaria reavaliando o seu papel.

Em reunião na mesma semana, a ministra da Justiça israelense, Tzipi Livni, disse ao representante palestino, Saeb Erekat, que o compromisso com a libertação de um quarto grupo de prisioneiros seria adiado em resposta à candidatura da AP para a adesão a 15 convenções internacionais.

A medida da AP foi ocasionada pela recusa israelense em cumprir o compromisso de libertação do último grupo de prisioneiros palestinos - detidos ainda antes da década de 1990 - e pela falta de avanço diplomático nas negociações com Israel. Além disso, também é denunciada frequentemente a expansão da ocupação israelense dos territórios palestinos, propiciada pela negligência do seu aliado estadunidense.

A opção pelo recurso ao direito internacional tem como objetivo fortalecer o Estado da Palestina como tal, no cenário internacional - desde que foi reconhecido, na Assembleia Geral da ONU, em 2012 - e criar as condições para denunciar Israel ao Tribunal Penal Internacional (TPI) pelas violações e pela expansão da ocupação militar.

Uma das propostas sobre a mesa, entretanto, é a extensão do prazo acordado para as negociações, 29 de abril, mas até mesmo o chanceler estadunidense disse que a reavaliação do seu papel inclui o limite de tempo que os próprios EUA podem dispender para o processo. A sugestão de extensão do prazo partiu do diplomata norte-americano, mas não foi aceita, incialmente, pelos palestinos.

Ameaças e acusações

A reunião do domingo (6), apesar de não ter resultados, deixou como proposta a continuidade para esta segunda-feira (7). De acordo com o jornal israelense Ha'aretz, uma autoridade israelense disse que o encontro foi "positivo e sério", ao contrário do último, que resultou em acusações incisivas e discussões. "Não há tensão [mas] ainda há desacordo sobre a melhor forma de superar a atual situação", disse a fonte. A mesma opinião foi emitida por uma fonte estadunidense na reunião.

Entretanto, os delegados palestinos foram incisivos e denunciaram, em declarações à agência francesa de notícias AFP, que a reunião foi muito tensa e que os israelenses recusam-se a avançar com a libertação do quarto grupo de prisioneiros. Um diplomata palestino informou que os negociadores israelenses novamente centraram suas intervenções em ameaças contra os palestinos.

O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu exigiu que os palestinos retirem o seu pedido de adesão a 15 instituições da Organização das Nações Unidas, encaminhado na semana passada, como uma condição para discutir a libertação dos prisioneiros, o quarto grupo de uma lista de 104 nomes, entre cerca de cinco mil detidos nas prisões israelenses.

Além disso, durante uma reunião com seu gabinete, também no domingo (6), disse que Israel vai retaliar e tomará seus próprios "passos unilaterais", caso a Autoridade Palestina (AP) não volte atrás em suas candidaturas às convenções internacionais, no que foi apoiado pelo chanceler de extrema-direita Avigdor Lieberman. O presidente da AP, Mahmoud Abbas, porém, já rechaçou a exigência e disse não temer as ameaças de Israel.

Nesta segunda, o parlamento israelense também realiza uma sessão extraordinária, durante o recesso, para um debate sobre as negociações, convocado pelos parlamentares de oposição, críticos à forma com que o governo maneja a situação.

 

Por Moara Crivelente, da Redação do Vermelho,

Com informações das agências e do Ha'aretz

 

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