Você já se pegou assistindo ao mesmo filme pela décima — ou centésima — vez, mesmo conhecendo cada fala de cor? Se sim, saiba que você não está sozinho. E a ciência tem uma explicação convincente para esse comportamento tão comum (e reconfortante).
Segundo psicólogos, o hábito de rever filmes ou séries favoritos está ligado ao que se chama de conforto emocional previsível. Em um mundo cheio de incertezas, rever uma história conhecida ativa áreas do cérebro associadas à segurança e ao prazer. Sabemos exatamente o que vai acontecer — e isso nos acalma.
De acordo com um estudo da Universidade de Chicago, revisitar narrativas familiares reduz os níveis de ansiedade e ativa circuitos de recompensa semelhantes aos estimulados por música e comida. Assistir novamente a um filme preferido é como visitar um velho amigo: nos faz sentir em casa.
Além disso, esse hábito fortalece a memória afetiva. “Filmes que reassistimos costumam estar ligados a fases importantes da vida, como a infância ou relacionamentos marcantes”, explica a neurocientista Pamela Rutledge. Ao rever, reativamos emoções passadas e criamos uma espécie de ancoragem emocional positiva.
Sim — desde que não se torne uma fuga constante da realidade. O ato de revisitar histórias pode ser terapêutico, especialmente em momentos de estresse, luto ou solidão. Um artigo informa que esse comportamento promove a regulação emocional e ajuda na construção de resiliência psicológica.
Curiosamente, crianças fazem isso de forma ainda mais intensa. Quantas vezes um pequeno não pediu para ver o mesmo desenho animado? A repetição ajuda na assimilação de padrões, compreensão emocional e desenvolvimento cognitivo — um processo que continuamos a aplicar, inconscientemente, na vida adulta.
Então, da próxima vez que der play mais uma vez naquele filme que você já viu 27 vezes, não se culpe. Seu cérebro, na verdade, está só buscando um abraço emocional através da tela.
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