Perigo vai de lesões no olho, órgão mais exposto a traumas, até alterações na visão e no sistema nervoso central. Aprenda selecionar neste Natal.
No dia 27 de novembro, aconteceu em todo o Brasil o Black Friday, campanha adotada pelo comércio eletrônico e lojas físicas para iniciar as promoções de Natal.
Quando se trata de brinquedos, o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto do Instituto Penido Burnier afirma que a atenção deve ir muito além do preço. O cuidado começa com o colorido das peças. Isso porque, um dos fatores que faz os brinquedos piratas custarem menos é justamente a qualidade da tinta, comenta. "Quando mais brilhante, menor é a segurança porque a tinta tem mais solvente e pode causar irritação nos olhos", observa.
O maior problema, ressalta, são os brinquedos revestidos com tinta a base de chumbo, material proibido no Brasil desde 2008. Isso porque, levantamento da OMS (Organização Mundial da Saúde) revela que o chumbo anualmente causa alteração no sistema nervoso central e retardamento mental em 600 mil crianças ao redor do mundo. Para garantir a segurança das crianças, o oftalmologista diz que os pais devem checar se o brinquedo tem o selo do Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia). Segundo as normas do órgão. o selo autêntico tem numeração e a letra "N" da marca é maiúscula. Caso contrário, indica falsificação e pode ser arriscado para a saúde.
Traumas e perfurações
Outro cuidado apontado por Queiroz Neto é evitar pistolas de pressão que atiram cápsulas gelatinosas, jatos de água ou ar. Isso porque, objetos menores que a órbita ocular exercem maior pressão sobre o olho e podem causar abrasão na córnea, glaucoma, catarata traumática ou descolamento da retina. Este é o caso também das bicicletas, triciclos ou skates. Embora este tipo de brinquedo represente uma opção saudável contra a crescente obesidade infantil, deve ser usado com óculos de proteção para evitar que o olho sofra trauma provocado por queda, insetos ou partículas de poluição.
Os brinquedos pontiagudos como espadas e flechas também devem ser afastados das crianças porque podem causar perfuração ocular. Quando isso acontece, o especialista diz que a criança deve ser encaminhada imediatamente para um pronto-socorro. "Tentar limpar o olho ou retirar o objeto pode piorar a lesão", afirma.
Eletrônicos aumentam miopia
Quem está pensando em presentear o filho com um tablet ou videogame deve negociar com a criança pausas de descanso visual. Isso porque um estudo realizado por Queiroz Neto com 390 crianças de 9 a 12 anos que permaneciam até 6 horas utilizando computador ou videogame mostra que 21% apresentaram miopia transitória, contra a prevalência de 12% apontada pelo CBO (Conselho Brasileiro de Oftalmologia). O médico explica que a miopia transitória está relacionada à síndrome da visão no computador. Significa que entre crianças o esforço visual para perto por um período prolongado diminui a capacidade de acomodação dos olhos, fazendo com que tenham dificuldade temporária de enxergar de longe. Se os hábitos não forem modificados a miopia pode se tornar um mal permanente. Para evitar o problema a recomendação é a criança descansar de 15 a 30 minutos a cada hora de videogame ou navegação na internet. As brincadeiras ao ar livre ainda são as mais saudáveis, inclusive para a visão, comenta.
Jogos 3D só depois dos 7 anos
O oftalmologista ressalta que por precaução os jogos 3D só devem ser usados por crianças com mais de 7 anos, idade em que o desenvolvimento do olho já está completo. Isso porque, para ele é melhor não arriscar, embora não tenha comprovação científica a teoria de um fabricante de jogos 3D de que este tipo de tecnologia pode atrapalhar o desenvolvimento ocular.
Caneta laser pode cegar
Queiroz Neto que já atendei um menino de 9 anos com lesão irreversível na retina causada por uma caneta laser. afirma que os pais não devem dar este tipo de dispositivo para crianças. Só para se er uma idéia do risco, um levantamento do NIST (NationalInstitute of Standards and Technology), instituto americano equivalente ao Inmetro no Brasil, mostra que quase 90% das canetas laser de cor verde e 44% das que emitem luz vermelha estão fora dos limites de segurança impostos internacionalmente.
O médico diz que a potência acima de 5 mW (miliwats) pode causar desde edema na córnea até lesão permanente na retina. Quanto maior o tempo de exposição à luz, mais grave é a lesão no olho. Ao contrário do que muitos acreditam, as canetas que emitem luz azul podem ser ainda mais perigosas. Um relatório dos hospitais Johns Kopkins (EUA) e King Khaled Eye (Arábia) revela 4 casos de perfuração da retina em crianças com menos de 15 anos causados pela exposição dos olhos ao laser azul. O mais prudente é evitar este dispositivo entre crianças, conclui.
Eutrópia Turazzi
LDC Comunicação
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