O fenômeno de Tunguska, que é como se conhece a queda de um objeto espacial na Sibéria em 1908, provocou chuvas ácidas na zona de catástrofe, opinam os cientistas russos, italianos e alemães.
O movimento de meteoritos na atmosfera da origem às altas temperaturas que fazem ao oxigênio combinar-se com nitrogênio e formar o oxido nítrico que mais tarde se converte no dióxido, se combina com água e forma o ácido nítrico que caie sobre a superfície em forma de chuvas ácidas, explica Natalia Kolésnikova, co-autora de um estudo realizado pelos expertos da Universidade de Moscou Lomonossov, a Universidade de Boloña e o Centro de Investigações Medioambientales de Leipzig.
Segundo as estimativas dos investigadores mais de 200 mil toneladas do nitrogênio caíram na zona de Tunguska. Após analisar a presença deste elemento e do nitrogênio pesado № 15 numa amostra procedente do lugar de catástrofe, eles chegaram a uma conclusão de sua concentração depender tanto da distância com respeito ao epicentro como da suposta trajetória do objeto espacial.
Segundo testemunhas, ao amanhecer do dia 30 de 1908 no céu siberiano apareceu uma enorme bola de fogo. Tribos mais próximas a zona de impacto vêem suas vestes rasgadas, incendiadas e são atiradas à distância.
O míssil cósmico com três milhões de toneladas explodiu a aproximadamente 6 km de altitude, a 30° acima do horizonte, azimute de 110° e epicentro nas coordenadas 60° 54 59 norte e 101° 56 leste. Milhares de fragmentos precipitam-se sobre a superfície cavando cerca de 200 crateras de 1 a 50 metros. A zona de destruição atingiu uma área de 2 mil km quadrados, milhões de árvores tombaram incineradas segundo um padrão radial numa posição de cima para baixo como se um súbito e instantâneo calor as houvesse atingido. As que resistiram ficaram desprovidas de galhos e folhas.
Um onda de calor varreu a região secando riachos e lagos. Algumas propriedades rurais são arrasadas e animais morreram. Imediatamente sismógrafos disparam em todo o mundo. A Estação Sismográfica de São Petersburgo a 4.000 km de distância é uma das primeiras a registrar tremores. O ruído é ouvido num raio de 800 km de distância fazendo com que o maquinista da Ferrovia Trans Siberiana parasse o trem convencido de um descarrilamento. Algumas horas após a explosão, coloridos pouco comuns ao alvorecer e no crepúsculo chamam a atenção das populações do leste europeu e Ásia Central. O espetáculo continuou ainda por várias semanas.
Nos céus de Moscou bem como em Londres , após alguns dias, surge um fenômeno luminoso que possibilita as pessoas lerem um jornal à meia noite! Esse espetáculo luminoso também foi visível a leste da Sibéria. Distúrbios no campo magnético da Terra são registrados a 900 km sudoeste do epicentro pelo Observatório Irkutsk. Tais distúrbios são mais tarde comparados aos produzidos por uma explosão nuclear na atmosfera.
De fato, analisando recentemente as ondas sísmicas no laboratório sismológico do Instituto de Ciência Weizmann em Rehovot, Israel, deflagradas pelo evento Tunguska, estimativas da intensidade liberada apontaram valores entre 10 e 15 megatons, o equivalente a mil bombas atômicas como as lançadas pelos norte-americanos sobre Hiroshima, Japão, em 6 de agosto de 1945 matando 140 mil pessoas e mutilando milhares por radiação e queimaduras externas. Muitas tentativas foram feitas para coletar materiais que indicassem a presença de partículas cósmicas necessárias à identificação do objeto intruso.
Um dos pesquisadores que mais estudou o assunto foi o norte-americano Z.Sekanina. Ele concluiu que é muito provável que o artefato que provocou o fenômeno de Tunguska tenha sido um bólido de 190 metros de diâmetro ou mesmo maior, porém menor que um asteróide do tipo Apollo que passam rasantes à Terra. Tratando-se de um asteróide, obrigatoriamente para se esfacelar com o atrito na alta atmosfera, ele teria que ser do tipo E, baixa densidade, onde predominam rochas.
Contudo há um forte óbice contrário a esta hipótese ou seja, se foi um asteróide que explodiu naquela manhã de junho, porque até agora ninguém encontrou nenhum fragmento por menor que seja? Novas explorações contudo feitas recentemente por um grupo de cientistas italianos, encontrou evidências de uma possível cratera de impacto no fundo da lago Cheko, distante cerca de 8 km do epicentro da explosão e que teria se formado por destroços do astro intruso. A descoberta de um fragmento mesmo pequeno no fundo da cratera poderá trazer novas luzes sobre a origem do artefato cósmico.
Outros estudos contudo apontam para um pedaço desprendido de um cometa. Como os cometas são compostos por um conglomerado de rocha, poeira e gelo, é comum o seu esfacelamento devido a ação da radiação solar ou da gravidade na aproximação a um planeta ou ao Sol. Em julho de 1994 o planeta Júpiter foi bombardeado por 21 pedaços do cometa Shoemaker-Levy 9 que não resistira a sua gigantesca força de gravidade e se fracionou. A maior parte dos estudos demonstram que as grandes ameaças continuam sendo realmente os fragmentos dos núcleos de cometas que se desintegram.
Com Nelson Travnik
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