Na UFRJ, Faculdade de Medicina lança marca símbolo e homenageia professores eméritos - Instituição completará 200 anos de existência em 2008
Há um ano de completar 200 anos de existência, a Faculdade de Medicina da UFRJ lançou no dia 14 de agosto, a nova marca símbolo da instituição, juntamente com a marca comemorativa do bicentenário (imagem ao lado). No mesmo dia, durante a sessão solene da Congregação da Faculdade de Medicina, no Auditório Halley Pacheco do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF), foram homenagenados 11 professores eméritos da Faculdade de Medicina.
Na abertura da sessão, a chegada de um dos homenageados, o Professor Clementino Fraga Filho, provocou os aplausos de todo o público presente. A sessão foi presidida pela vice-reitora da Universidade, Professora Sylvia Vargas - ex-aluna, ex-professora e ex-diretora da Faculdade de Medicina - e contou com a presença na mesa do Professor Almir Fraga Valladares, ex-Diretor da Faculdade de Medicina e atual Decano do Centro de Ciências da Saúde da UFRJ; Alexandre Pinto Cardoso, Diretor do HUCFF; Antonio Ledo Alves da Cunha e José Marcus Raso Eulálio, Diretor e Vice-Diretor da Faculdade de Medicina da UFRJ; Paulo Scardino, representante dos funcionários técnico-administrativos por ser o mais antigo funcionário da Faculdade de Medicina; e Ricardo Farias, representanto dos alunos.
Na primeira parte da Sessão Solene, o Professor Marcus Dohmann, da Escola de Belas Artes da UFRJ, apresentou a nova marca símbolo da Faculdade de Medicina, juntamente com a marca dos 200 anos. Dohmann explicou que foi realizado um levantamento utilizando elementos como o bastão de Hermes e o bastão de Esculápio (serpente enrolada num bastão de madeira). Na mitologia grega, Esculápio era o deus romano da medicina e da cura e desde então este bastão representa o símbolo da medicina moderna.
O Professor Dohmann, no entanto, procurou manter este traço tradicional da instituição - que, no Brasil, se confunde com a própria História da Medicina - e unir visualmente a elementos contemporâneos da arte. Ele ressaltou a importância da parceria interdisciplinar que a Faculdade de Medicina e a Escola de Belas Artes proporcionaram e equiparou as artes ali expostas: a médica e a visual. O Diretor da Faculdade de Medicina, Professor Antonio Ledo, afirmou que o Professor Dohmann foi convincente ao afirmar que não poderia haver uma marca símbolo dos 200 anos sem ter uma marca símbolo da Faculdade de Medicina. "Achei o trabalho sensacional, fantástico", destacou.
Mestres homenageados
Na segunda parte do evento, a Professora e Vice-Reitora da UFRJ, Sylvia Vargas, destacou que o título de Professor Emérito é privativo de Professores Titulares da UFRJ "cujos serviços de magistério tenham sido considerados de excepcional relevância". O adjetivo emérito, explica Sylvia, "qualifica seu portador como alguém em quem se comprovou grande competência e elevado saber, sendo necessária essa atribuição de valor".
Foram homenageados 11 ex-professores da Faculdade de Medicina: Antonio de Pádua Jazbik, Arthur Octávio de Avila Kós, Clementino Fraga Filho, Eustáchio Portella Nunes Filho, José Rodrigues Coura, Lea Ferreira Camillo-Coura, Levão Bogossian, Marcos Palatnik, Orlando Marques Vieira, Rubem David Azulay e Umberto Perrotta. Coube a Eustáchio Portella homenagear o Professor Clementino, afirmando que "as qualidades do Professor Fraga são numerosas". E prosseguiu Portella: "Ele não poderia ser exaltado apenas por palavras, uma vez que sua verdadeira exaltação se constituiu através de sua atividade como profissional, como Professor e como ser humano".
Clementino Fraga também fez três intervenções, em uma delas afirmando que não fez nada demais. "Claro, tive que acordar um pouco mais cedo, dormir um pouco mais tarde. Mas tudo o que fiz foi manter o esforço, a vontade, a dedicação e o estudo. Não é preciso mais nada do que isso", afirmou o Professor, sempre bem-humorado e com uma voz tranqüila e segura. Fraga destacou que um dos principais privilégios que teve na Faculdade de Medicina da UFRJ foi ter trabalhado com três gerações distintas. "Entrei muito cedo na Faculdade, com 40 anos. Convivi, portanto, com grandes mestres, com quem muito aprendi; com os colegas e companheiros, com quem me diverti muito; e por fim com os alunos, com quem aprendi mais ainda, de modo que a vantagem que tive era enorme".
Fraga recebeu a homenagem do representante dos alunos da Faculdade de Medicina, Ricardo Farias. O Decano do CCS e ex-Diretor da Faculdade de Medicina, Almir Fraga Valladares, brincou: "O Clementino é o maior símbolo de dedicação e de monogamia institucional que eu conheço". Almir resgatou para o público o trecho de um discurso de Clementino durante a defesa de tese de doutorado datado de 1939, em que o Professor lembra a responsabilidade da profissão de médico.
Compromisso com a História
O Diretor da Faculdade de Medicina, Professor Antonio Ledo, afirmou ser aquele um dia especial na História da instituição. "Queremos reafirmar o compromisso com nossa tradição, com nossa História, com o início do ensino na medicina no nosso país, juntamente com a Faculdade da Bahia", destacou, lembrando a fundação dasduas universidades mais antigas de medicina do país, em 1808. Ledo também centrou sua fala na responsabilidade social da atual geração, apontando que apenas 10% da população de jovens no Brasil tem acesso ao ensino universitário, sendo que apenas 3% estão em universidades públicas.
"Temos que ter o compromisso com a universalização da universidade pública", afirmou. Apontando para o caminho da interdisciplinaridade, Ledo lembrou um pensamento de Pascal: "Não posso conhecer o todo se não conhecer particularmente as partes e não posso conhecer as partes se não conhecer o todo. Combater a fragmentação aceitando a complexidade é um caminho para que possamos, aqui na Faculdade de Medicina da UFRJ, criar um espírito de corpo".
Formação humanista
Sylvia Vargas falou sobre sua trajetória e destacou a formação humanista da Faculdade de Medicina. "Eu sou extremamente suspeita para falar da Faculdade de Medicina, uma vez que fui aluna, aqui me formei, depois fui Professora e fui diretora. Portanto, me identifico em absoluto. A Faculdade de Medicina tem o mérito de formar não exatamente médicos que cuidem de doenças - a hipertensão, a úlcera, entre outras -, mas que cuidem da pessoa que está doente. Isto é de uma importância fundamental, porque implica no relacionamento médico-paciente, que é o pilar mais importante da medicina", argumentou.
A Faculdade de Medicina da UFRJ foi criada pelo príncipe regente D. João, por Carta Régia, assinada em 5 de novembro de 1808, com o nome de Escola de Anatomia, Medicina e Cirurgia e instalada no Hospital Militar do Morro do Castelo. Até então a filosofia colonial dificultava o ensino superior no Brasil, por considerá-lo ameaça aos interesses da corte. Os médicos na colonia restringiam-se a uns poucos brasileiros graduados na Europa e a raros europeus que aqui vinham exercer a sua profissão. A Faculdade de Medicina funcionou como escola isolada até 7 de setembro de 1920, quando foi criada, por Decreto, a Universidade do Rio de Janeiro. Em 1937, com a criação da Universidade do Brasil, passa a se chamar Faculdade Nacional de Medicina.
Fonte: www.consciencia.net
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