Médicos descrevem Jesse Sullivan como o primeiro paciente amputado a contar com um braço artificial controlado pelo pensamento. Sullivan tem dois braços artificiais, mas é capaz de subir uma escada e pintar a casa. Ele também é um hábil jardineiro, e já dominou uma tarefa muito mais delicada: abraçar os netos. Os movimentos são suaves e coordenados porque seu braço esquerdo é um dispositivo biônico, controlado pelo cérebro: Sullivan pensa, "feche a mão", e sinais elétricos, transmitidos por nervos desviados cirurgicamente, obedecem.
Nesta quinta-feira, em Washington, ele se reuniu com Claudia Mitchell, a primeira mulher biônica - que conta com um braço artificial também controlado por pensamentos. "Era estranho. Tinha que pensar: 'Bom, esta é minha mão, qual músculo quero movimentar? Para isto, tinha que flexionar o músculo peitoral ou o tríceps. Agora faço isto apenas com a mente", afirmou Mitchell em entrevista coletiva no Clube da Imprensa de Washington. Entretanto, o aparelho produz alguns efeitos curiosos em seu portador. Mitchell disse que quando alguém toca no seu peito, onde estão os eletrodos conectados aos nervos, sente uma sensação como se estivessem tocando em suas mãos.
A conquista se deve à revolucionária conexão que os especialistas do Instituto de Reabilitação de Chicago conseguiram estabelecer entre o cérebro e a máquina. O doutor Todd Kuiten, junto com o cirurgião plástico Gregory Dumanian, deslocaram as extremidades dos nervos responsáveis pelo movimento dos braços para o peito, onde eletrodos recebem as ordens que o cérebro emite e as transmitem para a prótese. O "braço biônico" conta com seis motores, que fazem com que os movimentos do aparelho sejam bem mais amplos e naturais do que os de uma prótese comum. Nem mesmo o peso do aparelho - cinco quilos - representa uma dificuldade para o paciente. O próximo passo, segundo Kuiken, será conseguir fazer com que a mão artificial possa sentir e enviar sensações táteis para o cérebro.
Os braços de Sullivan e Mitchell são parte de uma iniciativa do governo americano para refinar membros artificiais que conectam a mente ao corpo. Os Institutos Nacionais de Saúde (NIH) financiaram a pesquisa, à qual se uniu, recentemente, o serviço de pesquisa e desenvolvimento das Forças Armadas, o Darpa.
"Estamos entusiasmados em trabalhar com os militares", disse o criador dos braços biônicos de Sullivan e Mitchell, Todd Kuiken. Segundo a Coalizão de Amputados da América, apenas no transcurso das operações "Liberdade Duradoura", em 2001 no Afeganistão, e "Liberdade Iraquiana", em 2003, quase 200 soldados sofreram amputações. A maior parte das lesões traumáticas são fruto de tiros de pequenas armas de fogo e de explosões, de bombas improvisadas, de minas antipessoais e de granadas. Esta situação deu novos ares para a indústria paramédica, que não vivia uma situação parecida desde a Guerra do Vietnã, nos anos 70.
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