A atual conquista, lideradas pelos chineses, do Extremo Oriente da Rússia já parece estar sendo objeto de preocupação imediata para o Kremlin. A desproporção étnica do índice de natalidade em diferentes regiões do país é outro problema. A comunidade muçulmana poderá tornar-se a maior comunidade na metade do século atual. Portanto, o islã tem toda a probabilidade de tornar-se a religião predominante na Rússia.
Os cientistas políticos ucranianos Valery Chaliy e Mikhail Pashkov acreditam que esse não é o único desafio que a Rússia terá que enfrentar nos dias de hoje.
"A estabilidade macroeconômica da Rússia está sendo abalada pelo alto índice de inflação e pelos preços dos alimentos. Fundos consideráveis estão sendo investidos em corporações estatais e gastos com necessidades sociais. A corrupção restringe o crescimento da economia nacional. A Rússia caiu do 1200 para o 140 lugar entre os 160 países na lista de corrupção da Transparência Internacional. A Rússia descobriu-se na companhia de Gâmbia, Indonésia e Togo sob esse aspecto. A Rússia ocupa o humilde 580 lugar na lista de 131 países na classificação da capacidade competitiva ajustada da economia de 2007.
O islã é atualmente a segunda religião mais amplamente professada na Federação Russa. É impossível obter-se estatística oficial de crentes "praticantes" do islã ou de qualquer outra religião na Rússia porque não há censo ou estatística de âmbito nacional nesse assunto da parte de qualquer organização governamental. Roman Silantyev, islamólogo russo, avaliou que há apenas entre 7 e 9 milhões de pessoas que praticam o islã na Rússia, e o restante é formado por muçulmanos que o são por causa da etnia. As comunidades muçulmanas estão concentradas em nacionalidades minoritárias residentes entre o Mar Negro e o Mar Cáspio: adigues, balcares, chechenos, circassianos, inguches, cabardinos, carachais, e numerosos daguestaneses. Ademais, no meio da Bacia do Volga residem populações de tatares e baschquires, muitas das quais são muçulmanas.
Há muita evidência de conciliação oficial em relação ao islã na Rússia nos anos 1990. O número de muçulmanos com permissão para fazer peregrinações a Meca aumentou fortemente depois que o embargo da era soviética terminou em 1990. Em 1995 a recentemente estabelecida União dos Muçulmanos da Rússia, liderada pelo Imã Khatyb Mukaddas do Tatarstão, começou a organizar um movimento voltado para melhorar o entendimento interétnico e para acabar com as falsas concepções a respeito do islã remanescentes entre os russos. A União dos Muçulmanos da Rússia é sucessora direta da União dos Muçulmanos anterior à Primeira Guerra Mundial, que tinha sua facção própria na Duma russa. A união pós-comunista formou um partido político, o Movimento Público Muçulmano Luz, do Toda a Rússia, que atua em estreita coordenação com imãs muçulmanos para defender os direitos políticos, econômicos e culturais dos muçulmanos e de outras minorias. O Centro Cultural Islâmico da Rússia, que inclui uma madrassa (escola religiosa), foi aberto em Moscou em 1991.
A maioria dos muçulmanos na Rússia pertence ao ramo sunita do islã. Cerca de 2% são muçulmanos xiitas. Em algumas áreas, notadamente na Chechênia, há uma tradição de sufismo sunita. Os azeris também têm sido historicamente, e são ainda atualmente, nominalmente seguidores do islã xiita, e quando sua república desmembrou-se da União Soviética, significativo número de azeris imigrou para a Rússia em busca de trabalho.
Muitos cidadãos muçulmanos, em particular clérigos muçulmanos, relatam, amiúde, casos de prisão e assédio por parte das autoridades, bem como confisco ocasional de fontes educacionais islâmicas. Os problemas foram exacerbados por ataques terroristas ligados a extremismo islâmico e independência chechena. Muitos muçulmanos comuns na Rússia temem ter-se tornado vítimas de reação violenta.
O aumento da população russa muçulmana, os ataques terroristas e o pronunciado declínio da população etnicamente russa deram origem a maior grau de xenofobia e islamofobia na Rússia. Ataques racistas violentos, de iniciativa de russos étnicos, particularmente cabeças-raspadas neonazistas, que antes costumavam ser feitos contra judeus, estão-se tornando cada vez mais frequentemente dirigidos contra muçulmanos. Assim, o impacto maior da violência racista na Rússia recai sobre os muçulmanos. Ataques racistas atingiram 539 pessoas em 2006, aumento de 17 por cento em relação a 2005, disse, num relatório, o centro analítico Sova. Aproximadamente metade das 56 pessoas mortas nos ataques eram, em sua imensa maioria, do Norte do Cáucaso e da Ásia Central.
Autor do post : Murilo Otávio Rodrigues Paes Leme
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