Recentemente, supostas referências no jornalismo internacional continuaram a reiterar diatribes da Guerra Fria contra o Presidente Putin, o Kremlin, Moscovo e a Rússia, numa altura em que a Rússia representa um estado da lei, respeito por acordos internacionais e em que Washington representa uma Nova Ordem Mundial unilateralista, agressiva, egoísta, baseada nos interesses do clique de elitistas que controlam o seu Governo. Será que toda a imprensa ocidental foi assimilada?
Como Director e Chefe de Redacção da versão portuguesa da PRAVDA.Ru, como colaborador da versão inglesa da mesma, tive o cuidado de contactar o Kremlin antes de escrever para este, o maior jornal de Internete na Rússia, com grande responsabilidade de ser fiel aos nossos 6,5 milhões de leitores. Pedi linhas guia para me orientar, tal como qualquer jornalista ocidental tem de seguir a sua deontologia. A resposta foi tão rápida como foi cristalina:
Caro Senhor Bancroft-Hinchey,
Agradecemos seu contacto mas infelizmente não podemos providenciar linhas-guia porque não existem. Bom jornalismo tem a ver com escrever a verdade.
E ponto final.
A verdade, em russo, é traduzido pela palavra Pravda. Para aqueles que visitam a Rússia numa base regular e que têm contacto com russos numa base diária (no meu caso todo o dia/noite e todos os dias), afirmações do tipo que encontramos na Financial Times (21 de Fevereiro de 2007) e Time Magazine (26 de Fevereiro de 2007) não constituem surpresa nenhuma, porque são aparentemente escritas nos escritórios confortáveis daqueles que recebem as notícias através do ecrã do computador, os mesmos escritórios onde há poucos anos se traçavam linhas em mapas e diziam isso é nosso, e aquilo é vosso, criando a porcaria que se vê no cenário geo-político de hoje.
O artigo na Financial Times
O artigo escrito por Martin Wolf na Financial Times é um exemplo de histéria anti-Rússia, insolência, ignorância, ignóbeis tentativas de auto-promoção e o nonsénsico material que se vê na imprensa ocidental de hoje, repleta com artigos escritos por aqueles cujos patrões querem instilar nos seus leitores a noção de que o artigo e gestão do tipo bacalhau quer alho é bonito, fácil de digerir.
O título do artigo de Martin Wolf refere previsivelmente ao urso russo, tal como os hooligans britânicos bêbados, encharcados de cerveja, se referem aos alemães como Krauts (couves), aos franceses como Frogs (rãs), tal como certas secções da imprensa internacional referem a porcos britânicos.
Ao contrário do porco de Martin Wolf, o urso russo é capaz de dar um abraço e não chafurda num mar de excremento, a roncar na sua incontinência desprezível. Por isso não constitui surpresa nenhuma que esse diatribe (desculpem, artigo) começa por referir ao urso russo a rosnar apanhado numa transição falhada.
Se uma transição falhada se constitui por uma economia em alta (uma tendência mais altista de sempre), por um aumento vertiginoso no nível da vida, aumentos nos salários, uma taxa de crescimento de 6,8% e um renovado respeito na comunidade internacional, enquanto os EUA e seus lacaios andam pelo mundo afora a lançarem guerras ilegais, massacrando civis e destruindo infra-estruturas com equipamento militar, então talvez o Martin Wolf seja adiantado mental.
Além disso, dizer que a NATO se expande para o oriente porque a Rússia trouxe o assassínio e a opressão a estes países, como faz agora na Chechénia é insolência descarada e difamação caluniosa. NATO, responsável por actos de terrorismo na Sérvia, por práticas imperialistas em traçar linhas em mapas, dando áreas sérvias aos terroristas do UCK, por actos de assassínio em grande escala (massacres na Sérvia, que inclui Kosovo), basicamente não passa de uma rede de cunhas entre amigos (Opus Dei, Maçónicos e companhia limitada), responsáveis por canalizar biliões de USD em fornecimentos de armas a sicofantas comprados.
De facto, NATO não passa de um sindicato de tráfico de armas mas é tão útil como um bando de avós bêbedas armadas com malas de lã: as Forças Armadas da Federação Russa conseguem aniquilar qualquer concentração de tropas, como conseguem eliminar qualquer elemento do tamanho de uma caixa de fósforos em qualquer localização em qualquer parte do planeta. Dentro de poucos segundos. Por isso qual é o propósito da expansão da NATO? Negócios para o lobby de armas a gravitar à volta de Washington.
Dizer que a Rússia assina chechenos prova o grau exponencial de ignorância do escritor e o profissionalismo desta dita referência no jornalismo. E se começassem a publicar estórias acerca da Sara que eSpanca, ou da Lésbica com Três Mamas que raptou Freira em Parque de Estacionamento Subterrâneo? Os terroristas chechenos são tão bem vindos na Rússia como terroristas da IRA ou paquistaneses da segunda geração com mochilas no Metrô de Londres.
Quase 100% dos Chechenos votaram recentemente permanecer dentro da Federação Russa e por isso, se manifestaram contra os cliques de Wahabitas/Al Qaeda que controlam históricamente as rotas de tráfico de tudo que é ilegal em qualquer parte do mundo. Se matar terroristas é um acto de assassino então como explicar o assassino dos civis iraquianos? Como explicar o asilo político concedido a Zakaev em Londres? Gozar com as crianças de Beslan, e seus familiares?
Para Martin Wolf, depois, dizer que o Governo de Vladimir Putin fica baseado em especialistas em violência e que a campanha contra os oligarcas dissidentes não passar de uma campanha do Kremlin contra a liberdade individual, é uma continuação lamentável mas previsível do seu artigo sobre o urso russo. Evidentemente, aqueles que tentavam ficar com os activos nacionais, aqueles que eram abertos a abordagens oriundas de elementos estrangeiros ciosos pelos vastos e quase intermináveis recursos da Rússia, podiam viver uma vida de luxo no mundo de bebedeira de Eltsin. Mas o que Vladimir Putin tem feito, e eficazmente, é restaurar a autoridade do Kremlin sobre os recursos do país. Os recursos russos pertencem aos povos da Rússia.
Se os vizinhos da Rússia têm problemas com isso e se aqueles que perpetuam a Guerra Fria querem ignorar a verdade, azar. A verdade é que a influência russa sobre a Europa Oriental veio depois de uma guerra em que regimes colaboracionistas e fascistas foram instalados nestes países, regimes que colaboraram com as forças que chacinaram 25 milhões de cidadãos soviéticos. A verdade é que os russos se limitaram a apoiar os Governos comunistas nestes Estados. Veio a educação e cuidados de saúde de alta qualidade e a garantia de uma casa, emprego, actividades no tempo de lazer, pensão e um estado seguro, substituindo plutocracias medievais e miseráveis níveis de vida.
Time Magazine: Rússia está interessada na instabilidade no Médio Oriente
Não constitui surpresa nenhuma que esse tipo de afirmação seja feito por uma publicação norte-americana, enquanto continua o Desastre Iraquiano e um sem-fim de famílias nos EUA a receberem a visita dos oficiais do governo antes da chegada do saco mortuário, principalmente num país cujo Presidente disse recentemente que Os famílias é onde a nossa nação encontra a esperança, onde as asas ganham sonho. (??)
Para Niall Ferguson da Time Magazine, o facto que os preços altos de petróleo seja bom para a economia russa significa que Moscovo se interessa na instabilidade no Médio Oriente, que irá criar um mercado bullish. Bullish? Ou Bullshit?
Moscovo segue históricamente uma linha coerente no respeito da lei internacional, o contrário de Washington, onde mentiras e intriga formam a política externa daqueles que foram coercidos em votar para um regime que conseguiu perpetuar-se através da manipulação do medo. Trabalhar com o Teerão e apoiar seus direitos sob a lei internacional faz parte fundamental desta abordagem, como também as relações de Moscovo com o Hamas democráticamente eleito e a Venezuela do Presidente Chavez, entre outros.
Que o Time Magazine pudesse rotular esta abordagem sem interesse na estabilidade no Médio Oriente e que o Financial Times pudesse descrever o registo de Vladimir Putin como um estado ineficaz e repressivo, é tão previsível. Basicamente porque as fontes de notícias ocidentais são repletas de jornalistas esperançados que escreveriam Hitler Rocks se der o primeiro contrato de trabalho e/ou aqueles que já escreveram bem mas, pertos da reforma, entendem que perpetuar o imundície em que chafurdam, como porcos, reiterando o disparate que poderia cair bem junto aos seus leitores, mas que não engana ninguém nesta Nova Ordem Mundial onde Moscovo manda... vale.
Por alguma razão será...
Timothy BANCROFT-HINCHEY
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