Presidentes da Comunidade de Estados Independentes ( ex-soviéticos), (CEI) reuniram-se em Moscou para mais um encontro sem gravata. Esta reunião não protocolar começou por um almoço num restaurante a bordo de uma embarcação atracada à margem do rio Moscova. Nas varandas descobertas do restaurante, os presidentes saborearam umas iguarias e falaram sobre problemas prementes.
O tema principal da reunião são as reformas de que esta Comunidade tanto necessita.
Ontem o Presidente da CEI,o Presidente do Kazaquistão, Nursultan Nazarbaiev, disse aos jornalistas," que os Estados da CEI não estão contentes com o seu funcionamento e alguns estão mesmo muito descontentes", e relembrou que a vocação histórica daquela comunidade "é guardar os laços" da União Soviética, designadamente em termos económicos e da Defesa.
Nazerbaiev apresentou, ainda, pistas para uma eventual reforma da CEI, que, em seu entender, lhe darão mais eficácia e deverão ser tomadas por todos os Estados membros em "cinco domínios: migração, transportes, educação, luta contra o terrorismo e questões humanitárias". A proposta deverá ser examinada na próxima cimeira da CEI, que decorrerá em Minsk, em Novembro de 2006.
A impressão era os presidentes serem mais interessados em visitar o Hipódromo para assistir às corridas da Copa do Presidente do que em discutir o futuro da CEI.
Até as últimas horas, a principal intriga era essa: quem dos dirigentes da Comunidade de Estados Pós-Soviéticos virá a Moscou? Então, só se sabia que não iria aparecer Saparmurat Niazov. O presidente do Turcomenistão está descansando no litoral do mar Cáspio . Além disso não assiste às últimas reuniões da CEI.
Quanto à ausência de outros três presidentes, essa notícia foi divulgada praticamente nos últimos instantes. O motivo do não-comparecimento do presidente armênio Robert Kotcharian é banal: apanhou um forte resfriado.
Já o dirigente ucraniano Viktor Iuchenko decidiu não deixar Kiev em face da situação política interna na Ucrânia, conforme diz o anúncio oficial. E, contudo, dirigiu a Vladimir Putin uma mensagem em que confirmou a intenção de aprofundar as relações de boa vizinhança e parceria com Moscou.
Com relação ao presidente georgiano, a situação está mais complicada. Os funcionários e jornalistas da comitiva de Mikhail Saakachvili souberam do cancelamento da visita já no aeroporto. O chefe do Gabinete da Presidência da República, Gheorghi Arveladze, explicou, sem mais aquela, ao repórter da Reuter que a visita fora anulada porque a Parte russa recusou-se a organizar encontro bilateral entre os presidentes georgiano e russo durante a cúpula.
Mais tarde, a Chancelaria georgiana, tendo, pelo visto, se apercebido dessa brusquidão, sugeriu uma outra explicação voltada para atenuar o tom da primeira versão. Declarou que este há de ser um encontro muito importante; portanto, precisa de um formato mais livre.
A situação é comentada por Akleksandr Konovalov, diretor do Instituto Nacional de Avaliações Estratégicas. Por que foi que o presidente Putin indeferiu, a julgar pelas declarações do Gabinete da Presidência georgiana, a idéia de realizar um encontro bilateral justamente agora, é uma questão fácil de entender, em geral. Encontros bilaterais são organizados quando as Partes vêm com uns certos pontos coincidentes nas suas posições e, portanto, necessitam aproximar essas posições.
Agora, as posições da Rússia e Geórgia em relação a muitos pontos vistos como assuntos palpitantes do momento diferem muito pronunciadamente. Assim sendo, seria certamente para Vladimir Putin bastante difícil arranjar um tempo para tentar persuadir ou dissuadir o presidente georgiano comenta o cientista político russo.
O pessoal do Gabinete da Presidência Federal da Rússia disse não compreender a decisão tomada por Mikhail Saakachvili para não comparecer na cúpula em Moscou por náo ter sido aceito seu pedido de organizar um encontro com Vladimir Putin. Os especialistas explicaram que o formato do encontro simplesmente não pressupõe uma agenda rígida e encontros bilaterais previamente fixados entre seus intervenientes.
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