A história da humanidade é prova inconteste da reação do homem perante o medo. Na primeira fase, os primeiros homens recolhiam os frutos da natureza. Não havia lógica para se fixar a um determinado local. Por isso, viviam andando de um lugar para outro à semelhança do modo de vida dos animais selvagens.
Os fantasmas eram os homens de outros clãs, as manifestações da natureza, as feras que surgiam do nada e assim em diante. O desafio era reduzir o medo ao nível de aceitabilidade. Pintavam mamutes, cabeças de inimigos, cobras e bichos medonhos.
Na segunda fase, os homens começaram a se fixar a um determinado local onde podiam viver do pastoreio e agricultura, sempre perto de uma fonte de água. Precisaram construir uma moradia mais estável capaz de servir de proteção contra inimigos e feras.
Os fantasmas continuavam a ser principalmente os homens invasores. Em função da instabilidade, rogavam poder especial aos céus e deuses. Sacrificavam animais e até pessoas para aplacar a maldade.
Na terceira fase, os homens foram para as cidades. A força atratora é o porto seguro. Significa um lugar capaz de oferecer o máximo de segurança. Este é o mundo contemporâneo.
Os medos precisam ser reinventados, cultivados e alardeados. É o caso do terror divulgado pelos norte-americanos, como justificativa para exterminar e invadir qualquer suspeita de medo. Os romanos combateram os cristãos. Ao invés de derrotá-los, consolidaram sua força e poderio. Os americanos combatem os terroristas. O resultado será o mesmo.
A melhor estratégia para avançar é aceitar as liberdades de expressão ou a diversidade de culturas. O cerceamento é contraproducente. O tiro sai sempre pela culatra.
O maior inimigo do homem é o próprio homem, ainda conquistador, dominador, explorador, selvagem como demonstram Bush, Blair, Kofi Annan e alguns outros senhores do mundo.
Perdura uma grande interrogação quanto à quarta fase da nossa história. É fácil prever um reequilíbrio da natureza à semelhança do ocorrido na Era Glacial, que provavelmente inundou as margens litorâneas do planeta.
A destruição da camada de ozônio tende ao aquecimento do planeta. A terra vai ficar árida. Vai faltar água potável. Vai faltar oxigênio.
Será que não está na hora de uma rehumanização do planeta? Será que o homem não consegue evoluir para um sistema participativo, mais inteligente, equilibrado, sensato, onde a maioria consiga viver incluída?
A humanidade continua fugindo dos seus medos. Explodimos muitos fogos de artifício nas passagens de ano para afugentar os medos que nos perseguem. A vida é uma droga. A maioria permanece entorpecida.
Orquiza, José Roberto escritor [email protected]
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