Um jovem alemão foi hoje condenado a três anos e nove meses de prisão pela venda, on-line, de 1.700 «comprimidos mortais» através de um fórum de suicídio, causando a morte de duas pessoas e o coma de sete, noticia a agência Lusa.
Segundo vários órgãos de comunicação social alemães, o homem, de 23 anos, que se fazia passar por farmacêutico e estudante de medicina em vários fóruns de conversação, vendeu, entre Novembro de 2004 e Outubro de 2005, aproximadamente 1.700 comprimidos a 20 pessoas na Alemanha, provocando a morte de pelo menos duas, enquanto que sete ficaram em estado de coma.
Segundo o canal de televisão alemão WDR, o negócio do arguido, que lhe valeu cerca de oito mil euros, dois computadores portáteis e uma câmara digital, foi descoberto após um «cliente» de 19 anos ter sido encontrado à beira da morte num hotel pelos pais, que alarmaram as autoridades alemãs.
No início do processo, o jovem Kejdi S., que se encontrava detido desde Maio do ano passado, era suspeito de ter contribuído para um total de seis mortes.
Porém, a acusação não conseguiu provar que os comprimidos «distribuídos pela Internet» tinham sido a causa de morte em dois casos, sendo que nos restantes dois, ficou provado que as pessoas tinham recorrido a outro tipo de medicamento, informam as autoridades alemãs.
Segundo o canal WDR, a complexidade deste processo provocou enormes dificuldades para os juristas envolvidos, uma vez que o auxílio indirecto ao suicídio não é punível pela lei alemã, podendo o arguido apenas ser condenado pelo comércio ilícito de medicamentos letais, em 16 casos.
A acusação pedia no mínimo cinco anos de prisão, argumentando que o arguido «agiu de maneira fria, deliberada e consciente dos seus actos, aproveitando-se da confiança de pessoas com tendências suicidas com o propósito de obter lucros».
Ao ouvir a decisao do tribunal alemão, o jovem de 23 anos admitiu os seus actos e pediu desculpa aos familiares das vítimas, alegando que «só queria ajudar as pessoas desesperadas».
Este caso tem originado discussões acesas na Alemanha, e várias entidades pedem que seja criada uma lei que regule o acompanhamento do suicídio, de forma a evitar os «negócios com a morte» e reforçar o controlo da «comercialização do suicídio», especialmente na Internet, que «surge como uma plataforma de enorme risco», alertam.
Diário Público
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