Especialistas alertam para geração de homens viciados em prazer imediato que não saem de casa

O avanço da tecnologia trouxe inúmeros benefícios, mas também está gerando efeitos colaterais profundos no comportamento de uma geração inteira de jovens, especialmente do sexo masculino. De acordo com especialistas em saúde mental e sociologia, cresce o número de homens jovens que se tornam dependentes de estímulos de prazer imediato — como pornografia online e jogos eletrônicos — e que, como consequência, se afastam da vida social, profissional e afetiva.

Esses jovens, segundo análises clínicas, evitam desafios, protelam responsabilidades e permanecem por longos períodos morando com os pais, sem desenvolver autonomia emocional ou financeira. A situação foi tema de uma reportagem exibida pelo programa “Fantástico” da TV Globo, com base em estudos recentes e depoimentos de especialistas. A versão digital foi publicada no portal G1/Fantástico.

Segundo os psicólogos entrevistados, o cérebro humano não está preparado para lidar com o excesso de estímulos prazerosos oferecidos por essas plataformas. A gratificação instantânea proporcionada por jogos e pornografia ativa áreas relacionadas à dopamina, criando um ciclo de dependência que inibe a busca por conquistas reais — como carreira, relacionamentos ou projetos de vida.

O problema, alertam os profissionais, não está no uso eventual desses recursos, mas no uso compulsivo e isolado, que substitui interações sociais, compromissos acadêmicos e até a capacidade de lidar com frustrações cotidianas. Muitos jovens evitam sair de casa, apresentam dificuldades de concentração e demonstram baixa tolerância à frustração. O padrão comportamental é semelhante ao de outras dependências, como o alcoolismo ou o vício em drogas.

Outro fator preocupante é a ausência de perspectiva de futuro. Esses homens, na maioria das vezes entre 18 e 30 anos, não demonstram interesse por formar família, buscar independência financeira ou desenvolver vínculos afetivos profundos. A sensação de bem-estar constante, alimentada artificialmente, neutraliza a motivação para enfrentar o mundo real.

Especialistas recomendam que famílias fiquem atentas a sinais como reclusão, alteração de humor, perda de interesse por atividades antes prazerosas e distanciamento afetivo. O tratamento envolve psicoterapia, reestruturação de rotina, limitação do uso de telas e, em casos mais graves, apoio psiquiátrico. A orientação é oferecer apoio sem julgamento, estabelecendo limites saudáveis e incentivando gradualmente a reinserção social.

O fenômeno não é exclusivo do Brasil e já vem sendo observado em outros países, como Japão, Estados Unidos e Coreia do Sul. Para muitos estudiosos, trata-se de uma crise existencial silenciosa, alimentada por uma cultura digital que privilegia o conforto imediato em detrimento do esforço, da construção de identidade e da vivência do real.

Entender as causas desse comportamento e enfrentá-lo com empatia e responsabilidade é fundamental para evitar que uma geração inteira se perca em bolhas de prazer que isolam, enfraquecem e silenciam. A superação passa por educação emocional, diálogo familiar e resgate do valor do esforço como ferramenta de realização pessoal.

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Author`s name Anastasiya Zhukova
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