Vivemos uma época da liberalização da língua russa. Parece que no início, estávamos a copiar os ocidentais na utilização de linguagem desapropriada.
Anatoly Baranov, perito em linguagem obscena, opina que a não aceitabilidade do palavrão em russo é maior do que em países ocidentais por causa das obscenidades serem mais do que simplesmente palavras, porque têm muitos sub-significados. Já ultrapassam o acto de praguejar, vão aos limites de filosofia linguística e da filosofia da vida.
Historicamente os líderes da Rússia tiveram sempre um interesse no controlo do palavrão. Catarina a Grande por exemplo proibiu o uso da palavra blyad, que quer dizer mulher promíscua, talvez por causa dos seus próprios excessos.
As obscenidades em russo relativamente às partes do corpo diferem substancialmente das palavras utilizadas no ocidente, fazendo que com a utilização de palavrões, o russo está a culturalmente destruir o corpo humano.
Por isso a utilização de obscenidades em russo é um grito de socorro. Todos os palavrões em russo têm uma conotação sexual, exprimindo frustração, ira e a capacidade de insultar a mulher. A linguagem também é algo pitoresca, porque é extremamente flexível e a utilização de prefixos e sufixos leva a criação de palavras que criam imagens antropomorfas.
Hoje em dia há um conflito na Rússia acerca da utilização de linguagem obscena. Há quem defende que o uso de tanta profanidade entre a população mais nova está a destruir a sociedade, há quem defende que houve sempre uma tendência de utilizar a linguagem como forma de adquirir liberdade numa terra tradicionalmente centralizadora.
No entanto, em utilizar tantas palavras feias quando referimos as partes do corpo que fazem amor, não estaremos a profanar o próprio amor por utilizar tais palavras quando referimos a este acto mais nobre?
Anna OSSIPOVA PRAVDA.Ru
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