O coronel Ubiratan Ângelo, comandante da Polícia Militar do Rio de Janeiro, disse nesta terça-feira que não sabia da viagem de trem que os ministros das Cidades, Márcio Fortes, e o secretário nacional dos Portos, Pedro Brito, realizariam na segunda-feira (10), na capital, escreve a Folha Online
O trem foi atacado a tiros quando passou pela favela do Jacarezinho. Ao menos dois disparos acertaram o vagão onde estavam as autoridades, que foram obrigadas a se jogar no chão. O secretário estadual de Transportes, Julio Lopes, também estava na composição.
Ubiratan disse que a única informação que chegou à PM foi um e-mail da Secretaria de Transportes, recebido na noite de quinta-feira (6), anunciando que haveria um evento na favela do Arará, marcando a revitalização da ferrovia.
"Nós não ficamos sabendo, em momento algum, de que haveria o passeio de trem. Só tivemos ciência disso quando foi informado lá no local do evento. O secretário [Júlio Lopes] disse que enviou e-mail para mim, mas eu não recebi. Não sabíamos que haveria trânsito na composição de trem. Para nós, a informação era policiamento para o evento, em local fixo", disse Ângelo.
Alerta
A Polícia Militar do Rio afirmou hoje que havia alertado Lopes sobre o perigo de uma viagem de trem nas proximidades da favela do Jacarezinho (zona norte). Lopes disse nesta terça-feira que não imaginava que o trem pudesse ser alvo de ataques de criminosos que atuam na favela. Ele garante que já percorreu o trajeto, juntamente com o ministro das Cidades, oito vezes durante as obras e nunca teve problemas.
"Nós não esperávamos aquele tipo de reação. Foi absolutamente imprevisível, talvez motivada pelo excesso de policiais, de jornalistas e de fotógrafos que nos acompanhavam naquele momento", afirmou o ministro, de acordo com a assessoria do governo do Estado.
Pouco antes do evento o comunicado sobre a realização do trajeto de trem foi feita ao coronel, que recomendou que a comitiva desistisse do passeio, segundo a PM. Lopes teria insistido em partir de trem com as autoridades. A PM afirmou que, devido a esse alerta, o governador Sérgio Cabral (PMDB) não fez o passeio.
"Todas as vezes que vou ao Vidigal [zona sul], por exemplo, onde trabalho com regularização fundiária, a polícia também faz o mesmo alerta. Mas como são obras e ações em benefício das comunidades, em geral elas nos recebem muito bem", afirmou o secretário de Transportes.
Com a obra de revitalização da linha férrea, foram retiradas cerca de 400 famílias que moravam próximo à linha. Um muro, de quatro metros de altura, foi erguido dos dois lados da via. Também foi criado um vão de dez metros ao longo de toda a linha férrea.
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