Foi instalada na semana passada (29/9), na Câmara dos Deputados, a Comissão Especial do Código Florestal, que votará ao menos quatro projetos de lei que tentam modificar ou, no caso de alguns, revogar o Código Florestal (Lei Federal nº 4771/65). Após uma primeira sessão tumultuada, com briga entre deputados ruralistas e outros ligados à defesa do meio ambiente ( veja aqui )a escolha de presidente e relator, figuras-chave na aprovação de qualquer projeto, foi adiada para esta terça-feira, 6 de outubro.
Na pauta da comissão está o futuro dos ecossistemas brasileiros. E, por consequência, (consequência não tem mais trema) da agricultura. Os projetos em discussão são bastante díspares. De um lado está o projeto do deputado Leonardo Monteiro (PT/MG), que visa concretizar avanços legislativos ocorridos nos últimos anos e corrigir algumas imperfeições da lei. Do outro, o projeto de Código Ambiental, do deputado Valdir Colatto (PMDB/SC), cujo nome poderia ser o exterminador do futuro, pois, de uma só vez, tenta impedir que as áreas ilegalmente desmatadas sejam recuperadas, que áreas de risco continuem protegidas, que novas Unidades de Conservação sejam criadas e que qualquer crime ambiental seja punido.
O projeto de Colatto tenta reproduzir, em nível nacional, o que ocorreu em Santa Catarina, seu estado de origem. Lá foi aprovada a lei hoje contestada no Supremo Tribunal Federal (STF) para diminuir as áreas de preservação ao longo dos rios, de 30 para 5 metros, e que legalizou ocupações irregulares em encostas e topos de morro as mesmas que elas vêm sendo as principais afetadas com as chuvas torrenciais que castigam o estado desde o ano passado.
Dos 18 membros titulares da comissão, dez são da bancada ruralista. Composição parecida com a da comissão especial criada em 1999 para tratar do mesmo assunto, e que acabou aprovando um projeto que, de tão absurdo, gerou uma ampla mobilização nacional contra sua aprovação definitiva pelo Congresso Nacional, numa campanha conhecida como SOS Florestas. À época, o relator da matéria era o deputado Moacir Micheletto (PMDB/PR), que, não por acaso, é membro titular da atual comissão.
Os membros da bancada ruralista estão manobrando para conseguir emplacar a presidência da comissão e a relatoria da matéria. Eles têm pressa, pois, a partir do final do ano, começa a valer a regra que dá multa a quem não quiser recuperar as áreas de preservação em suas propriedades. Com a maioria dos votos, conseguem aprovar o que quiserem. Seus principais expoentes já disseram que o projeto de Colatto será a base de qualquer texto a ser aprovado. Perto dele, a proposta aprovada há dez anos por aquela comissão poderia até ser chamada de código ambiental.
ISA, Raul Silva Telles do Valle.
http://www.socioambiental.org/nsa/detalhe?id=2966
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