O vice-primeiro-ministro russo, Serguei Ivanov, justificou ontem o convite feito na véspera pelo Presidente Vladimir Putin para que os dirigentes do Hamas se desloquem a Moscovo, perante os receios expressos por Israel e EUA. Ivanov referiu que "mais cedo ou mais tarde" a comunidade internacional deve estabelecer contactos com o partido vencedor das eleições palestinianas e garantiu que a Rússia vai manter as posições do quarteto de mediadores internacionais.
O Quarteto (Rússia, EUA, Nações Unidas e União Europeia) exigiu a semana passada que o Hamas reconheça Israel, renuncie aos ataques contra o Estado judeu e respeite os acordos anteriores da Autoridade Palestiniana. Só assim irá continuar a ajudar os palestinianos.
O convite para que os líderes do Hamas visitem Moscovo foi efectuado na quinta-feira por Putin, durante uma visita oficial a Madrid. Indignado, Israel já o considerou "uma facada nas costas", referindo que compromete os esforços para isolar o movimento islamita palestiniano. "Putin está a brincar com o fogo", disse o ministro da Habitação, Zeev Boïm. "Que diria Moscovo se nós convidássemos, em resposta, os representantes dos chechenos" a vir a Jerusalém, disse por seu lado o ministro da Educação, Meir Sheetrit.
Washington, que inicialmente ficou surpreendida e exigiu rapidamente explicações a Moscovo, acabou por aceitar a "decisão soberana" da Rússia. "Recebemos a garantia que se houver um contacto com o Hamas, Moscovo enviará a mensagem clara e vigorosa que está definida no comunicado do Quarteto o Hamas tem uma escolha a fazer e deve cumprir as condições enumeradas pelo Quarteto", disse o porta-voz do Departamento de Estado norte-americano. Sean McCormack referiu que as garantias foram dadas à secretária de Estado, Condoleezza Rice, pelo seu homólogo russo, Serguei Lavrov.
O convite de Putin foi aplaudido pela França e Portugal. "Vemos vantagens em que haja diálogo de vários países com a força que democraticamente ganhou as eleições", disse em Lisboa o ministro dos Negócios Estrangeiros, Diogo Freitas do Amaral. "Não faria sentido estarmos a trabalhar para construir naquela região estados democráticos e depois não aceitarmos o resultado das eleições democráticas", referiu.
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