Bielorrússia e a legalidade questionada
Por Antonio Rondón García
Moscou, 23 de agosto (Prensa Latina) A semana se encerra com um esforço do governo bielorrusso para fazer prevalecer sua legalidade, enquanto a Rússia reforça sua posição de repúdio às ingerências externas, em meio a pronunciamentos intervencionistas da União Europeia (UE).
Durante o referido período, a situação na Bielorrússia tornou-se mais clara, com uma tentativa fracassada da oposição, pelo menos por ora, de retirar do poder um governo legítimo, sem apresentar quaisquer indícios que pudessem pôr em dúvida essa condição.
No estilo de seus melhores conselheiros do outro lado do Atlântico, de apresentar acusações sem provas contra a Rússia, os oponentes bielorrussos falam de fraude em massa, embora não apresentem dados específicos, ou de ditaduras, enquanto o que questionam é um processo eleitoral.
Especialistas consideram que ninguém ousaria questionar uma vitória de mais de 80 por cento dos votos, como agora é feito no caso da Bielorrússia, se isso acontecer, por exemplo, nas eleições presidenciais de novembro nos Estados Unidos, onde muito se fala do voto por correio.
O próprio presidente Donald Trump se recusa a confirmar sua disposição de reconhecer os resultados das eleições se forem desfavoráveis a ele, enquanto fala o tempo todo sobre uma possível fraude democrata. Mas alguém se atreve a apontar o dedo como fazem com a Bielorrússia?
Ao mesmo tempo, a evidência de interferência externa não é de forma alguma ocultada, mas é promovida como aconteceu com um acordo alcançado em Varsóvia para formar um fundo polonês-americano destinado a apoiar os manifestantes na ex-república soviética.
No entanto, junto com esses esforços, na Rússia, onde o progresso desta semana nas pesquisas para enfrentar a pandemia da Covid-19 foi visível, o repúdio à interferência externa na Bielorrússia se tornou mais forte.
O presidente russo, Vladimir Putin, conversou por telefone com os principais líderes da França, Alemanha e do Conselho Europeu, na véspera de uma cúpula da UE que evitou um apelo oficial para repetir as eleições, embora tenha aprovado sanções contra a Bielorrússia.
Moscou também se mostrou disposta a apoiar Minsk na solução da crise política interna, criada artificialmente com apoio e organização estrangeiros, mas que nesta semana pareceu perder adeptos, tanto entre os mesmos opositores quanto entre a população.
Por um lado, ocorreram deserções entre os 100 membros da chamada Comissão de Coordenação da oposição, em meio a divergências internas e a um processo judicial instaurado pelo Ministério Público contra esse órgão, por artigo penal de tentativa de tomada do poder pela força.
Além disso, dos cerca de 650.000 trabalhadores nas principais fábricas da indústria nacional, apenas cerca de 300 acataram as convocações para paralisar o trabalho, enquanto os protestos violentos e confrontos com a polícia cessaram.
Não há como falar do fim da crise, mas esta semana foi marcada por certo otimismo, apesar das pressões externas, de que a Bielorrússia evitará se converter em outro Maidan, como são conhecidos os motins de 2014 em Kiev que terminaram com um golpe de Estado.
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