Ideologia fascista ucraniana» deve ser crime
Na sequência das marchas em honra do colaborador nazi Stepan Bandera, realizadas esta semana em vários pontos da Ucrânia, o primeiro-ministro da Crimeia, Sergei Aksyonov defendeu que o «nazismo ucraniano» deve ser reconhecido internacionalmente como crime.
No dia 1 de Janeiro, as marchas para assinalar o 109.º aniversário do nascimento de Stepan Bandera, líder nacionalista ucraniano e colaborador das SS nazis, mobilizaram vários milhares de pessoas em cidades como Kiev, Odessa, Dnepr e Lvov.
De acordo com a RT, tiveram lugar quase seis dezenas de actos comemorativos por todo o país, o maior dos quais na capital, Kiev, onde milhares de neonazis e outros elementos da extrema-direita ucraniana marcharam com tochas nas mãos e gritando palavras de ordem como «Bandera voltará e trará ordem», «A Ucrânia antes de tudo» e «Glória à Ucrânia, morte aos inimigos».
Ainda assim - refere a RT -, as marchas desta semana foram bastante inferiores às mobilizações de carácter nacionalista e fascista, realizadas no país em meados de Outubro, para assinalar o dia do Exército Insurgente Ucraniano (UPA, na sigla ucraniana), a ala paramilitar da organização política liderada por Stepan Bandera.
Esta semana, a extrema-direita ucraniana também realizou uma manifestação na pequena cidade de Makeevka, localizada a poucos quilómetros da linha que separa as tropas ucranianas das forças das autoproclamadas repúblicas populares de Donetsk e Lugansk, no Leste do país.
Estas repúblicas, onde a população é maioritariamente russa, rejeitaram o golpe fascista de 2014 em Kiev e levantaram-se em armas contra a violência subsequente, ao aperceberem-se que a região do Donbass era um alvo.
«Ideologia nazi deve ser crime»
Em declarações à agência Tass, o primeiro-ministro da república russa da Crimeia, Sergei Aksyonov, defendeu a necessidade de condenar internacionalmente «a ideologia nazi ucraniana». Referindo-se às marchas de dia 1, Aksyonov disse que, «quantos mais esforços o regime de Kiev faz para perpetuar a memória do torturador e assassino, responsável pelo genocídio de centenas de milhares de pessoas inocentes (...), é necessário insistir para que a ideologia nazi ucraniana seja reconhecida a nível internacional como criminosa».
O líder da república que regressou à Rússia, após o referendo realizado em Março de 2014, lembrou ainda que a Assembleia Geral das Nações Unidas adoptou uma resolução contra a glorificação do nazismo, que foi aprovada «pela maioria dos estados-membros», mas não pelos EUA, Palau e a Ucrânia.
Bandera, colaborador nazi e herói nacional
Stepan Bandera foi um líder destacado da Organização de Nacionalistas Ucranianos, surgida no final dos anos 20 para lutar pela criação de um Estado ucraniano independente. Com esse objectivo, a sua ala militar - o UPA - colaborou com as forças nazis, lutando contra os polacos e contra o avanço do Exército Vermelho, na Segunda Guerra Mundial.
Estima-se que, entre 1943 e 1944, tenha sido responsável pela limpeza étnica de dezenas de milhares de polacos na região ocidental da Ucrânia - algo que foi reconhecido pelo Parlamento da Polónia, em 2016, como um «genocídio».
Bandera colaborou com os nazis, ajudando a recrutar e a formar unidades de «nacionalistas ucranianos» para combater os soviéticos durante a guerra. Membros do seu movimento são acusados de participar em massacres, nomeadamente de judeus, polacos, comunistas, e de participar na organização de campos de concentração nazis.
No final do conflito mundial, o UPA continuou activo, colaborando com os serviços secretos de vários países ocidentais em actividades contra a União Soviética e contra a Polónia comunista, cujo exército combateu.
Actualmente, Stepan Bandera é visto como um herói nacional da Ucrânia - um estatuto que lhe foi reconhecido em 2010 pelas autoridades do país. As marchas em sua honra ocorrem pelo menos desde 2006, organizadas pelo partido de extrema-direita Svoboda.
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Foto: Euronews (Ver fonte)
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