Brasil e mais cinco países acertam criação do Banco do Sul - Em reunião de ministros da Fazenda, Brasil, Venezuela, Argentina, Bolívia, Equador e Paraguai decidem apostar em instituição que financie desenvolvimento e integração sul-americana. Banco seria passo para criação de moeda única.
Em reunião de ministros da Fazenda, Brasil, Venezuela, Argentina, Bolívia, Equador e Paraguai decidem apostar em instituição que financie desenvolvimento e integração sul-americana. Banco seria passo para criação de moeda única.
André Barrocal* Carta Maior
BRASÍLIA A integração da América do Sul e o desenvolvimento dos países da região, objetivos políticos do governo Lula vistos com interesse por vizinhos como Venezuela e Argentina, devem ganhar um instrumento capaz de impulsioná-los no futuro. É o Banco do Sul, como está sendo chamada uma instituição planejada para financiar o desenvolvimento econômico dos sócios e projetos de integração física entre eles. O compromisso de criá-lo foi assumido por Brasil, Argentina, Venezuela, Equador, Bolívia e Paraguai nesta quinta-feira (3), durante uma reunião dos ministros da Fazenda em Quito (Equador).
No encontro, ficou definido ainda que os governos continuarão conversando sobre a criação de uma outra instituição financeira sul-americana, um fundo para socorrer países em crise que precisassem de dinheiro. Algo como uma versão miniatura e regional do FMI. Mas, ao contrário da idéia do banco, ainda não há acordo sobre o formato do Fundo do Sul.
O consenso sobre o apoio conjunto ao desenvolvimento regional levou os ministros a esboçar um calendário de negociações técnicas necessárias à constituição do banco que, se cumprido, permitirá aos presidentes dos países-sócios lançar em junho o manifesto de sua criação. O anúncio ocorreria dia 22, durante uma reunião do Mercosul em Assunção (Paraguai), ou dia 26, em Caracas (Venezuela), na abertura da Copa América de Futebol 2007.
Se as coisas forem bem, se a vontade política se mantiver como expressada pelos ministros nesta reunião, esperamos que em junho possamos anunciar o manifesto de fundação do Banco do Sul, disse o ministro da Economia do Equador, Ricardo Patiño, que, na condição de anfitrião do encontro, também foi o porta-voz do resultado.
Otimista, o ministro da Fazenda brasileiro, Guido Mantega, acredita que a concretização do Banco do Sul pode facilitar a formação de um forte e coeso bloco geopolítico na América do Sul. Agora podemos dar um passo adiante nesse processo de integração que tem como objetivo único a criação de um bloco econômico, social e político como é a União Européia, disse.
O Banco do Sul pode ser ainda o embrião de uma outra idéia discutida na reunião de Quito que, ao menos em tese, teve o apoio de todos os participantes: a criação de uma moeda única para ser usada nas transações comerciais entre os países. Queremos dar os primeiros passos para a implantação de uma moeda única, e assim realizar todas as transações entre os países, e o primeiro passo nos estamos dando, afirmou Mantega.
A idéia do Banco do Sul foi lançada pelos presidentes da Venezuela, Hugo Chávez, e da Argentina, Néstor Kirchner, em fevereiro. Os dois sonhavam, contudo, com uma instituição de caráter mais político. Um banco que, ao mesmo tempo, financiasse o desenvolvimento e socorresse países em crise. Algo como um FMI sul-americano.
A pretensão esbarrou no Brasil. Não só por razões políticas evitar um gesto que poderia ser encarado como de confronto pela comunidade financeira internacional e pelos países ricos. Mas também porque Venezuela, Argentina e depois Equador chegaram a dizer que o banco deveria ser o cofre das reservas de dólares de cada sócio. E o Brasil tem mais da metade das reservas conjuntas dos seis países dispostos a criar o Banco do Sul. Ou seja, poderia acabar sendo pressionado a usá-las em favor dos parceiros.
Nos próximos dias, os seis países vão procurar os governos dos quatro sul-americanos ausentes da reunião Chile, Uruguai, Colômbia e Peru para convidá-los a se associar ao Banco. Até agora, nenhum dos quatro havia demonstrado interesse em aderir.
*Com informações da imprensa oficial da Presidência do Equador
Fonte: www.agenciacartamaior.com
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