Os governos brasileiro e britânico firmarão acordos de cooperação nas áreas de educação, combate à pobreza, ciência e tecnologia, saúde, promoção do desenvolvimento sustentável, mudança climática e produção artística. Além disso, será criado um comitê para estimular o comércio bilateral, que movimenta US$ 4 bilhões.
Em entrevista na última semana, o subsecretário-geral político do Ministério das Relações Exteriores, Antonio Patriota, informou que um comitê semelhante já existe entre o Reino Unido e a Índia.
"Haverá reuniões regulares para passar em revista o estado das relações econômicas e comerciais e para identificação de oportunidades de investimentos", disse.
O subsecretário informou ainda que o presidente se encontrará com líderes políticos e encerrará, no dia 8, seminário empresarial sobre novas oportunidades de investimento no Brasil, entre elas, a produção de biocombustíveis.
Do lado inglês, participarão representantes da Rolls Royce (automóveis), Rio Tinto (mineradora) e Shell (combustíveis). Do lado brasileiro, representantes da Petrobras, Vale do Rio Doce e BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
No último dia da visita, o presidente brasileiro receberá empresários ingleses no Palácio de Buckingham, residência oficial da realeza britânica, onde ficará hospedado.
Depois, terá encontro com o primeiro-ministro britânico, Tony Blair, na sede do governo em Downing Street. Para Patriota, os dois deverão conversar sobre a ampliação da ONU (Organização das Nações Unidas), ajuda ao Haiti e Rodada de Doha, em especial o fim dos subsídios agrícolas, proposta defendida pelo Brasil.
"Talvez o Reino Unido seja o país da União Européia mais próximo das posições brasileiras em matéria de agricultura, por exemplo, na Rodada de Doha", afirmou.
A programação da comitiva brasileira inclui ainda visita ao Parlamento, a um centro de nanotecnologia, a uma exposição sobre a Tropicália (movimento cultural brasileiro do final da década de 60) e a um projeto social que promove a recuperação de bairros pobres da capital inglesa, Londres.
A Rainha Elizabeth II receberá neste ano apenas duas visitas de Estado, segundo Patriota. Além de Lula, ela se encontrará com o rei da Espanha. Diferente de uma visita de trabalho, as visitas de Estado seguem, em geral, uma série de rituais, como desfile militar e ida às sedes dos três poderes.
Lula será levado por um membro da família real até o Regimento da Cavalaria. De lá, seguirá para o Palácio de Buckingham em uma carruagem, com a rainha e o Duque de Edimburgo. Também será homenageado com um banquete oferecido pela rainha.
Lula já esteve no Reino Unido durante a Cúpula da Governança Progressista (2003) e durante reunião do G8 (grupo dos sete países mais industrializados e a Rússia) em Gleneagles, na Escócia (2005).
Relações econômicas Um dos principais temas do encontro com Blair, segundo o embaixador do Reino Unido no Brasil, Peter Colecott, será a atual rodada de negociações da OMC, com conclusão prevista para este ano.
A rodada não avança devido à resistência da União Européia em abrir seu mercado agrícola aos países em desenvolvimento e em acabar com o apoio concedido pelos governos aos seus produtores. Essa prática distorce os preços dos produtos agrícolas no mercado internacional.
"Blair quer um resultado amplo, que ajude, em particular, os países menos desenvolvidos. Neste sentido, Lula e Blair têm interesses comuns", disse o embaixador, em entrevista coletiva na semana passada.
Ele informou que o primeiro-ministro apóia a realização de uma reunião de líderes para impulsionar as negociações da OMC, como proposto pelo presidente Lula. Os detalhes dessa reunião também deverão ser tratados em Londres, ao lado de temas como a pobreza no mundo e as mudanças climáticas.
"Politicamente, Lula e Blair são membros do Movimento de Governança Progressista. Isso implica valores e visões semelhantes e complementares", salientou.
Os governos brasileiro e britânico firmarão acordos de cooperação nas áreas de educação, combate à pobreza, ciência e tecnologia, saúde, promoção do desenvolvimento sustentável, mudança climática e produção artística.
Será criado ainda um comitê para estimular o comércio bilateral, que movimenta US$ 4 bilhões. No encontro com executivos de grandes empresas do Reino Unido, serão discutidas perspectivas e dificuldades, o que deve ser desenvolvido no Brasil para atrair mais investimentos, sefundo Colecott.
Plataforma "Essa visita é para nós, britânicos, uma plataforma de lançamento de relações com o Brasil ainda mais completas e mais profundas relações de que nós precisaremos no futuro", disse o embaixador Colecott.
O convite a Lula, lembrou, foi feito durante reunião de cúpula do G8 (grupo dos sete países mais industrializados e a Rússia) em Gleneagles, na Escócia, em julho do ano passado, e representa o reconhecimento do Brasil como "potência emergente chave".
Também é o reconhecimento do presidente Lula como "um personagem muito grande no mundo, um líder". O embaixador sintetizou: "Para nós, essa visita é muito especial".
Anualmente, o Reino Unido recebe duas a três visitas de Estado. Apenas dois ex-presidentes brasileiros já fizeram visita: Ernesto Geisel, em 1976, e Fernando Henrique Cardoso, em 1997.
O embaixador britânico destacou, no entanto, que o momento é bastante diferente. "Agora o Brasil é mais estável, mais desenvolvido. Exemplo disso é o papel que o Brasil exerce na América do Sul, são as relações com os países da África e, especialmente, as relações com outros países emergentes, como a China, a Índia e a África do Sul", disse.
E acrescentou: "Hoje o Brasil é um país com relações amplas no mundo inteiro. É mais importante para nossos interesses agora e será ainda mais importante no futuro".
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