Relatório de Serraglio na CPMI dos Correios omite valerioduto tucano

A CPI não incluiu o caso do senador e ex-presidente do PSDB Eduardo Azeredo, que admitiu publicamente o recebimento de caixa dois na campanha de 1998.

A única citação feita pela CPI ao governo FHC foi um empréstimo "assemelhado" aos feitos entre o PT e Marcos Valério, que ocorreu em Minas Gerais em 1998.

O deputado Maurício Rands (PT-PE) criticou o fato de a CPMI não ter aprofundado as investigações em governos anteriores ao PT.

“O relator geral continua contando a história pela metade, dando a entender que o esquema começou no governo Lula, quando os fatos confirmam que o PSDB, entre outros, já utilizava deste expediente deste 1998”, destacou.

Rands acredita que a sua indicação para a relatoria adjunta permitirá um maior equilíbrio no que será incluído no relatório final da CPMI. Além de Rands, é também relator adjunto o deputado Eduardo Paes (PSDB-RJ).

O petista ressaltou que a CPMI dispõe de documentos que comprovam que o esquema Marcos Valério existia desde muito antes. “Entretanto, as informações estão incompletas, falta por exemplo, um dado fundamental, quem eram os grandes sacadores das contas de Valério neste período. Nem os bancos informaram e nem a comissão até agora forçou para receber as informações”, afirmou Rands.

Dinheiro privado

A auditoria realizada pelo Banco do Brasil no Fundo da Visanet/Banco do Brasil, também divulgada como parte do relatório parcial, serviu apenas, na avaliação de Rands, para esclarecer que os recursos repassados à empresa DNA, de Marcos Valério de Souza, não eram públicos.

“De fato ocorreu uma prática irregular de antecipação de pagamentos, mas, ao contrário do que foi divulgado anteriormente pela CPMI, esses recursos não eram públicos, não saíram do orçamento do Banco do Brasil, mas dos clientes do Visanet/Banco do Brasil”, afirmou Rands.

O deputado ressaltou que a auditoria constatou que os adiantamentos ocorriam desde o ano de 2000, quando se sabiam quais eram as campanhas publicitárias definidas. A prática continuou até setembro de 2005. Ficou constatado também que, a partir de 2003, até setembro deste ano, o adiantamento era feito mesmo sem a definição das campanhas publicitárias.

Forçando a barra

Ainda na avaliação do deputado Rands, o relator geral quis com o documento criar um novo conceito para o chamado “mensalão”, que no início foi definido como pagamento a parlamentares para votar a favor do governo.

“Agora eles querem ampliar o conceito considerando que o “mensalão” foi também para financiar a mudança de deputados de legendas, incluindo o PTB, PP e PL, ou para atender interesses da legenda, que poderia ser o financiamento irregular de campanhas. Ora, isso é querer forçar a barra”, desabafou.

Para o deputado Jorge Bittar (PT-RJ), o que o relator fez foi enumerar os repasses feitos pelas empresas de Valério a partidos políticos ou a parlamentares. “Não há qualquer correlação ou prova cabal de que estes pagamentos foram de fato para votação em favor do governo ou por troca de legenda. Todos os indícios são de caixa 2 de campanha”, acrescentou.

Mídia

Para o deputado Doutor Rosinha (PT-PR), o que o relator geral fez foi requentar um parecer incompleto para ocupar um espaço ocioso da mídia.

“Ele divulga documento incompleto, parcial, porque não cita o mesmo esquema que aconteceu no governo passado. Faz apenas pequenas menções aos desvios feito pela Fundacentro, para as empresas de Valério no governo Fernando Henrique Cardoso, sob a alegação de que o fato ainda está sob investigação. Ora, isso é uma contradição. Tudo ainda está sob investigação, os holofotes no que ocorreu no governo Lula são evidências da utilização política de resultados parciais”, afirmou.

PT

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