A reforma política sai este ano?
José Genoino É fundamental que saia. Vamos procurar todos os partidos, inclusive os de oposição, para criar um consenso que garanta a aprovação de alguns itens da reforma política ainda este ano.
Quais itens?
Genoino A fidelidade partidária, o financiamento público de campanhas e a votação em lista.
A proposta de financiamento público de campanhas não vai encontrar resistências no Congresso?
Genoino - Vai. Todos os itens da reforma política vão encontrar resistências. Mas isso não impede a construção de uma maioria para resolver esse problema. Existe uma situação limite no Congresso e esse é um assunto dos partidos e não do governo.
Qual sua avaliação da base aliada do governo?
Genoino Temos de consolidar o tamanho de nossa maioria na Câmara e discutir com todos os partidos para melhorar essa relação. A base dessa conversa tem de ser uma agenda, até porque este é um ano que não temos eleições à vista. Temos de melhorar essa relação com a base aliada. O PT deve trabalhar enquanto partido para melhorar esse relacionamento.
O novo presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), não teria de agir de acordo com o cargo que ocupa e deixar de lado bandeiras corporativas e partidárias?
Genoino O PT defende um relacionamento de respeito institucional com o presidente da Câmara. Não vou responder às críticas pessoais, até porque não fiz qualquer crítica pessoal ao presidente da Câmara. Se 300 deputados o escolheram, vamos respeitar o resultado.
Como o senhor vê a acusação feita pelo ex-presidente FHC de que o governo Lula teria destruído os partidos políticos para poder governar?
Genoino FHC está jogando no quanto pior, melhor. Procuramos o PSDB e o PFL para fazer um acordo em torno da eleição da Mesa da Câmara, para melhorar o relacionamento entre os partidos, inclusive com propostas para a reforma política, para garantir uma relação de diálogo. Tanto isso é verdade que nosso candidato à presidência da Câmara, o deputado Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP), se reuniu com todas as lideranças partidárias, com os governadores e os prefeitos das capitais. O FHC bombardeou esse caminho da valorização dos partidos e agora fica buscando culpados e acusa o PT.
Outro tucano que faz críticas é o governador de Minas, Aécio Neves, que cobrou do PT uma relação respeitosa com os outros partidos. Essa declaração o surpreende?
Genoino Isso não é novidade. O PT sempre teve uma relação respeitosa com os outros partidos e vai continuar a ter, independentemente do caminho adotado pelo PSDB e pelo PFL, que buscaram sectarizar o PT na eleição da Mesa da Câmara. Procuramos um relacionamento nessa eleição. Alguns tucanos e alguns pefelistas conversaram bastante e tiveram uma postura lúcida. Outros bombardearam um acordo interpartidário.
É possível negociar mudanças na MP 232?
Genoino É, tanto que o governo está aberto à negociação para modificar a MP 232. Ouviremos o Congresso, os partidos e a sociedade civil para buscar a negociação.
Em quais pontos poderia haver mudanças?
Genoino Temos de discutir particularmente com o setor de serviços, com os prestadores de serviço. Não conheço tecnicamente a matéria, mas acho que o governo tem de buscar negociar essa MP, assim como fez com o agronegócio.
Entrevista concedida ao Portal do PT
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