LULA DE TODOS

Um artigo da revista FORTUNE sugeriu que o povo brasileiro estivesse aprendendo a gostar do presidente Lula, face ao crescimento da economia proveniente, principalmente, do aumento de nossas exportações baseadas, firmemente, no agro-negócio. A parceria comercial com a China, estabelecida no governo Lula, por exemplo, foi a responsável por um grande afluxo de investimentos no Brasil.

Até mesmo empregos foram gerados. Todavia, este crescimento poderia ser maior se não houvesse aumento da carga tributária e se a taxa de juros não permanecesse em níveis tão elevados. Além disso não há investimento em infra-estrutura para que o país tenha o crescimento sustentado que Lula tanto deseja.

A parceria com a China vermelha, a propósito, é a realização de um sonho antigo para um marxista-leninista convicto como Lula. Em sua viagem àquele país em maio, ele se portou como um verdadeiro estadista passando em revista às tropas junto ao presidente Jiang Zenin na praça Tianamen, outrora vermelha de sangue. E, convenientemente, reconheceu o Tibete e Taiwan como parte integrante do território chinês. Porque se falar em violação dos direitos humanos e pirataria quando se está diante da segunda economia mundial.

De qualquer forma, o povo brasileiro realmente deve estar aprendendo a gostar de Lula, ao menos é o que espelham alguns resultados de algumas recentes pesquisas de opinião que dão a Lula mais de 50 por cento de aprovação. O que se depreende destas pesquisas no entanto, é que a maioria da população está desinformada. Primeiramente, por aprovar um governo que, com exceção da economia, não tem alcançado avanço significativo em nenhum setor da administração pública e em segundo lugar, por considerar que Lula tenha algum desempenho pessoal e seja um verdadeiro articulador das ações do governo, eis que está bem claro que Lula apenas está no gabinete para assinar Medidas Provisórias como a que autorizou a realização do Grande Prêmio Brasil de Formula Um, em 2003, na cidade de São Paulo, que não poderia ser realizado a menos que não houvesse anúncios de cigarros mas, em atenção a um pedido da “companheira” Marta Suplicy, prefeita da cidade, alterou-se, convenientemente, a lei.

Lula tem demonstrado, ao longo destes quase dois anos de governo, com suas declarações e com suas ações, não ter capacidade intelectual suficiente para administrar o país. A administração está, realmente, nas mãos do Ministro Chefe do Gabinete Civil, José Dirceu, do Ministro da Fazenda Antonio Palocci e do líder do governo no senado Aluízio Mercadante. O Banco Central, embora não seja autônomo de direito, o é de fato. Lula gasta seu tempo no governo, geralmente, em alguma inauguração ou abertura de alguma convenção ou festa, sendo que duas coisas são imprescindíveis: um palanque e um microfone.

Um exemplo de que há ainda pessoas informadas no país, foi quando houve a reunião de cúpula dos governadores em Brasília, em abril. A reunião realizou-se sem a presença de Lula, que estava inaugurando uma fábrica em São Bernardo do Campo, como sempre. Os governadores preferiram se reunir com quem realmente toma as decisões no governo, ou seja, José Dirceu.

Não obstante, a parte desinformada da população brasileira que infelizmente é a maioria absoluta, ainda se impressiona com o que vê na TV e acaba por conceder a Lula os créditos por alguma melhora na economia pois ao vê-lo sendo entrevistado e fazendo discursos inflamados, quase todos os dias, presume que é ele realmente o responsável pelo país, dele partindo todas as soluções para os problemas da administração e que os ministros, inclusive Palocci, apenas seguem suas idéias. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso também foi uma espécie de Lula nos anos 90.

Quando o Brasil estava sendo devastado pela inflação em 1993, o então presidente Itamar Franco convocou para Ministro da Fazenda, o sociólogo Fernando Henrique Cardoso. Naquela ocasião, o governo argentino tinha adotado a dolarização da economia e estava sendo bem sucedida no controle da inflação. Então, Fernando Henrique Cardoso liderando uma equipe da qual fazia parte o economista André Lara Rezende, começou a fazer visitas regulares a seu colega argentino Domingo Cavallo, para aprender os detalhes do plano. Todavia, o plano argentino baseava-se na paridade peso-dolar o que, obviamente, traria distorções futuras, com relação à balança comercial. Então, o verdadeiro artífice do plano Real, André Lara Rezende, elaborou o sistema de bandas cambiais para que fosse corrigida esta distorção. Então, implantou-se o Plano Real, no Brasil. Havia um pequeno problema contudo.

As eleições presidenciais se aproximavam e de acordo com os planos iniciais a nova moeda somente poderia ser lançada em meados de 1995. Quem se importava? O primordial era Itamar Franco eleger seu sucessor. Então, implantou-se a moeda um ano antes do previsto e o povo estava feliz com a inflação controlada e a novidade nas mãos. Então, Fernando Henrique Cardoso foi eleito com esmagadora maioria, afinal tinha sido o homem que acabou com a inflação. André Lara Rezende, contudo, ao ver o plano desvirtuado para fins políticos, desligou-se do governo o que não fez diferença alguma pois para o povo era seu presidente muito amado, o algoz da inflação.

Se o povo brasileiro amou Fernando Henrique Cardoso naquele período, é muito natural que ame Lula nos tempos atuais, desde que, é claro, o povo continue pensando que Lula é o cérebro e que os ministros são meros coadjuvantes.

Jose Schettini Petropolis BRASIL

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