Apenas uma mínima leitura da história de Cuba demonstra que nosso povo tem alcançado a verdadeira e irrenunciável independência no dia primeiro de Janeiro de 1959. Ao final do Século XIX, Cuba deixou de ser colônia da Espanha, se convirtindo diretamente numa neocolonia estadunidense.
Antes de 1959, com uma população de seis milhões de habitantes, aproximadamente, Cuba tinha 400 mil prostitutas; era apenas um grande bordel para a máfia e os marines norte-americanos.
No país tinha uns 200 mil casebres e choças; 400 mil familias do campo e da cidade viviam em barracões, sem as mais elementares condições de higiene e saúde; 2.2 milhões de pessoas pagavam aluguéis o qual praticamente absorvia a metade da sua renda, e 2,8 milhões de pessoas não possuíam luz elétrica.
Antes de 1959, Cuba tinha mais de 600 mil cubanos sem emprego; existiam mais de 500 mil trabalhadores camponeses que apenas tinham trabalho durante 4 meses num ano, só na temporada da safra de açúcar; em Cuba houve dezenas de milhares de pessoas que morreram em cada ano à causa de doenças possíveis de serem curadas.
Hoje, Cuba não apenas pode mostrar suas conquistas em todas as esferas da vida, mais as compartilha também com muitos outros países. Meu país tem o maior número de médicos, professores, treinadores esportivos per cápita, mesmo que medalhas olímpicas conquistadas.
Nos últimos anos, a economia cubana tem crescido a um ritmo anual de mais de 4%; a moeda nacional de Cuba (peso cubano) tem-se revalorizado por mais de sete vezes; o desemprego está por debaixo do três por cento, e o analfabetismo tem sido erradicado há mais de quarenta anos.
A mortalidade infantil em Cuba é inferior à 7 por cada mil nascidos vivos; 85 por cento dos cubanos são proprietários de sua habitação, o cem por cento das crianças vai á escola, cem por cento da população recebe atenção médica gratuita e de qualidade elevada; não existem pessoas morando nas ruas, nem crianças pedindo esmolas para viver.
Hoje, 20 mil médicos cubanos oferecem sua solidariedade a mais de 60 países, garantindo aos cidadãos desses países a saúde e a esperança; e tem perto de 20 mil jovens de 100 países estudando como bolsistas em Cuba, de forma gratuita, e deles perto de 10 mil na Escola Latino-americana de Medicina.
As conquistas alcançadas por Cuba em todas as esferas são amplamente reconhecidas pelo mundo inteiro, o que faz que o país ocupe uma destacada posição no Indicador do Desenvolvimento Humano das Nações Unidas. Essa realidade não pode ser nem negada, nem distorcida.
É importante acrescentar que, além disso, essas conquistas têm-se alcançado apesar do criminoso bloqueio econômico, comercial e financeiro que o Governo dos Estados Unidos da América tem imposto ao meu país ao longo de mais de 40 anos, e do qual nada é mencionado no artigo da VEJA. Esse bloqueio até hoje tem nos causado perdidas por mais de 79 mil milhões de dólares.
Na verdade, trata-se de uma verdadeira guerra econômica contra Cuba, na qual o país é privado de recursos para seu desenvolvimento econômico e social, é privado de alimentos, medicinas, fluxos financeiros, e peças para a reparação de equipes e roturas, como é enfatizado no artigo da VEJA.
O Sr. acha que algum outro pais do mundo poderia mostrar as conquistas que Cuba tem hoje, em meio de um bloqueio desse jeito, e de uma hostilidade e agressão permanentes de parte da única superpotência que hoje pretende dominar o mundo?
O dilema de Cuba sempre tem sido o da independência ou a anexação aos Estados Unidos da América. Hoje, Cuba luta por manter sua independência e soberania, e por construir um sistema de justiça social a qual garante a dignidade plena à todos os cubanos.
No meio desta luta, o corajoso, firme e digno povo cubano precisa que seja aberto o passo da verdade dele, e não sejam divulgadas informações falsas e tendenciosas sobre o seu país.
Para finalizar, eu lhe solicito, Prezado Sr. Diretor, que publique esta carta no próximo número da VEJA, para o benefício de seus leitores; e coloco-me á sua inteira disposição para oferecer uma entrevista sobre Cuba á Revista, seja em Brasília, ou na minha próxima visita á São Paulo.
Pedro Núñez Mosquera
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