A denúncia é do deputado estadual Frei Anastácio (PT-PB), que, depõe, nesta terça-feira, na CPI do Extermínio no Nordeste, conforme informou a Agência Câmara.
Segundo o deputado, os grupos de extermínios atuantes em seu estado são integrados por policiais - civis e militares - além de milícias particulares. Estes grupos, segundo Frei Anastácio, agem no campo e na cidade, matando trabalhadores rurais, líderes sindicais e comunitários.
Frei Anastácio denunciou, inclusive, a existência de uma tabela de preços utilizada pelos pistoleiros:
1. jornalista ou vereador - R$ 10 mil;
2. sindicalista - R$ 15 mil;
3. religioso - R$ 30 mil;
4. empresário - R$ 50 mil;
5. prefeito - R$ 50 mil;
6. demais políticos - R$ 60 mil.
Segundo Frei Anastácio, funciona no mercado público de João Pessoa um grande esquema de venda de drogas e armas pertencentes a ex-policiais da Polícia Rodoviária. De acordo com ele, o resultado destas vendas estaria financiando o crime organizado na Paraíba.
Questionado pelo deputado João Alfredo (PT-CE), que quis saber como o governo estadual está procedendo em relação às denúncias, Frei Anastácio afirmou haver sugerido às autoridades locais, em abril, a criação de uma força-tarefa, mas sua avaliação é de que "não está havendo muito boa vontade". Por este motivo, encaminhou a mesma sugestão à Polícia Federal.
Frei Anastácio entregou vários documentos à CPI, inclusive a relação das pessoas ameaçadas de morte e seus supostos ameaçadores. Segundo o deputado estadual, esta lista inclui, além dele mesmo, o deputado Luiz Couto (PT-PB), que é relator da CPI.
Frei Anastácio denunciou o envolvimento de autoridades do Judiciário com os grupos de extermínio na Paraíba, além de policiais civis e militares. Ele participa de audiência na CPI do Extermínio no Nordeste. Segundo o parlamentar paraibano, há denúncias de envolvimento de procuradores, desembargadores e delegados.
O deputado estadual lembrou que dois delegados já foram exonerados do cargo, depois de comprovado o envolvimento com grupos de extermínio no estado. O envolvimento de autoridades com o crime organizado, em sua opinião, demonstra a importância de uma força-tarefa formada pela Polícia Federal e os ministérios públicos federal e estadual.
Impunidades
O deputado citou casos de violência na Paraíba nas áreas urbana e rural, que, em sua maioria, continuam sem punição. Frei Anastácio informou que, nos últimos 20 anos, 23 trabalhadores rurais foram assassinados e até hoje apenas um dos responsáveis pelas mortes foi preso.
Ele citou como exemplo a morte do líder rural, Almir Muniz da Silva, morto no ano passado e que já havia sido ameaçado de morte por um policial, e das denúncias de venda de drogas e armas na Fazenda São José no município de Jacaraú. O proprietário da fazenda é acusado de queimar barracas e ferir dois trabalhadores rurais.
Na área urbana, ele cita como exemplos a morte de 10 pessoas nos bairros Cristo Redentor e Rangel, em João Pessoa; e a morte de 16 menores na região da capital da Paraíba.
Partido dos Trabalhadores
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