Afirmou ontem o deputado federal Dr. Rosinha (PT-PR) que vai protocolar hoje no Ministério Público Estadual um pedido de investigação do órgão a respeito de um concurso público do Tribunal de Justiça (TJ) do Paraná para o cargo de juiz substituto.
O concurso, de número 1/2006, teve como um de seus aprovados Leonardo Bechara Stancioli, genro do ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Paulo Medina. Aprovado na 17ª posição entre 1.743 concorrentes, Leonardo é o próximo candidato da lista a ser convocado para nomeação.
Gravações telefônicas feitas pela Polícia Federal, divulgadas pela RPC ontem revelam que o magistrado interveio em favor do genro junto a desembargadores do TJ-PR. "O conteúdo das fitas mostra que houve fraude no concurso", afirma Dr. Rosinha. "Já fui deputado estadual e sei o quanto o Judiciário do Paraná é obscuro, nada transparente. Este escândalo põe em xeque a credibilidade do Tribunal de Justiça."
Medina está afastado do STJ desde o último dia 3 de maio. Para a Polícia Federal e para o Ministério Público Federal, ele tem ligação com a máfia que atuava na compra de sentenças para beneficiar empresários ligados a bingos e caças-níqueis.
"De resto tá montado o esquema, Léo", diz o ministro do STJ ao genro, num telefonema gravado nove dias antes da última prova do concurso. "Pode ficar, pode ir tranqüilo. O pessoal tá sabendo quem é você. Não vai ter problema nenhum."
Pelo menos dois integrantes do TJ são citados nas gravações: os desembargadores Francisco de Paula Xavier e Jonny de Jesus Campos Marques. O primeiro estaria viajando, e não foi localizado pela reportagem da RPC. Já Jonny afirmou que solicitaria ao TJ uma nova investigação do caso.
Em outro trecho, Medina revela que Jonny foi visitá-lo num hotel de Curitiba, durante um evento realizado na cidade. "Foi [o desembargador Jonny] me visitar no hotel e tal. Foi muito simpático. Falou que ia liberar seu apoio a você. Fica tranqüilo."
O casal de advogados Raquel e Paulo Mota também são citados. O marido da advogada, que teria sido assessora de Medina no STJ, foi membro suplente da banca de avaliação do concurso. Ambos não quiseram gravar entrevista. "Ou o genro de Medina é excluído do concurso, ou todo o processo de seleção deve ser cancelado, por vício de origem", avalia Dr. Rosinha. "É preciso que uma investigação externa seja feita pelo Ministério Público."
Fonte Tribuna do Interior
Subscrever Pravda Telegram channel, Facebook, Twitter