O Claudio Nogueira, delegado federal, que coordenou a Operação Águas Profundas para desbaratar uma quadrilha que atuava na fraude de licitações de plataformas da Petrobras, disse que haverá desdobramentos da investigação. Ontem, a operação resultou na prisão de 13 pessoas. Ao todo, 26 pessoas foram denunciadas, sendo 18 mandados de prisão expedidos.
Dois dos cabeças da quadrilha que fraudava a Petrobras foram presos, sem resistência, nas primeiras horas da manhã de ontem no Hotel Gran Bittar, no Setor Hoteleiro Norte de Brasília. Wladimir Pereira Gomes e Fernando da Cunha Stérea foram seguidos pela PF desde que chegaram ao aeroporto de Brasília, na noite anterior e receberam voz de prisão antes do café da manhã, pouco depois das 6h. Os dois serão transferidos hoje para o Rio, onde serão interrogados pelo delegado encarregado do inquérito, Cláudio Nogueira.
Em relatório, a PF define Stérea como corrupto patológico "extremamente ganancioso e disposto a lançar mal de qualquer alternativa para obter vantagem patrimonial".
Gomes é descrito como "outro líder da quadrilha com desabrida personalidade voltada para o crime". No momento da prisão, eles disseram que vieram ter contatos previamente agendados com autoridades do INSS e da área previdenciária do governo. O Ministério da Previdência e a Presidência do INSS informaram que não havia qualquer compromisso de agenda de nenhuma autoridade com os dois.
CAIXA PRETA
A operação Águas Profundas, uma alusão à marca de excelência da Petrobras na exploração de petróleo em condições extremas, abre a caixa preta de uma dos focos de corrupção mais antigos e insondáveis do País. A quadrilha, cuja atuação começou em 2003, com a criação da offshore Angraporto, atravessou incólume todo o primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e continuava agindo livremente neste segundo mandato.
A PF acredita que a quadrilha seja a ponta de um mega esquema de fraudes, pois envolve licitações para bens e serviços de plataformas de exploração petrolíferas em águas profundas, como a P-XXII, a P-X e a P-XIV. Algumas dessas plataformas custam bilhões de dólares e os bens e serviços adquiridos para sua operação e manutenção, são orçados em muitos dezenas e até centenas de milhões de dólares.
O volume de recursos desviado pela quadrilha ainda é uma incógnita, mas o delegado tem um palpite: "É muito, muito dinheiro", disse ele. A quantificação do rombo começa agora com as perícias sobre documentos, planilhas, cópias de contratos, computadores e materiais apreendidos na operação. Todo o material será periciado no Instituto Nacional de Criminalística (INC).
Fonte Agência Estado Brasília
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