O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quinta-feira não acreditar no chavismo e defendeu um consenso sul-americano para enfrentar os problemas da região. Sem querer fomentar desavenças com o presidente venezuelano, Hugo Chavez, Lula já defendera em entrevista a jornalistas chilenos que a América Latina não precisava de um líder específico e sim "de uma relação generosa entre os países".
Falando em Santiago, onde assinou um acordo de biocombustíveis com o Chile, Lula disse que as relações entre as comunidades empresariais do Brasil e da Venezuela são boas. "Temos alguns investimentos brasileiros muito grandes na Venezuela, e há alguns investimentos venezuelanos muito fortes no Brasil, então não vejo problema", disse ele em entrevista coletiva.
"Mas também não acredito no chavismo", disse Lula, numa aparente referência aos esforços de Chávez de exportar a revolução bolivariana a outros países da região. "Acredito na existência de um consenso sul-americano".
Lula e Chávez tiveram atritos na questão energética durante uma cúpula neste mês na Venezuela. Mas o presidente brasileiro minimizou diferenças com o colega venezuelano sobre política energética, dizendo que os países da região podem trabalhar juntos para atender suas necessidades de energia.
O Brasil, maior produtor mundial de etanol de cana, está promovendo os biocombustíveis como alternativa aos combustíveis fósseis, enquanto a Venezuela, quinto maior exportador mundial de petróleo, diz que a produção em massa de combustíveis a partir de plantas pode provocar escassez de alimentos e mais fome no mundo.
Amenizando a discórdia, Lula disse: "Temos todas as condições na América do Sul para resolver nossos problemas energéticos, usando nosso potencial e nossas possibilidades para complementar os pontos fortes um dos outros".
O acordo de biocombustíveis firmado por Lula e pela presidente chilena, Michelle Bachelet, permitirá a cooperação técnica entre os dois países e ajudará o Chile a superar sua crônica escassez energética. Ao contrário de vários outros países da região, o Chile não produz gás natural e quase não tem petróleo. Por isso, depende de importações de gás da Argentina, que enfrenta crescente dificuldade para atender ao seu mercado interno.
A Bolívia, que tem muito gás, se recusa a vender para o Chile, devido a uma disputa fronteiriça que remonta ao século XIX. A situação chilena fica ainda mais complicada porque grande parte de sua economia se baseia na extração de cobre, atividade intensiva em energia. "Não queremos depender de só um fornecedor, não queremos depender de só uma fonte energética", disse Bachelet após assinar o acordo.
O Brasil tem mais de 30 anos de experiência na produção de biocombustíveis, e atualmente produz cerca de 17,5 bilhões de litros de etanol de cana por ano. Os biocombustíveis podem ser usados como alternativa aos combustíveis fósseis, reduzindo as emissões de dióxido de carbono.
Fonte Reuters
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