Se não obtiver o aumento que pleiteia, a PF programa greves quinzenais de 48 horas. A primeira está marcada para 7 de maio, dois dias antes da chegada do papa Bento 16 ao Brasil. Até aqui, as duas paralisações da PF haviam sido de 24 horas.
O governo promove nesta quinta-feira (26) a terceira reunião para tentar celebrar um acordo salarial com o sindicalismo da Polícia Federal. Antes de ouvir a proposta oficial, delegados e agentes fixaram, preventivamente, um novo calendário de paralisações.
De acordo com o novo calendário, se o impasse perdurar até junho, será decretada greve nacional por tempo indeterminado. Prevê-se que, à falta de entendimento, a greve pode arrastar-se até julho, mês em que a PF participaria, entre os dias 13 e 29 do esquema de segurança dos Jogos Panamericanos, no Rio.
O calendário de greves foi fixado nesta quarta-feira (25), ao final de um encontro de dois dias de representantes de sindicatos dos policiais federais de todo país. Consultadas, as entidades que representam os delegados da PF, concordaram com as datas e com a nova modalidade de mobilização.
Mercê de um contato feito por um emissário do ministro Tarso Genro (Justiça), os sindicalistas evitaram dar entrevistas. Foram informados de que, nesta quinta, ouvirão do governo uma contraproposta que irá satisfazê-los.
A reunião em que o governo colocará os seus números sobre a mesa ocorrerá no Ministério do Planejamento. Será coordenada por um assessor do ministro Paulo Bernardo (Planejamento) Sérgio Mendonça, secretário de Recursos Humanos.
A julgar pelo que dizem os representantes das entidades de classe da PF, só a concessão de um aumento salarial de 30% conseguirá deter as greves. Eles admitem discutir o parcelamento do reajuste. Mas não parecem dispostos a aceitar uma redução do percentual.
Argumentam que os 30% foram prometidos, por escrito, pelo ex-ministro Marcio Thomaz Bastos (Justiça). Trata-se da segunda parcela de um aumento global de 60%. Pagou-se a primeira parcela, de 30%. A segunda, prevista para dezembro de 2006, foi rebarbada.
Se o governo der a integralidade do aumento que Thomaz Bastos prometera, o maior salário do DPF (Departamento de Polícia Federal), pago aos delegados da categoria especial, passará de R$ 11.083,19 para R$ 20.008,93.
Os vencimentos do delegado de primeira classe irão de R$ 10.937,12 para R$ 18.482,99. O contracheque do delegado de segunda classe irá de R$ 9.356,67 para 15.812,49. E o do delegado de primeira classe, de R$ 8.355,42 para R$ 14.120,78.
O movimento reivindicatório inclui ainda os agentes, os escrivães e os papiloscopistas da PF. O governo vem hesitando em conceder o reajuste porque, além das alegadas dificuldades orçamentárias, receia desencadear um efeito dominó que inclui reivindicações de advogados lotados na AGU (Advocacia Geral da União) e de funcionários graduados do Banco Central.
Fonte Folha De São Paulo
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