"Os funcionários do FMI"
Do dia 21 a 25 de junho de 2010 celebrou-se em Vancouver, no Canadá, o segundo Congresso da Confederação Sindical Internacional - CSI, com a participação de 692 delegados. Muitos se perguntarão:
Por que os dirigentes da CSI elegeram a cidade de Vancouver, que é provavelmente a cidade mais cara do mundo? Porque escolheram o Canadá, um país sem lutas sindicais e sem movimento sindical classista? Realmente queriam um congresso de burocratas, afastado dos trabalhadores? Estavam à procura de um congresso de trabalhadores ou de turismo sindical? Por que no mesmo dia, na mesma cidade, ao mesmo tempo, se reunia o G-20, a ferramenta capitalista dominante?
Que significa o tema central do congresso "Agora os povos?" Ou seja, agora é o povo para que se faça rico ou permaneça pobre? Agora os povos que pagam a crise ou agora os povos se beneficiaram com a crise? Os dirigentes da CSI escondem atrás de palavras vagas, generalidades. Qualquer um pode interpretar como quiser, como lhe convier, porque os dirigentes da CSI acreditam que já se pôs fim à ideologia. O que significa "justiça global"? NADA.
A partir de uma perspectiva social e classista, o que se entende por povo? Quando, por exemplo, falamos do povo alemão, a que nos referimos? A todos os alemães? Pobres, ricos, profissionais liberais, da classe média, sem-teto, trabalhadores, desempregados, etc. Ou seja, todos. Portanto, a generalização "agora os povos" não se refere a nada específico. Todos juntos, trabalhadores e capitalistas. É diferente quando se diz "Viva a luta do povo espanhol contra o FMI." Então, se deixa claro que se quer dizer. Em suma, a CSI novamente esconde seu rosto. Por quê?
A abertura oficial do Congresso foi feita pelo diretor do Fundo Monetário Internacional (FMI), Strauss-Kahn, um algoz dos direitos trabalhistas na Argentina, Irlanda, Hungria, Romênia, Grécia e outros países. Com o diretor do FMI estava o primeiro-ministro social-democrata grego, nascido, criado e educado nos EUA, que tem aniquilado os direitos dos trabalhadores gregos e escravizou o seu país para os próximos 50 anos. Falou ainda o Sr. Pascal Lamy, diretor-geral da OMC e o conhecido ex-ministro da Dinamarca, o precursor da flexi-seguridade e agora presidente do Fórum Mundial Reformista. Todos eles fizeram seus monólogos, sem possibilidade de qualquer participante dar-lhes uma resposta. Isso é sua democracia ... o monólogo.
Por que não foram realizadas eleições para eleger os seus dirigentes? Quem decidiu de antemão? Onde as decisões foram tomadas? Que Ministérios de Negócios Estrangeiros resolveram todos esses assuntos? A indignação entre os participantes do congresso foi muito grande. Mais uma vez, ficou claro que a estratégia e a táctica da CSI são decididas pelos Estados Unidos, Japão, Grã-Bretanha, Alemanha e Israel.
O resto estão para as fotos, para receber um salário ou para pedir um título, conforme solicitado pelo palestino para ser nomeado vice-presidente, como se prometeu após o Congresso a nomeação de um secretário-geral adjunto da COSATU, como mendiga um sindicalista do Nepal um posto, etc. Todos sabem, por certo, que posto se concederá agora ao ex-secretário geral da CSI-CIOSL? Seguirá os passos do ex-presidente da CISL, o Sr. Trotman, que agora é co-dirige a OIT? Que salários estão recebendo todos na OIT?
Qual foi o motivo para rejeitar o pedido da África do Sul de aprovar uma resolução em favor dos palestinos? Foi apenas uma repreensão para a África do Sul? NÃO. Quando a CSI apela à "convivência de palestinos e israelenses estão sendo sofistas. É como pedir a Obama e a UE que vivam juntos em um estado ocupado pelo exército israelense, com fronteiras exclusivamente com Israel, economia hegemonicamente israelense e apenas 2 ou 3 cantões palestinos cercados por tropas israelenses. Estas são as posições da CSI e estes são os encargos de vice-presidente da CSI, o Sr. Ofer Eini, um importante dirigente em Israel. No entanto, a luta do povo palestino por seu próprio estado independente, com suas próprias fronteiras, sua própria economia e seu próprio governo. Por que rejeitaram uma resolução sobre o Sahara Ocidental?
As posições da CSI sobre as privatizações, a economia de mercado, as relações trabalhistas, a saúde, a educação e o papel das organizações internacionais são as mesmas posições do G20, da Comissão Européia e do FMI . Todos querem um capitalismo com rosto humano, mas o capitalismo é cruel e brutal pela sua natureza com a classe trabalhadora. A CSI considera as multinacionais e o capital seus parceiros para as mudanças sociais, refletindo o seu carácter e objetivos. As discussões sobre as decisões finais foram profundamente antidemocráticas. A democracia e as discussões substantivas primaram por sua ausência.
Tudo isso mostra que as teorias que durante anos venderam os dirigentes da CCOO na Espanha, da CGT francesa, da CUT no Brasil, da CGIL na Itália, e em todos os países escandinavos que promoveriam as "mudanças de dentro da CIOSL (CSI)" se mostrou uma retórica da hipocrisia. Não só não mudaram a CSI, mas eles mudaram e, agora, esses dirigentes são parceiros no sistema capitalista e os inimigos da classe trabalhadora nos seus próprios países. Essa é a verdade.
Alguns deles, para esconder as suas próprias responsabilidades, sugerem agora uma fusão da Federação Sindical Mundial (FSM) com a CSI. Essas pessoas não são sérias, e nem podem fazer uma análise teórica para ver que a FSM e a CSI são duas visões completamente opostas no movimento operário. A FSM luta contra o capitalismo e a CSI luta a favor. Então, por que unir-se? Aqueles que apóiam estas ideias ou não têm capacidade ideologicamente ou bem tentam esconder as suas próprias responsabilidades. Carecem de falta de análise marxista das classes sociais.
Conclusão: A CSI não é um organização sindical obreira. Se trata de um poderoso mecanismo do sistema capitalista internacional. Isto é o que demonstram as suas posições pró-capitalistas, a sua atuação, o seu anti-comunismo e o ódio que sente sua direção em relação a Cuba, Venezuela e o socialismo. Isso é demonstrado pelo papel anti-democrático desempenhado pela OIT.
Portanto, não há como ocultar. Exigimos que cada qual assuma seus atos e responsabilidades.
Quim Boix
Veterano sindicalista espanhol
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