Presidente Bashar al-Assad, da Síria: "A coalizão anti-ISIS não quer que o Estado Islâmico acabe completamente"
A aliança de 60 países que declararam seus planos para derrotar o Estado Islâmica "não é séria" - disse o presidente sírio Bashar Assad a jornalistas russos. Vários daqueles países preferem manter por lá a força terrorista, para continuar a chantagear países da região - disse ele.
O volume de ataques aéreos feitos por estados membros da tal 'coalizão anti-ISIS', alguns dos quais são países "ricos e avançados", não passa de dez raids por dia sobre territórios da Síria e do Iraque - disse Assad em entrevista publicada na 6ª-feira.
"A Força Aérea da Síria, que é muito pequena se comparada à tal 'coalizão', faz, num único dia, de cinco a dez vezes mais ataques aéreos contra o ISIS, que a 'coalizão' que reúne forças armadas de 60 países" - disse Assad.
"Não faz sentido. Só mostra seriedade zero" - disse o presidente sírio. - "E mostra também que a 'coalizão' não quer acabar completamente com o ISIS."
"Não se vê nenhum esforço sério na luta contra o terrorismo. O que as forças sírias conseguem em campo num dia, é mais do que a tal 'coalizão' de 60 países consegue em semanas!" disse Assad. "Que sentido haveria numa coalizão antiterrorismo, formada de países que, eles mesmos, financiam e apoiam terroristas?!"
O presidente da Síria também alertou que a decisão de mandar para a Síria tropas 'mantenedoras' da paz é inaceitável e poderá ter consequências perigosas. Se essa medida chegar a ser implementada, significará reconhecer o Estado Islâmico.
"Forças para manter a paz são enviadas para regiões entre países que estejam em guerra. Quando alguém fala de enviar tropas 'de paz' para lidar com o Estado Islâmico, equivale a reconhecer que o EI seria um estado, em guerra com outro estado. Essa retórica é inadmissível e muito perigosa" - disse o presidente Assad.
O presidente sírio disse que o ocidente não tem solução política a oferecer para a crise na Síria. O único interesse do ocidente naquela região é derrubar o governo sírio.
"Querem nos converter em fantoches, em vassalos. Minha opinião é o ocidente não tem qualquer solução política a oferecer. Não tem nem quer ter. E quando digo 'ocidente', refiro-me basicamente aos EUA, à França e à Grã-Bretanha. Todos os demais países são acessórios."
"Para pôr fim ao conflito armado em curso na Síria, entre o exército sírio e militantes internacionais, países como a Turquia, a Arábia Saudita, o Qatar e alguns países europeus deveriam parar de fornecer armas para terroristas" - disse o presidente da Síria.
O presidente sírio disse a jornalistas russos que Damasco não tem qualquer contato direto com os EUA nem está participando de qualquer tipo de discussões.
"Recebemos algumas ideias passadas até nós por terceiros, mas nada que se possa considerar como diálogo sério" - disse Assad, acrescentando que a única opção que resta ao seu país é esperar que mudem as políticas norte-americanas.
Na análise do presidente sírio, há dois grandes campos políticos nos EUA - um grupo que deseja a paz e outro, mais radical e agressivo. O primeiro é "uma minoria", e o outro é quem manda na política externa do país.
Os obcecados por guerras que operam no segundo grupo apoiam integralmente as ideias mais agressivas, inclusive de envolvimento militar direto dos EUA na Síria e no Iraque, como querem, também, mandar armas para a Ucrânia.
"Há uma conexão entre a crise síria e o que se passa na Ucrânia. Primeiro, porque os dois países são importantes para a Rússia. Segundo, porque nos dois casos há um objetivo de impor ali governos fantoches do ocidente, para enfraquecer a Rússia" - disse Assad aos jornalistas russos.
Perguntado sobre novas instalações da marinha russa no porto sírio de Tartus, Assad disse que seu governo apoiará, sem dúvida, a ideia de reviver e expandir as instalações e convertê-las em base militar, caso esse seja o desejo de Moscou.
"Para nós, a presença russa no leste do Mediterrâneo é muito bem-vinda, sobretudo próxima de nossas praias e portos" - disse ele.
As instalações navais russas em Tartus foram construídas pelos soviéticos e foram usadas, principalmente, para reparos e reabastecimento de navios russos no Mediterrâneo. Quando a crise síria escalou, o pessoal militar russo foi retirado daquelas instalações.
Assad lembrou que a presença russa na Síria causa a todos uma certa sensação de equilíbrio na região. Lembrou que, no passado, quanto mais visível a influência de Moscou na região, mais estável e pacífica a vida em toda a área. ******
28/3/2015, RT - http://rt.com/news/244457-assad-interview-us-ukraine-syria/
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